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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

sábado, 25 de novembro de 2023

As vantagens não merecidas.

 

Privilégio é uma vantagem usufruída por alguém por pertencer a algum grupo social dominante. Porém, direitos negligenciados para uns se transformam privilégios para outros, e aí adentra o racismo, a exclusão social ou alguma outra forma de negação e segregação.

Nesse assunto, é mais difícil conscientizar e tornar alguém mais sensível às demandas de negros, mulheres e LGBTQIA+ do que produzir embaraço, vergonha e autoconsciência culpada. Para ilustrar, funciona mais ou menos assim:

Todos se colocam atrás de uma linha como se estivessem na largada para uma corrida – que representa a busca pelo sucesso na nossa sociedade. Quem conduz a dinâmica começa a orientar os participantes:

- Dê um passo atrás se seus pais não concluíram o ensino médio.

- Dê um passo à frente se você aprendeu uma língua estrangeira num curso pago.

- Dê um passo atrás se, para estudar ou trabalhar, você se desloca por mais de uma hora no ônibus ou metrô.

E assim por diante. Ao fim do jogo, privilegiados e oprimidos estarão separados por dezenas de passos, demonstrando as iniquidades estruturais que organizam a corrida antes da largada.

Assim, o discurso do privilégio se propõe a superar as iniquidades sociais, mas é muito difícil entender como colabora para isso. Afinal, fazer pessoas se sentir culpadas por não sofrer racismo ou machismo não parece ajudar muito na promoção dos direitos. Aliás, essa gramática de culpa dos movimentos mais parece uma espécie de substituto da religião, que, na prática, etá orientada a promover rituais que condenam, fazem confessar e expiar os erros.

Enfim, não ganhamos nada fazendo com que o exercício regular dos direitos seja entendido como privilégio e vivido de maneira culpada. Precisamos, urgentemente, isso sim, é que esse direito, hoje usufruído apenas por alguns, seja universalizado para todos.

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