Nem precisa ser brilhante, apenas populista?
Trump, Milei e Bolsonaro – e o populismo da extrema-direita.
Após a seleção de uma ideologia hospedeira, as táticas dos candidatos populistas passam a ser as mesmas:
(1) escolher um alvo e culpá-lo pelos problemas do país;
(2) propor soluções que ignorem qualquer tipo de pluralidade
de ideias na sociedade;
(3) apresentar-se como a única alternativa legítima para trazer o poder de volta para o povo e fazer sua vontade geral.
Argentina, Milei:
·
Campanha baseada na crítica do
establishment político;
·
Inovou
ao defender um discurso inspirado no dito anarcocapitalismo, une o capitalismo
em oposição ao “comunismo” dos adversários, ao anarquismo, que se opunha à
própria classe política dominante e refletia o discurso antissistema (“Viva la libertad, carajo!”).
·
A
cartilha política usada foi igual a outras ao redor do mundo: a ideologia
flexível do populismo. Pode tomar diferentes formas a depender da figura que o
invoca e de onde ocorre.
·
Milei
fez o que fizeram (e fazem) os populistas: ele escolheu um alvo (no caso a
classe política do país), propôs soluções audaciosas (que dificilmente
conseguirão ser implementadas), e projetou-se como único capaz de enxergar a
verdadeira situação do país e implementar soluções.
·
Ele
teve a habilidade de enxergar, na atual situação da Argentina, um terreno
fértil para o populismo (conseguiu explorar a desconfiança e o desalinhamento
dos argentinos em relação aos políticos tradicionais e ao fato de a população
se sentir impossibilitada de opinar sobre assuntos que são de seu interesse).
·
Ao
evocar o aumento da desigualdade e da pobreza, que atinge mais de 40% da
população, Milei muito habilidosamente
colocou o dedo na ferida dos argentinos e tirou vantagem do sentimento de privação relativa, da
perda de esperança num futuro melhor, algo que favorece o surgimento de figuras
messiânicas (made in Brazil), principalmente em sociedades impactadas
por traumas coletivos – e enfrentar uma inflação de mais de 140% ao ano é um
trauma coletivo.
·
A fórmula é: privação + desesperança =
religião.
· Javier Mieli em nada revolucionou, apenas adaptou estratégias já existentes à dura e desafiadora realidade argentina. Milei não foi brilhante, apenas populista.
·
Do cabelo ao casaco de
couro, Milei usou imagem como trunfo: reforçou com seu visual a aura de
político antissistema.
·
O governo Lula espera
manter relação pragmática com Javier Milei em vários temas, como o Mercosul e o
acordo com a União Europeia.
·
Sindicatos e estatais
articulam ‘plano de luta’ na Argentina.
EUA, Trump:
· Ao realizar uma campanha cujo lema consistia em “tornar a América grandiosa novamente”, Trump escolheu o nacionalismo como ideologia hospedeira.
Brasil, Bolsonaro:
·
Apelou para uma espécie de
nacionalismo cristão que prometia defender o país acima de tudo e Deus acima de
todos.
·
Explorou um clichê de populistas
latino-americanos: a luta contra a corrupção. Foi o que ele fez em 2018, pegando
carona na Operação Lava-Jato, valendo-se da crescente percepção de corrupção no
país.
· A simbologia rumo à violência real também é fértil – que tal apresentar sua motosserra como arma para combater a tal imoralidade na política?
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