A meta é diferente.
Educação é construção de
consciência.
Organização é a sábia utilização
dessa consciência construída para resolver um problema coletivo.
O que tornam coisas iguais são as metas comuns. Qual é a melhor maneira de você unir os diferentes? Estabelecendo metas comuns. Do mesmo modo, a melhor maneira de você separar os iguais é estabelecendo metas diferentes.
- aí muita gente usa a
organização para educar as pessoas. Ou usa a educação para organizar as
pessoas.
- a organização educa. A educação
organiza. Tanto em uma como na outra funciona como meio e não fim.
- a educação possibilita a
organização. Nós educamos e eles passam a ser organizados. O que fazemos não é
treinamento técnico. Nós damos ênfase a formas de analisar, de se desempenhar,
de se relacionar com as pessoas, mas isso é o que chamo de educação, não de
organização. Educar é
desenvolver a sensibilidade das pessoas, ajudá-las a crescer, ajudá-las a se
tornarem capazes de analisar, ter noção do perigo, do confronto entre algumas
tensões.
- resolver um problema
comunitário pode ser a meta de organização. Mas resolver esse problema não pode
ser a meta da educação. É por isso que eu não acho que organização e educação
sejam a mesma coisa.
- Organização implica que existe
uma meta específica, limitada, que precisa ser realizada, e o objetivo é
realizar essa meta. Mas se a educação deve ser parte do processo, então é
possível que você não consiga realmente resolver o problema, mas você educou
uma porção de pessoas.
-
“É por isso que eu digo que há uma diferença. Portanto, quando eu fui organizar
um sindicato, tirei uma licença da Highlander. Eu não faria esse trabalho como
membro do quadro de funcionários porque não acho que organizar e educar sejam a
mesma coisa. A meta é diferente”.
- Organizadores têm o compromisso
de alcançar uma meta limitada, específica, se ela levar ou não a uma mudança
estrutural, se reforçar o sistema, ou se favorecer o jogo dos capitalistas.
- O problema se confunde porque
muita gente usa a organização para transmitir um pouco de educação e acham que
isso é dar poder às pessoas, porque isso é o que supostamente deveriam estar
fazendo. Mas muitas vezes eles retiram o poder das pessoas nesse processo
usando especialistas para lhes dizer o que fazer ao mesmo tempo em que
aparentam estar dando poder às pessoas. Isso confunde a questão
consideravelmente.
- Essa descrição de organizar é
uma descrição daquilo que a maior parte da educação é. A maior parte da
educação consiste em especificar um objetivo particular e atingir aquele
objetivo independente de como funcione o processo. Isso é escolarização.
- Paulo Freire: “é impossível
organizar sem educar e sem ser educado pelo próprio processo de organizar.
Podemos aproveitar o processo de organizar para desenvolver um processo muito
especial de educação. Quando estamos tentando organizar, é claro que temos de
tentar mobilizar, porque a mobilização e a organização andam juntas. Mas no
processo de mobilizar e, automaticamente, organizar descobrimos também, como em
qualquer tipo de ação ou prática, que temos que nos tornar cada vez mais
eficientes. Se você não estiver tentando ser eficiente ao organizar oficinas,
as pessoas não responderão quando você as convidar no ano seguinte. Isso é, eficiência, sem ser um
instrumento de escravização, é algo que é absolutamente necessário.
Ineficiência tem a ver com a distância entre o que você faz e o que você
gostaria de obter. Mobilizadores e organizadores devem estar bem seguros
sobre a natureza educacional dessa prática. E a avaliação é importante. A
pesquisa participativa também. Afinal, é preciso compreender algumas das
questões que têm a ver com as expectativas e frustrações das pessoas.
Queríamos que fossem educadores
além de organizadores. Em vez de ser apenas mobilizadores, queríamos que
educassem as pessoas. Essas foram as pessoas que insistiram para ter um programa
educacional em seus sindicatos. Quando tinham organizado o sindicato,
imediatamente estabeleciam o programa educacional porque entendiam que isso era
o papel de um sindicato, enquanto algumas das pessoas preferiam operar a partir
do cume.
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