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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

sábado, 21 de outubro de 2023

Política, por favor!

A política tem a ver com todos nós, assim todos devemos estar envolvidos nesse debate. 

“Não podemos prever como os outros vão nos ver no futuro, nem se aquilo que nos parece senso comum será visto como plausível para nossos descendentes” (Georg Hegel). 

“Política é uma questão muito séria para ser deixada para os políticos” (Charles de Gaulle).

Fazer com que o presente faça sentido exige um entendimento da variedade de ideias e teorias políticas concebidas ao longo da história. Essas ideias servem como uma explicação das possibilidades do presente, bem como uma advertência contra o excesso de confiança em nossos próprios valores políticos, e nos lembram que as exigências pela organização e governança da vida coletiva da sociedade mudam de maneiras que não podemos prever com certeza.

Conforme surgirem novas possibilidades para o exercício do poder, também surgirão novas demandas pelo seu controle e pela prestação de contas, e com elas virão novas ideias políticas e teorias. Assim, vejamos:

A política como luta para satisfazer as necessidades materiais em condições de escassez.

A política existe porque não podemos ter tudo o que queremos na hora em que queremos. A experiência humana exige concorrência, embates, concessões e luta pelas coisas. E nisso está envolvida a linguagem de interesses, tanto de indivíduos quanto de grupos – para explicar e justificar nossas demandas e para desafiar, contradizer ou satisfazer as dos outros.  Mas, também pode ser a linguagem de valores, tais como direitos e liberdades ou divisão igualitária e justiça.

A política é uma atividade complexa. No seu cerne está o desenvolvimento de ideias e conceitos que nos ajudam a estabelecer o que queremos e a defender nossos interesses. Em outras palavras, quem fica com o quê, onde, quando e como. 

A política como decisão de regras para viver e a busca coletiva de objetivos.

Com o advento de sociedades complexas, surgiram outras questões: quem deve governar? Que poder devem ter os governantes políticos e como as exigências para legitimá-los podem ser comparadas às outras fontes de autoridade, tais como a família ou as autoridades religiosas?

Nessa linha, o homem é melhor numa sociedade complexa do que abandonado e isolado. Existe, portanto, algo essencialmente humano a respeito das perspectivas de como as questões de interesse público devem ser decididas.

Quais fins ou qual é a finalidade da política? Quais os objetivos que a política pode ou deve atingir?

·       MORALISTAS POLÍTICOS (foco na moralidade): para esses, a vida política é um ramo da ética (filosofia moral). A política deve ser direcionada à conquista de objetivos relevantes, ou que os arranjos políticos devem ser organizados para proteger certas questões, tais como valores políticos: justiça, igualdade, liberdade, felicidade, fraternidade ou autodeterminação nacional. Crítica: em sua face mais radical, o moralismo produz descrições de sociedades políticas ideais conhecidas como utopias. O pensamento político utópico pode ser perigoso (quando justifica a violência totalitária) ou não perigoso (quando é parte de um processo de luta por uma sociedade melhor, sugerindo valores a serem buscados ou protegidos).

·       REALISTAS POLÍTICOS (foco no poder): a política tem a ver com o poder, que é o meio pelo qual os fins são alcançados, os inimigos derrotados, e as concessões, mantidas. Sem a habilidade de alcançar e exercer o poder, os valores – a despeito de quão nobres possam ser – são inúteis. Logo, eles concentram sua atenção no poder, no conflito, na guerra, e são, em geral, cínicos a respeito das motivações humanas. Crítica: os piores excessos são os fins justificarem os meios brutais ou injustos.

·       PRAGMÁTICOS POLÍTICOS (foco na utilidade): deixa os filósofos políticos anteriores de lado para se preocupar com o alcance dos melhores resultados possíveis – tradição pragmática. Retira o foco do problema da guerra e do conflito, bem como dos valores políticos, para se ocupar com o progresso, seja pelo desenvolvimento constitucional, a determinação de políticas ou a garantia de que os governantes tenham a maior estabilidade possível. Enfim, o pragmatismo está associado às habilidades e virtudes de um conselheiro sábio para retirar o melhor proveito delas.  Crítica: ao reduzir os acontecimentos a um foco puramente de utilidade, os pragmáticos políticos podem relativizar barbáries, legitimar desigualdades, rentabilizar crises ou esvaziar a sociedade de sentidos e valores humanos gratuitos.

·       IDEÓLOGOS POLÍTICOS (foco nas ideias): ideias são peculiares a períodos históricos distintos. Isto é, as ideias de cada período histórico diferem porque as práticas e instituições das sociedades são diferentes, e o significado das ideias muda com a história. E as fontes de políticas ideológicas são diversas: 1) classes sociais; 2) liberalismo; 3) conservadorismo; 4) socialismo; 5) nacionalismo... Assim, quais seriam os motivos de algumas ideias, como a igualdade, terem se tornado importantes, enquanto outras, como a escravidão e o direito divino dos reis, terem caído em desuso? Crítica: se as ideias fossem apenas um reflexo dos processos históricos, isso significaria que os indivíduos envolvidos nesses processos desempenhariam essencialmente um papel passivo, e que a deliberação racional e a argumentação teriam valor limitado.

Excentricidades políticas. 

·       Aristóteles achava que não se deveria permitir a todos os seres humanos a participação na atividade política: no seu sistema, as mulheres, os escravos e os estrangeiros estavam excluídos desse processo;

·       Platão e Aristóteles pensavam a democracia como um sistema perigoso e corrupto, ao passo que a maioria das pessoas no mundo moderno a veem como a melhor forma de governo;

·       O italiano Nicolau Maquiavel: sua visão da natureza humana enfatiza que os homens são “mentirosos ingratos”; não são nobres nem virtuosos. Logo, as motivações políticas têm riscos que vão além das preocupações com o exercício do poder;

·       O inglês Thomas Hobbes diz que o “estado de natureza” sem lei é aquele da guerra de todos contra todos. Por meio de um “contrato social” com seus súditos, um soberano exerce o poder absoluto para salvar a sociedade do seu estado bruto;

·       Regimes autoritários contemporâneos são encorajados a se democratizarem;

·       A escravidão já foi pensada como uma condição natural que excluía muitos de qualquer direito, e, até o século XX, a maioria das mulheres não era considerada cidadã;

·       A luta ideológica pode ser mais bem vista como uma competição entre times de futebol. A paixão, em vez da razão, seria mais importante na escolha por um time, e a vitória, em última instância, é o que conta. Muitos se preocupam que a política ideológica resulta nos piores excessos do realismo, no qual os fins justificam meios brutais ou injustos. A política ideológica parece ser uma luta perpétua, ou guerra, entre campos rivais e irreconciliáveis;

·       Quando Marx propôs como solução para o problema do conflito político o triunfo revolucionário das classes trabalhadoras e a vitória tecnológica sobre a escassez, não foi ele um tanto otimista? A mudança revolucionária não é a substituição de um tipo de tirania por outro? Assim, o marxismo e outras ideologias não seriam apenas a versão mais recente de um moralismo utópico irrealista?

·       Há uma tentação moderna que não é simples. O início do Estado moderno é quase o fim da história. É muito fácil ver-nos como a era mais progressiva, iluminada e racional de todos os tempos – afinal, acreditamos em democracia, direitos humanos, economia aberta e governo constitucional. Mas, essas não são de maneira alguma ideias simples e não são compartilhadas por todas as sociedades ou povos, nem mesmo hoje;

·       Os últimos 80 anos de história mundial viram o surgimento de novos estados-nações como resultado da retração e da descolonização imperial. Federações como a Iugoslávia e a Tchecoslováquia se fragmentaram em novos estados, assim como a ex-União Soviética. O desejo pela soberania nacional também é forte em lugares como Quebec, Catalunha, Curdistão e Cachemira. Ainda assim, enquanto povos lutam por seu Estado, outras nações desejam federações e uniões políticas complexas. As últimas três décadas viram a criação da União Europeia, que aspira maior união política, bem como área do NAFTA e muitas outras organizações para cooperação regional (como o BRICS). Enfim, velhas ideias de soberania estatal têm um papel incômodo na nova política mundial de soberania compartilhada, cooperação econômica e globalização.

ALGUMAS CONCLUSÕES:

1.     A vida política é em parte uma resposta necessária aos desafios da vida cotidiana e o reconhecimento de que a ação coletiva é quase sempre melhor que a individual;

2.     A política é a nobre atividade na qual os homens decidem as regras pelas quais viverão e os objetivos que querem buscar coletivamente;

3.     A política é o direito de governar a si mesmo e aos outros;

4.     A política é a única atividade coletiva direcionada a certas metas e fins comuns;

5.     A sociedade política existe com a finalidade das nobres ações, não por mero companheirismo;

6.     As ideias estão vinculadas aos interesses das classes sociais, tais como os trabalhadores ou capitalistas, os quais serviram de base aos grandes “ismos” da política ideológica, do comunismo e o socialismo ao conservadorismo e ao fascismo;

7.     As ideias políticas são uma abstração da vida de uma sociedade, Estado, cultura ou movimento político. Para que essas ideias façam sentido, bem como as instituições e os movimentos que elas explicam, é preciso examinar sua história e seu desenvolvimento. Tal história é sempre um relato de como chegamos ao ponto em que estamos hoje. O cuidado é ao olhar adiante e ver qual o rumo da história queremos tomar...

8.     O entendimento só acontece muito bem em retrospectiva. Daí, o cuidado que se deve ter com o otimismo de desenvolver ideias sobre os rumos do futuro. A política é dinâmica e um tanto imprevisível. 

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