Os Diálogos Amazônicos (4 e 6) e a Cúpula da Amazônia (8 e 9) acontecerão entre 04 e 09 de agosto/2023, em Belém, Pará. Os países amazônicos (Brasil, Colômbia, Bolívia, Equador, Peru, Venezuela, Suriname e Guiana), mais os países convidados, reforçando a concertação entre esses países da região que precisam assumir um novo olhar sobre a Amazônia, com compromissos claros e concretos capazes de:
1.
Superar a concentração de renda e pobreza;
2.
Conviver com a biodiversidade;
3.
Respeitar os direitos humanos e;
4. Considerar os muitos modos de vida e culturas que compõem a Amazônia.
O objetivo dos Diálogos é promover plenárias organizadas pelo Governo Federal e de atividades auto-organizadas pela sociedade civil, instituições científicas e agências governamentais, resultando em cartas a serem apresentadas por representantes da sociedade civil aos líderes dos países amazônicos na abertura da Cúpula.
O objetivo da Cúpula é construir uma posição conjunta da PanAmazônia que será levada no final do ano à Conferência do Clima das Nações Unidas de 2023, a COP 28, em Dubai. Além do mais, inicia uma caminhada coletiva e plural rumo à COP 30, em 2025, quando governos de várias partes do mundo poderão dialogar sobre os caminhos da Amazônia, na Amazônia.
O acontecimento é fundamental para fortalecer nossa relação com movimentos e organizações socioambientais, instituições científicas e governos, assim como amplificar as vozes de povos indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais da Pan-Amazônia.
Amarrado nos compromissos...
·
A
Cúpula da Amazônia tratará de pontos polêmicos, tais como: mineração, petróleo,
reconhecimento, demarcação de terras indígenas na região. Assunto de política
internacional, mas que mexe muito com a política interna.
·
A
“Declaração de Belém” focará no ponto de
não retorno – percentual de 20% de desmatamento que leva a um processo de
desertificação da floresta amazônica, equivalente ao que se tem na savana
africana.
· A busca pelo consenso da preservação e a repressão a crimes ambientais. Inclusive a PF está realizando uma reunião das polícias desses países para combater o crime ambiental na PanAmazônica. Enfim, é necessária uma agenda de combate aos crimes nas fronteiras. O crime aumentou muito na região, e não só o ambiental.
·
Liderança e iniciativa: Para o Brasil, a cúpula é estratégica
porque dá ao presidente Lula mais argumentos. Agora, além dos dados de queda de
desmatamento, conseguidos em 6 meses de governo, ele terá reunido os países da
região, mostrando liderança e iniciativa. Vai ter o que apresentar nos próximos
encontros multilaterais: do G-20, que passará a presidir no mês que vem, na
abertura da ONU, na COP-28 e em Davos, no Fórum Econômico Mundial.
·
Há
uma enorme discrepância entre os países amazônicos em termos de presença e
atividades na região, nenhum chegando perto do Brasil que é amazônico por
excelência.
·
O
problema nos encontros ambientais e climáticos é que o entusiasmo da sociedade
civil nem sempre se transforma em compromissos efetivos dos governos.
·
Democrático:
há uma alta qualidade dos painéis, dos compromissos assumidos por bancos e o
inédito protagonismo indígena.
·
Qual
será a força do documento final? É preciso firmar compromissos pelo
desmatamento zero e a moratória da exploração de petróleo. Pode ser uma
declaração bem típica de processos multilaterais não amadurecidos, uma carta
política. Olhando para trás é mais do que se tinha, olhando para frente está
longe de ser o que se precisa. É preciso ter força de capacidade para coordenar
a pesquisa em ciência e tecnologia.
·
Sabemos
pouco sobre as diversas amazônias. Há uma enorme ausência de conhecimento sobre
a Amazônia, de produção, de princípios ativos para a medicina, de hidrografia,
de climatologia. O melhor resultado seria criar um painel intergovernamental no
âmbito do Tratado, formado por cientistas. O que se gasta em ciência é muito
pouco. O Brasil gasta mais com a Antártida do que com a Amazônia.
·
Quem
será o grande vencedor dessa reunião? O presidente Lula, mas com ressalvas.
Isso também o amarra aos compromissos. Lula não pode defender a Amazônia e, ao
mesmo tempo, apoiar o combo que a bancada ruralista
tenta aprovar de mais agrotóxico, anistia para a grilagem e flexibilização do
licenciamento ambiental. Há outros dilemas como o asfaltamento da BR-319
e a Ferrogrão. Isso sem falar no grande ponto de conflito que é a exploração de
petróleo no mar da Amazônia, principalmente se o governo tentar fazer como fez
em Belo Monte, passando por cima do órgão ambiental.
Assim, os resultados da Cúpula da Amazônia precisam incluir compromissos claros e concretos no sentido de:
·
Construir
alternativas socioeconômicas viáveis para a região, superando o atual modelo
predatório, que concentra renda, produz desigualdade social e engole a
floresta;
·
Zerar
todo e qualquer desmatamento em toda a PanAmazônia até 2030;
·
Garantir
uma Amazônia livre de garimpo, incluindo a desintrusão imediata das terras
indígenas mais impactadas na Amazônia brasileira;
·
Avançar
nos processos de reconhecimento, demarcação e proteção de territórios indígenas
e de comunidades tradicionais – como as comunidades quilombolas –, com
fortalecimento dos mecanismos de proteção territorial;
·
Assegurar
consulta livre, prévia e informada aos povos indígenas e comunidades
tradicionais, por meio de seus próprios protocolos de consulta, sempre que
forem previstas medidas legislativas ou administrativas que possam afetar seus
modos de vida;
·
Estruturar
políticas de prevenção, adaptação às mudanças climáticas, e resposta aos
eventos extremos para as cidades amazônicas, com especial atenção a populações
vulnerabilizadas;
·
Rejeitar
novos projetos de exploração de petróleo e promover uma transição energética
justa e ecológica, que considere os aspectos geográficos e sociais da região;
·
Questionar
acordos de associação e comércio que colocam ainda mais pressão nas florestas e
reforçam dinâmicas colonialistas;
· Criar e fortalecer políticas que estimulem a agroecologia na região e garantam a soberania e a segurança alimentar dos povos indígenas, comunidades tradicionais e população do campo.
A maior conferência sobre o futuro do planeta e da humanidade.
O reencontro do Brasil com sua agenda ambiental.
O Brasil tenta retomar sua liderança nas questões de mudanças de clima e desenvolvimento sustentável. Belém, Pará, sediará a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em novembro de 2025. A Cúpula da Amazônia que acontece agora servirá para tratar das questões regionais, sem perder de vista os preparativos para a COP30, que poderá se tornar a maior conferência sobre o futuro do planeta e da humanidade.
Colocará em foco o papel da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica), única entidade intergovernamental com sede em Brasília e fruto de uma iniciativa diplomática brasileira (o TCA, Tratado de Cooperação Amazônica firmado em Brasília em 1978 com Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela), na ordenação das políticas regionais, com vista ao cumprimento das decisões tomadas em Belém. A meta é a articulação e a consistência das políticas ambientais e de desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Diferenças sobre programa de desenvolvimento nuclear na década de 1990 levaram à criação do Mercosul. A realização no Brasil, em 1992, da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio 92) colocou o país numa posição de contribuir para a harmonia entre aqueles dois temas antípodas no conceito de desenvolvimento sustentável: conciliar a preservação do planeta e a erradicação da pobreza e da fome. Agora, com o agravamento da questão ambiental e das mudanças do clima, a posição do atual governo brasileiro recobra o protagonismo histórico e o respeito da comunidade internacional. Ao fazê-lo, resgata a tradição da diplomacia brasileira com seu compromisso em favor do regionalismo, do multilateralismo e de um ordenamento fundado no Direito num mundo em que a lógica do conflito voltou a ameaçar o paradigma do entendimento, da cooperação e da paz.
Enfim, precisamos somar esforços com a comunidade internacional para compreender o desafio ambiental e enfrentá-lo, todos juntos! E a geografia é a melhor política, um fator importante de aproximação e integração, pelo diálogo e cooperação.
A Cúpula da Amazônia.
É o maior evento já realizado entre líderes globais para discutir a Amazônia. A ambição é costurar um compromisso comum de desmatamento zero na região. Também o combate a crimes ambientais, como o garimpo ilegal, a situação dos indígenas e outros povos da região e o desenvolvimento sustentável.
- encontro para
discutir soluções que promovam desenvolvimento social sustentável na região.
- líderes de
países que possuem florestas tropicais.
- A França foi convidada (ela tem a Guiana Francesa aqui na América do Sul) e também a Alemanha e a Noruega (financiadoras do Fundo Amazônia, criado em 2008, uma das principais iniciativas internacionais de proteção da Floresta Amazônica e do meio ambiente).
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