Termos que atenuam, conceitos que justificam e ideias que atrapalham.
A polícia militar é a tropa mais letal da corporação! E a isso chamam de “operação bem-sucedida”, “efeito colateral”, “força tática” ou “reação com a mesma proporção com a que eles atacam a polícia”. E ainda há a expressão dos especialistas: “é preciso cobrar mais informações do ponto de vista técnico”. E que tal essa, na tentativa de detalhar o teatro de operações militares: "proximidade de Guarujá com o porto de Santos atraiu o PCC" (a violência é contagiosa?). E quando vem a explicação dos pesquisadores? "o tráfico internacional pelo porto é um crime de habilidades, de altos negócios, em que o banditismo comum atrapalha".
Nada disso bate com a realidade porque a CONTRADIÇÃO é colocada de longe nos enunciados técnicos da imprensa e dos jornais e, questionamentos, quando existem, são oficiais ou acadêmicos demais!
Mortes deveriam chocar. Qualquer uma! O Estado é organizado para garantir SEGURANÇA e, por tabela, VIDA. Sua eficiência não é medida pela capacidade de matar. Saímos do estado de natureza para isso. Aceitar isso seria aceitar a força de uma elite que naturaliza o discurso de brutalidade que a mídia não deveria reproduzir (mas o faz, porque a mídia é uma versão refinada da elite). Ou não é razoável ignorar a falta de humanidade na imagem de um caveirão vazando sangue? Ora, o que está por trás de tudo isso?
A bancada da bala e seus eleitores bolsonaristas. Uma ala radical e extremista no Congresso disposta a atrapalhar qualquer governador que deseje planejamento de médio e longo prazo nas regiões pobres e afetadas pela desigualdade e pelo crime. Afinal, o medo nas comunidades e a violência da polícia é um valioso ativo eleitoral. É muito fácil se justificar com termos técnicos, pois eles passam longe da espinhosa barbárie por detrás do discurso. Mas, como pensar se o sistema lhe programa para agir, mecanicamente? O óbvio sustenta o oculto.
CONTEXTUALIZAÇÃO, cadê você? Pistolas 9mm e outras armas envolvidas na violência são arsenal bomba-relógio vendidos na era Bolsonaro. Suavemente colocadas nas mãos de CACs e congêneres, escorregou para o crime. Mas, a perícia não faz isso. A perícia profissional vai dizer de onde pode ter saído a bala, não a arma. Logo, evidenciar a barbárie por detrás do discurso soa óbvio, mas não é suficiente.
Em verdade, você pode reduzir os índices de violência pela direita e pela esquerda. Na direita, produzindo e matando os bandidos num ciclo sem fim. Na esquerda, evitando a legitimação da bandidagem pelo ataque às mazelas sociais. A questão não é quantidade, mas qualidade dos planos de gestão.
Enfim, enquanto acreditarmos que o tiro na cabeça do pobre é a saída para a desigualdade social, a cabeça da elite permanecerá ilesa e matanças e chacinas serão naturalizadas. Afinal, cabeças rolando não são bolas de futebol!
Nenhum comentário:
Postar um comentário