Quem sou eu

Minha foto
São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
Obrigado pela visita!
Deixe seus comentários, e volte sempre!

"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Personagens fictícios.

 “Nascemos com as sementes do bem e do mal, mas como elas vão germinar, crescer e dar frutos depende de uma série de fatores que irrigarão a nossa existência. Portanto, por mais força que o componente biológico tenha na formação da personalidade, as experiências vividas e o aprendizado contribuem para a equação final, sempre dinâmica”.

Emergência de um grande hospital, madrugada.

·       Paula: briga com o namorado; altos e baixos; escândalo; inquieta; uma linda mulher. Entra numa crise após a outra, até a reconciliação seguinte.

·       Marcos (o pai): extremamente metódico; detesta mudanças; ama rotina;

·       Sandra (a mãe): sensual e exuberante; faz da vida um palco; jeito espalhafatoso; gestos teatrais; dramática;

·       Fernanda (irmã gêmea): tenta passar sem ser notada; bela; é tímida; sente-se rejeitada por todos; escreve poemas; vidinha caseira; sem grandes emoções;

·       Eduardo (o chefe da emergência): jovem, boa-pinta, teve uma ascensão meteórica; o cara que consegue resultados rápidos e sem grandes esforços; seu jeito de culpar o grupo pelos erros e guardar os elogios só para si; homem interessante;

·       Sônia (enfermeira): aceita calada as humilhações; currículo impecável mas acha difícil conseguir um emprego; aceita os encontros às escondidas com Eduardo; faz vista grossa para suas escapadas. Sua distração é conversar com a missionária;

·       Ana Cristina (Luz do Sol, a missionária): nome místico por ter tido uma revelação; é terapeuta holística; cria 5 gatos; oferece cura espiritual nas enfermarias; jeito excêntrico; cada dia com uma cor diferente; figura popular.

·       Osvaldo (administrador do hospital): não tira os olhos da missionária. Vigilante. Desconfia de tudo e de todos. Não gosta de brincadeiras. Enxerga inimigos nas sombras. Fama de encrenqueiro. Quem não cumpre suas ordens acha que deseja prejudicá-lo; implica até com um lápis fora do lugar; vive às turras com os vizinhos;

·       Ronaldo (novo laboratorista): barba por fazer, cara de poucos amigos; não considera ter amigo algum; “homem-bomba”; adora o turno da madrugada; passa os plantões sem falar com ninguém; esquisito, mas não liga; mora sozinho, só sai de casa para trabalhar; gosta de jogar videogame de guerra e de navegar em sites que pregam a decadência da raça humana;

·       Rodrigo (colega de escola de Ronaldo): colava nas provas, trocava de namorada como quem troca de roupa, legião de jovens viúvas; sofria bullying, “ET”, “retardado”; expulso por vender drogas. Sedutor, incrível capacidade de convencer as pessoas a fazerem o que ele quer; envolveu num escândalo de corrupção; sempre rodeado de lindas mulheres; sempre em busca de novos prazeres. 

Todos esses personagens fictícios reúnem traços de um ou mais transtornos de personalidade. Quando caem no senso comum, surgem as definições populares, muitas carregadas de estereótipos e preconceitos. É o “cabeça dura”, de “maus bofes”, de “gênio difícil”, o “esquisitão”, a “pipa avoada”, o “pavio curto” e tantos outros rótulos. Mas por que eles são assim? E por que esse jeito de ser é considerado prejudicial? Tem um nome...

Personalidade = temperamento + caráter.

Personalidade: é o resultado da combinação e da interação entre dois componentes: o temperamento e o caráter.

- o temperamento: é herdado geneticamente e regulado biologicamente. É a predisposição biológica para as sensações, motivações e reações automáticas no plano emocional. Ele é a base do nosso humor, o ingrediente que nos dá o tempero e o colorido emocional, permanecendo relativamente estável ao longo da vida. Isso significa dizer que a nossa herança genética não se limita apenas à cor dos olhos, dos cabelos ou da pele, à estatura, aos distúrbios metabólicos e, às vezes, às malformações físicas. Ela também influencia nossas tendências e respostas comportamentais. Desde os primeiros anos de vida, podemos observar o “gênio” de uma criança, isto é, a maneira peculiar como ela percebe, sente e reage às experiências. Umas são mais tolerantes a frustrações, outras são tímidas, há as extrovertidas, as ansiosas, as calmas, enfim, cada uma tem sua natureza no plano emocional.  

- a primeira tentativa de estabelecer uma classificação para o temperamento foi a de Hipócrates, o pai da medicina, Grécia Antiga. Ele partiu do princípio de que os 4 fluidos essenciais do corpo humano regulariam as emoções: sangue, bile, fleuma e bile negra.

- assim, de acordo com a predominância de determinado fluido, os indivíduos seriam, respectivamente, classificados como sanguíneo, coléricos, fleumáticos ou melancólicos. Cada um desses temperamentos expressaria algumas tendências em termos emocionais e comportamentais

- uma das definições de temperamento mais aceitas atualmente é a das 4 dimensões: evitação de danos, busca de novidades, dependência de recompensa e persistência (do psiquiatra americano Robert Clominger, 1990). Cada pessoa pode apresentar uma ou mais dessas dimensões, em maior ou menor grau. E esses temperamentos também tendem a ser mais ou menos adaptativos e a se sobressaírem ou a se retraírem de acordo com a situação. 


- o caráter: está ligado à relação do temperamento com tudo o que vivenciamos e aprendemos na relação com o mundo exterior. Basta observar a personalidade de gêmeos monozigóticos. Eles têm bagagens genéticas idênticas, mas interagem, apreendem e assimilam fatos e situações de forma única. Não raras vezes, chagam a nos surpreender com reações opostas em determinada circunstância.

Enfim, a personalidade é considerada uma organização dinâmica, resultante de fatores de ordem biopsicossocial. É a nossa forma de sentir, pensar, nos comportar, o nosso jeito de ser, aquilo que nos diferencia uns dos outros. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário