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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Conversa com o Presidente Lula (22/08).

·       O mundo e os empresários voltarão para a África. O excesso de dinheiro que tem no mundo precisa ser transferido para gerar empregos em lugares que precisam crescer. A África, por exemplo, tem carência de muita infraestrutura. Há tudo por se fazer e gerar por lá.

·       Os BRICS não são pouca coisa. São metade da população mundial. Mais de 1/3 do PIB Mundial. Precisamos mudar os costumes e os hábitos políticos que até agora prevaleceram na conjuntura interancional. Economias emergentes. E que desejam criar instituições democráticas. O NB, o novo Banco dos BRICS, vai agir diferente dos outros bancos criados após 1945. O Brasil está de volta para dizer o que pensa, o que quer, como quer, e tentar convencer os seus aliados das coisas que achamos importante. Por que o Brasil faz negócio com a China e precisa ser no dólar que não é a moeda de nenhum dos dois países? Temos que fazer negócios pautados em nossa moeda, e não controlados por unidade monetária pautada em interesses de terceiros. O que há de errado por trás disso? Sem negar nossa moeda interna, precisamos de uma moeda exterior para o comércio, pautado nos interesses de seus negociantes.

·       Antes a moeda de referência era o ouro. Tiraram o ouro sem pedir nossa opinião. Ninguém discutiu que o ouro ia deixar de ser a moeda de referência. Simplesmente tiraram. Por que entrou o dólar? Que também entrou sem pedir nossa opinião... Olha a situação da Argentina agora, não tem condições de comprar dólar. O Brasil precisa de dólar por quê? É isso que precisamos discutir. O novo assusta, as pessoas não querem. Diferente. Sereno. Maduro. Pragmático. Tudo, as regras estabelecidas hoje só favorecem o Sistema Financeiro. Quando houve a crise em 2008, nos países ricos, o FMI não se manifestou. Mas quando é uma crise num país emergente ou pobre, seja na África ou na América Latina, o FMI resolve falar, meter o bico, dar palpite. Em vez de ajudar, bota um dinheiro disfarçado de cabresto.

·       Muda tanto quando se fala em tecnologia. Não se muda nada quando se fala em política. Mas há questões tradicionais que precisam mudar? A mudança é para melhor? O problema é que as mudanças no mundo do trabalho são para sempre pior. O Brasil precisa ter uma política industrial mais arrojada (um país que já teve 30% do seu PIB da indústria e hoje apenas 11%, por quê?). Só exportar agricultura/manufatura? A gente precisa exportar valor agregado.

·       Num momento histórico em que o mundo quer se livrar da poluição, a questão climática ganha um peso importante e nesse aspecto o Brasil é imbatível: no biodiesel, etanol, no hidrogênio verde, eólica, solar... Nós temos um jeito e um potencial de fazer uma indústria verde nesse país que, quem quiser comprar, terá que ser produto produzido por energia limpa, que não polui. Esse é o grande trunfo do Brasil que a gente tem que explorar muito.

 

·       Olha a situação da Argentina, por causa do empréstimo que foi feito pelo FMI e seus interesses políticos/financeiros. US$ 44 bilhões para o cara lá ganhar as eleições. Não ganhou, ficou com a dívida. E agora enfrentando uma seca muito forte, com perda de 25% da agricultura. Agora, porque a Argentina me interessa, porque eu quero que ela tenha mais poder de compra pra comprar mais (do Brasil, para vender mais). Saca mais? É querendo o outro bem que você garante a paz (entendo o outro como pessoa e como nação). Logo, a paz na relação interpessoal e de nações para nações.

·       O G7 (grupo fechado) ou o G20 ou os EUA, o BRICS (grupo democrático, multilateral) não quer ser contraponto a ninguém. A gente deseja apenas se organizar. Criar uma coisa que nunca existiu. O Sul global não é a parte pobre do planeta, uma segunda categoria. Sempre fomos tratados assim. Podemos nos transformar em países importantes: na questão climática, de minérios, possibilidade de desenvolvimento... é o Sul Global quem tem esse potencial. Existimos, estamos nos organizando e queremos sentar numa mesa de negociação em igualdade condições com a União Europeia, os EUA para negociar. Queremos criar novos mecanismos para tornar o mundo mais igual no ponto das decisões políticas. BRICS não quer tirar nada de ninguém. A simbologia dos BRICS não é da rivalidade, mas da criação de um organismo novo e forte para mudar a relação global, por isso o Sul Global é muito importante. Significa um polo de organização para defender nossa voz. Equilibrar as discussões. Porque não decidimos as guerras, e eles sim? EUA x Iraque; França/Inglaterra x Líbia x Líbano; Ucrânia x Rússia. Queremos um mundo mais justo e solidário, acabando com a fome e a desigualdade. Permitir que todos vivam decente e dignamente, pois temos alimento e dinheiro para isso, o que precisa é apenas uma disposição política.

·       Você não pode continuar num mundo onde 1% mais rico tem mais dinheiro do que 50% da população mundial. Você não faz democracia e demonstra equilíbrio vendo uma pessoa morrendo de fome na sua frente ou por falta de um tratamento médico. Viu a pandemia? Quem tinha dinheiro comprava a vacina e quem não tinha ficou assistindo a Covid-19 matar os seus entes queridos.

·       A ONU precisa ter poder de governança pra gente ter paz no mundo. Sem isso, a gente não resolver a questão climática e evitar novas guerras. O “Acordo de Paris”, ninguém cumpre. O “Protocolo de Kioto”, ninguém cumpre. É preciso estabelecer regras para que as nossas reuniões sejam verdadeiras. Senão o povo vai desacreditando, as relações políticas perdem sua credibilidade a Democracia passa a correr risco. Aí começar ressuscitar fascistas, nazistas, ditaduras, violência... Precisamos ser democratas para fortalecer as instituições e garantir nossa própria sobrevivência como sociedade.

·       O Brasil briga pela volta da OMC. Em 2009, a relação do Brasil com os países do BRICS era de apenas US$ 48 bilhões. Em 2022, foi pra US$ 178 bilhões. Ou seja, um crescimento de +370%. Quanto melhor for a relação de um país com outro país, mais chance a gente tem de fazer bons acordos (um bom acordo não é quando um ganha e o outro perde, o bom acordo é quando as duas partes ganham, voltam para casa satisfeitas – eu vendi por um preço bom, eu comprei por um preço bom).  

·       No ano que vem será a Rússia que vai presidir os BRCS. Em 2025 será o Brasil. A luta contra a desigualdade (racial, salário, saúde, educação, gênero) precisa ser o tema principal. Não é aceitável que a FAO publique que 735 milhões de pessoas passam fome num país que produz tantos alimentos. Alimentos têm, faltam recursos para comprar. Ou seja, a distribuição de riqueza é mal feita.

·       A maioria dos países da África foi colonizada. A maioria conseguiu também a sua independência a partir dos anos 1960. É algo muito novo. A questão é que os países eram autossuficientes na produção de alimentos. Depois da Colonização, eles ficaram dependentes do colonizador. Hoje, recebe apenas doações dos seus algozes. Eles estão numa situação pior do que na época da colonização, porque estão muito endividados, famintos e dependentes da comida. Uma dívida de quase US$ 800 bilhões de todo o Continente Africano. Por estarem endividados não podem tomar dinheiro emprestado para fazerem as coisas que precisam. Precisamos transformar essa dívida em investimento para libertar verdadeiramente esses países. Os países mais ricos precisam devolver a oportunidade que eles tomaram dos países mais pobres.

·       Apesar das diferenças e particularidades, quais pontos comuns nos são convergentes? 1) Entrar no Conselho de Segurança da ONU como membros permanentes; 2) Criar um banco muito forte que seja maior do que o FMI, mas com outro critério de emprestar dinheiro para os países, não para sufocar, mas para ter condições de investir o dinheiro, se desenvolver e pagar (sem atrofiar, mas expandir);

·       Nós pagamos o FMI, emprestamos US$ 15 bilhões para eles, não devemos mais nada e nem queremos dever. Hoje temos reservas, precisamos ampliá-las para sermos donos do nosso próprio nariz.









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