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O
mundo e os empresários voltarão para a África. O excesso de dinheiro que tem no
mundo precisa ser transferido para gerar empregos em lugares que precisam
crescer. A África, por exemplo, tem carência de muita infraestrutura. Há tudo
por se fazer e gerar por lá.
·
Os
BRICS não são pouca coisa. São metade da população mundial. Mais de 1/3 do PIB
Mundial. Precisamos mudar os costumes e os hábitos
políticos que até agora prevaleceram na conjuntura interancional.
Economias emergentes. E que desejam criar instituições democráticas. O NB, o
novo Banco dos BRICS, vai agir diferente dos outros bancos criados após 1945. O Brasil está de volta para dizer o que pensa, o que quer,
como quer, e tentar convencer os seus aliados das coisas que achamos
importante. Por que o Brasil faz negócio com a
China e precisa ser no dólar que não é a moeda de nenhum dos dois países? Temos
que fazer negócios pautados em nossa moeda, e não controlados por unidade
monetária pautada em interesses de terceiros. O que há de errado por trás
disso? Sem negar nossa moeda interna, precisamos de uma moeda exterior para o
comércio, pautado nos interesses de seus negociantes.
·
Antes
a moeda de referência era o ouro. Tiraram o ouro sem pedir nossa opinião.
Ninguém discutiu que o ouro ia deixar de ser a moeda de referência. Simplesmente
tiraram. Por que entrou o dólar? Que também entrou sem pedir nossa opinião... Olha
a situação da Argentina agora, não tem condições de comprar dólar. O Brasil
precisa de dólar por quê? É isso que precisamos discutir. O novo assusta, as
pessoas não querem. Diferente. Sereno. Maduro. Pragmático. Tudo, as regras
estabelecidas hoje só favorecem o Sistema Financeiro. Quando houve a crise em
2008, nos países ricos, o FMI não se manifestou. Mas quando é uma crise num
país emergente ou pobre, seja na África ou na América Latina, o FMI resolve
falar, meter o bico, dar palpite. Em vez de ajudar, bota um dinheiro disfarçado
de cabresto.
·
Muda
tanto quando se fala em tecnologia. Não se muda nada quando se fala em política.
Mas há questões tradicionais que precisam mudar? A mudança é para melhor? O problema é que as mudanças no mundo do trabalho são para
sempre pior. O Brasil precisa ter uma política industrial mais arrojada (um
país que já teve 30% do seu PIB da indústria e hoje apenas 11%, por quê?). Só
exportar agricultura/manufatura? A gente precisa exportar valor agregado.
·
Num
momento histórico em que o mundo quer se livrar da poluição, a questão
climática ganha um peso importante e nesse aspecto o Brasil é imbatível: no biodiesel,
etanol, no hidrogênio verde, eólica, solar... Nós temos um jeito e um potencial
de fazer uma indústria verde nesse país que, quem quiser comprar, terá que ser
produto produzido por energia limpa, que não polui. Esse é o grande trunfo do
Brasil que a gente tem que explorar muito.
·
Olha
a situação da Argentina, por causa do empréstimo que foi feito pelo FMI e seus
interesses políticos/financeiros. US$ 44 bilhões para o cara lá ganhar as
eleições. Não ganhou, ficou com a dívida. E agora enfrentando uma seca muito
forte, com perda de 25% da agricultura. Agora, porque a
Argentina me interessa, porque eu quero que ela tenha mais poder de compra pra
comprar mais (do Brasil, para vender mais). Saca mais? É querendo o outro bem
que você garante a paz (entendo o outro como pessoa e como nação). Logo, a paz
na relação interpessoal e de nações para nações.
·
O
G7 (grupo fechado) ou o G20 ou os EUA, o BRICS (grupo democrático,
multilateral) não quer ser contraponto a ninguém. A gente deseja apenas se
organizar. Criar uma coisa que nunca existiu. O Sul global não é a parte pobre
do planeta, uma segunda categoria. Sempre fomos tratados assim. Podemos nos
transformar em países importantes: na questão climática, de minérios,
possibilidade de desenvolvimento... é o Sul Global quem tem esse potencial.
Existimos, estamos nos organizando e queremos sentar numa mesa de negociação em
igualdade condições com a União Europeia, os EUA para negociar. Queremos criar
novos mecanismos para tornar o mundo mais igual no ponto das decisões
políticas. BRICS não quer tirar nada de ninguém. A
simbologia dos BRICS não é da rivalidade, mas da criação de um organismo novo e
forte para mudar a relação global, por isso o Sul Global é muito importante. Significa
um polo de organização para defender nossa voz. Equilibrar as discussões.
Porque não decidimos as guerras, e eles sim? EUA x Iraque; França/Inglaterra x
Líbia x Líbano; Ucrânia x Rússia. Queremos um mundo mais justo e solidário,
acabando com a fome e a desigualdade. Permitir que
todos vivam decente e dignamente, pois temos alimento e dinheiro para isso, o que precisa é apenas uma
disposição política.
·
Você
não pode continuar num mundo onde 1% mais rico tem mais dinheiro do que 50% da
população mundial. Você não faz democracia e demonstra equilíbrio vendo uma
pessoa morrendo de fome na sua frente ou por falta de um tratamento médico. Viu
a pandemia? Quem tinha dinheiro comprava a vacina e quem não tinha ficou
assistindo a Covid-19 matar os seus entes queridos.
·
A
ONU precisa ter poder de governança pra gente ter paz no mundo. Sem isso, a
gente não resolver a questão climática e evitar novas guerras. O “Acordo de Paris”, ninguém cumpre. O “Protocolo de Kioto”,
ninguém cumpre. É preciso estabelecer regras para que as nossas reuniões sejam
verdadeiras. Senão o povo vai desacreditando, as relações políticas perdem sua
credibilidade a Democracia passa a correr risco. Aí começar ressuscitar
fascistas, nazistas, ditaduras, violência... Precisamos ser democratas para
fortalecer as instituições e garantir nossa própria sobrevivência como
sociedade.
·
O
Brasil briga pela volta da OMC. Em 2009, a relação do
Brasil com os países do BRICS era de apenas US$ 48 bilhões. Em 2022, foi pra
US$ 178 bilhões. Ou seja, um crescimento de +370%. Quanto melhor for a relação
de um país com outro país, mais chance a gente tem de fazer bons acordos (um
bom acordo não é quando um ganha e o outro perde, o bom acordo é quando as duas
partes ganham, voltam para casa satisfeitas – eu vendi por um preço bom, eu
comprei por um preço bom).
·
No
ano que vem será a Rússia que vai presidir os BRCS. Em 2025 será o Brasil. A
luta contra a desigualdade (racial, salário, saúde, educação, gênero) precisa
ser o tema principal. Não é aceitável que a FAO publique que 735 milhões de
pessoas passam fome num país que produz tantos alimentos. Alimentos têm, faltam
recursos para comprar. Ou seja, a distribuição de riqueza é mal feita.
·
A
maioria dos países da África foi colonizada. A maioria conseguiu também a sua
independência a partir dos anos 1960. É algo muito novo. A questão é que os
países eram autossuficientes na produção de alimentos. Depois da Colonização,
eles ficaram dependentes do colonizador. Hoje, recebe apenas doações dos seus
algozes. Eles estão numa situação pior do que na época da colonização, porque
estão muito endividados, famintos e dependentes da comida. Uma dívida de quase
US$ 800 bilhões de todo o Continente Africano. Por estarem endividados não
podem tomar dinheiro emprestado para fazerem as coisas que precisam. Precisamos
transformar essa dívida em investimento para libertar verdadeiramente esses
países. Os países mais ricos precisam devolver a oportunidade que eles tomaram
dos países mais pobres.
·
Apesar
das diferenças e particularidades, quais pontos comuns nos são convergentes? 1)
Entrar no Conselho de Segurança da ONU como membros permanentes; 2) Criar um
banco muito forte que seja maior do que o FMI, mas com outro critério de
emprestar dinheiro para os países, não para sufocar, mas para ter condições de
investir o dinheiro, se desenvolver e pagar (sem atrofiar, mas expandir);
·
Nós
pagamos o FMI, emprestamos US$ 15 bilhões para eles, não devemos mais nada e
nem queremos dever. Hoje temos reservas, precisamos ampliá-las para sermos
donos do nosso próprio nariz.
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