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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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quarta-feira, 12 de julho de 2023

Reforma Tributária aprovada!

Muitas virtudes, diversos defeitos.

A aprovação da emenda constitucional da Reforma Tributária, que ficou na agenda do país por 30 anos, deu sinal de uma pista livre para Lula governar, uma autoridade necessária. A PEC teve 382 votos, 74 acima do necessário, no 1º turno e 375, no 2º.

É natural que se pense nos R$ 5,3 bilhões de emendas parlamentares liberadas às vésperas da votação. Contudo, emendas são uma prerrogativa dos parlamentares e liberá-las é uma atribuição do Executivo. Se uma emenda manda kits de robótica superfaturados para escolas alagoanas, que essa questão seja resolvida pela PF.

A costura de um político habilidoso como Haddad e outro frio como Lira, mostrou que Haddad buscou uma coligação semelhante à que elegeu Lula no ano passado e os votos vieram – afinal, 20 deputados do PL votaram a favor da reforma. Chamados de ‘Comunistas do PL’, eles têm histórico pró-governo. Desses 20 deputados da sigla de Bolsonaro que apoiaram a Reforma Tributária, 19 votaram na Câmara a favor de iniciativas do Executivo, como o novo arcabouço fiscal e medidas provisórias do Mais Médicos e de reorganização dos ministérios.  

Enfim, que venha o mesmo êxito no projeto de regulamentação das redes sociais.


Um Extra...

Medindo a correlação de forças no mundo políticoquem ganha e quem perde com a aprovação da Reforma Tributária?

·       É uma pauta que deve mudar substancialmente o regime fiscal do Brasil nos próximos anos;

·       Ela também teve efeitos que reconfiguraram a correlação de forças entre atores políticos do país;

·       A aprovação da proposta uniu partidos da base do governo Lula e até parte da oposição, incluindo o PL do ex-presidente JB (como vimos);

·       Sobe. Um dos maiores vencedores foi Haddad, graças seu trabalho silencioso nos bastidores, atuando na articulação e negociação da proposta. Lula nem precisou entrar no corpo a corpo da articulação pela proposta, pois Haddad “jogou bem” (ele foi o vencedor de menções positivas nas redes sociais: 78% de menções positivas contra 22% de negativas);

·       Sobe. Em segundo lugar vem o presidente da Câmara, Arthur Lira, que concentrou seus esforços para que a proposta fosse votada antes do recesso parlamentar e assumiu a condução dos trabalhos como um projeto pessoal (antes de dar início à votação, ele chegou a discursar no plenário em defesa da proposta, o que rendeu elogios até de petistas como Haddad). Além disso, usou sua influência sobre os partidos do Centrão para garantir uma votação com ampla margem favorável à proposta;

·       Sobe. O principal mentor da proposta da Reforma Tributária é o Bernardo Appy, economista indicado por Haddad, que carrega a bandeira há anos. Desde 2007, quando trabalhava no segundo mandato de Lula com o Ministro da Fazenda Guido Mantega, ele elaborou um projeto que acabou naufragado no Congresso, mas que apontava a necessidade de uma mudança no regime fiscal brasileiro. Passados 16 anos, de volta ao governo como secretário de Reforma Tributária do ministro Haddad, ele viu a nova proposta que vinha costurando desde 2019 ser finalmente aprovada em Brasília. Para isso, negociou e construiu pontes com o Centro e a Direita;

·       Desce. Tarcísio de Freitas, governador de SP, entrou numa arena perigosa ao abraçar a proposta. O mundo bolsonarista ficou em polvorosa com a postura do ex-ministro, principalmente com o fato de ele ter posado ao lado de Haddad em defesa da reforma. Ele mostrou força ao ajudar a mobilizar seu partido, o Republicanos, que apoiou de forma massiva a proposta. Esse movimento pode colocá-lo como líder capaz de agregar o Centro e a Direita moderada. O que causou um sério atrito, pois Bolsonaro colocou a artilharia de sua inflamada base contra o ex-ministro;

·       Desce. Bolsonaro, maior derrotado, alcançou o pior desempenho nas redes. Após ser condenado pelo TSE a ficar inelegível por 8 anos, Bozo fez seu primeiro teste de força política como líder da direita fora da corrida eleitoral ao tentar mobilizar o PL contra a Reforma Tributária. Porém, a estratégia na funcionou e 1 em 5 deputados da bancada votou a favor do texto. Além disso, ele viu alguns de seus principais aliados, como Lira e Tarcísio, se empenharem em aprovar o Projeto;

·       Desce. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que tentou liderar um movimento de chefes dos executivos estaduais contra a reforma, considerada “desrespeitosa” por ele. Apesar de outros governadores também rejeitarem alguns pontos e fazerem ressalvas à proposta, ele se posicionou de forma terminantemente contrária à mudança nas regras. Para tentar frear a proposta, Caiado chegou a fazer apelos à bancada de deputados goianos e aos representantes do Agronegócio no Congresso. Porém, seus esforços não foram suficientes, e a Frente Parlamentar do Agronegócio foi favorável ao texto final. Junto com ele também desceu o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, que saiu do silêncio para se declarar contra a proposta, às vésperas da votação;

·       Desce. O partido Novo, pois apesar de ter anunciado que era “institucionalmente” a favor do projeto da Reforma, dois de seus 3 deputados votaram contra a proposta na Câmara. Não houve consenso na bancada, e a legenda liberou o voto. Criado como partido de viés liberal, que pretendia ser protagonista nos debates econômicos do Brasil, o Novo acabou ficando de fora do núcleo das articulações de um dos projetos mais importantes para o desenvolvimento do país.

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