Tempos Sombrios.
(Números referentes ao período de 2020 – 2022).
Durante a pandemia, o Brasil voltou ao Mapa da Fome da ONU, o que não acontecia desde o início da década de 1990. Isso ocorre quando mais de 2,5% da população enfrenta falta crônica de alimento. Segundo a FAO, entre 2014 e 2016, eram cerca de 4 milhões os que sofriam de insegurança alimentar grave no país.
A ONU leva em consideração a categoria “subalimentação”, que é a quantidade necessária de uma dieta para que uma pessoa garanta seu bem-estar. Esse indicador não tem relação com o acesso ao alimento, mas com a qualidade nutricional. A insegurança alimentar tem a ver com o acesso ao alimento. A insegurança é moderada quando não há certeza se a pessoa terá ou não comida, e grave quando há fome.
A maior tragédia humanitária do planeta!
Relatório da ONU referente ao triênio 2020-2022 aponta que 2,4 bilhões de pessoas (29% da população mundial) sem acesso constante a alimentos. Desses, 900 milhões enfrentam “insegurança alimentar grave”.
Aqui no Brasil, temos 21 milhões de brasileiros sob insegurança alimentar “severa”, aumento de 37% em relação ao período anterior. A ONU usa critérios diferentes de algumas pesquisas nacionais para classificar a fome. No ano passado, a Rede Penssan estimou em 33 milhões os brasileiros com fome (Rede Penssan = Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional).
Enquanto o organismo da ONU utiliza metodologias internacionais, os pesquisadores da Rede Penssan, com apoio de outras entidades, fazem visita domiciliar para saber se a pessoa passa fome. Os critérios e gradações são diferentes, e a pesquisa nacional utiliza recomendações do IBGE através da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia).
Causas da insegurança alimentar:
· menor disponibilidade de alimentos associada a problemas no processo produtivo, como em períodos de escassez de chuvas, que afetam diretamente as lavouras;
· queda na qualidade dos alimentos disponíveis para consumo;
· problemas de abastecimento;
· aumento no preço dos alimentos;
· redução de salários ou perda de fonte de renda;
· condição de pobreza;
·
mudanças climáticas.
·
A
fome e a doença. Insegurança alimentar atingiu 70,3 milhões na pandemia (essa é
a quantidade de brasileiros que enfrenta algum tipo de insegurança alimentar),
diz relatório da ONU – FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
a Agricultura). Esses números são referentes ao período de 2020-2022,
englobando, portanto, a pandemia de Covid-19, e representa um aumento de +14,6%
em relação ao levantamento anterior, que mostrou na época 61,3 milhões nessa
situação);
·
Pelos
dados atuais da agência da ONU, é como se 1 a cada 3 pessoas no país tivesse passado necessidade
para comer nos últimos anos;
·
O
documento ainda revela que 21,1 milhões de pessoas – o equivalente a 9,9% da
população brasileira – sofreram com insegurança alimentar severa no período
pesquisado. Na prática, são brasileiros que sobrevivem sem comida por um ou
mais dias. O salto é de 37%, já que no levantamento anterior (2019 a 2021), o
número era de 15,4 milhões de pessoas;
·
O
relatório aponta outro dado alarmante: 10,1 milhões de brasileiros estão em
situação de subalimentação, ou seja, essas pessoas não têm acesso a uma quantidade
necessária de nutrientes que lhe garantam uma dieta de bem-estar;
·
1/3
da população com algum tipo de insegurança alimentar é muito chocante para um
país conhecido como fazenda do mundo. O que está por trás é a nossa própria
maneira de reagir aos choque externos. Houve uma instabilidade nas políticas de
renda do Brasil. Em 2021, o Auxílio Emergencial foi suspenso, tivemos eleições,
desmonte nas políticas alimentares. A desativação ou a interrupção de políticas
como o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, o Programa de
Aquisição de Alimentos e iniciativas para a agricultura familiar, além da queda
de investimento na merenda escolar, teriam contribuído para o cenário: “olhando
para frente, a gente tem uma visão mais positiva, porque não só esses programas
voltaram como estão melhores”;
· De acordo com a FAO, 735 milhões de pessoas passaram fome no mundo em 2022, 122 milhões a mais do que em 2019. Conflitos climáticos, pandemia e guerra na Ucrânia estão por trás do crescimento. A África continua a região mais afetada: 1 a cada 5 pessoas passa fome, mais do que o dobro da média global.
· 18.522.115 é o número de famílias brasileiras que saíram da linha da pobreza em junho, quando passaram a receber mais que R$ 218 per capita pelo Bolsa Família. Esse é o valor que o governo avalia como sendo o mínimo para alguém ser considerado na faixa da pobreza;
· Em março, o governo federal relançou o programa com o valor mínimo de R$ 600 e adicional de R$ 150, para crianças de até 6 ano. Há benefícios variáveis, como R$ 50 para gestantes, crianças e adolescentes de até 18 anos. Voltaram a valer condicionantes, como:
1. Acompanhamento pré-natal;
2. Calendário nacional de vacinação;
3. Estado nutricional de crianças;
4. Frequência escolar.
Enfim, algumas regiões estão a caminho de atingir algumas metas nutricionais até 2030. Mas, no geral, precisamos de um esforço global intenso e imediato para resgatar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
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