Questões no Brasil de hoje são de tal forma ideologizadas e aparelhadas politicamente que um consenso se torna algo praticamente impossível de alinhavar. São controvérsias que dividem não só a população, mas a própria Corte. E não são posições apenas antagônicas, mas até caminhos alternativos e intermediários. Enfim, tem convicção de um lado, conveniências do outro e até “não resolver” é também visto como única solução possível.
Vejamos algumas:
QUESTÃO. Como entender a cabeça do povo eleitor? Como é que pode o mesmo eleitorado que elegeu Lula preferir também eleger um Congresso amplamente dominado por forças políticas de centro-direita?
QUESTÃO. É preciso tornar o ambiente de trabalho mais inclusivo e abranger cada vez mais gente, sem discriminação. O uso da linguagem neutra é um primeiro passo. Substituir os substantivos “esposa” ou “marido” por “cônjuge” já caminha nesse sentido. O uso de termos mais amplos como “pessoas” ou “indivíduo” atinge a mesma finalidade. A palavra “dependentes” também é boa opção para substituir “filho” ou “filha”, no âmbito das relações de trabalho. E assim por diante.
QUESTÃO. A discussão sobre o marco temporal como critério definidor para a demarcação de terras indígenas virou uma batata quente que os três Poderes passam às mãos uns dos outros, sem que ninguém queira decidir. A polêmica vem da tentativa de estabelecer a Constituição como marco de tempo para que povos indígenas possam pleitear a homologação de novos territórios.
O Marco Temporal tem várias incoerências:
1°) Direitos adquiridos não podem ser
anulados;
2°) Quando se permite a retirada de
direitos de uma minoria, todas as outras estão ameaçadas;
3°) Como não se pode reconhecer a ocupação indígena em locais diversos se, durante a Ditadura Militar, milhares de indígenas foram expulsos de seus locais e não conseguiram retornar (o deslocamento forçado)?
4°) Enfim, e se o Marco Temporal fosse
ao contrário, quem seriam os forasteiros hoje?
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