Se me perguntassem qual é a amostra política que melhor corresponde, hoje, ao modelo hobbesiano, eu me arriscaria a responder: uma ditadura militar “esclarecida”, instaurada com o intuito de realizar reformas estruturais sócio-econômicas (o que quase aconteceu no Peru – o que acontece em alguns países da África Negra).
·
O
Estado que garante os direitos dos proprietários não pode ser um Estado
absolutamente soberano, enquanto cumpre esta função. Boa parte das ditaduras veio
para garantir os interesses dos proprietários, ou de certos proprietários: se é
verdade que o nazismo chegou ao poder ajudado pelos industriais do Ruhr (alguns
dos quais, por sinal, logo se arrependeriam de tal apoio);
· O poder que é necessário para a sociedade de mercado é “uma instituição complementar às trocas do mercado, que se regulam por si próprias”. Nesta representação, o poder é o que deixa funcionar a sociedade, não o que a faz funcionar.
Enfim, o liberal é um homem de quem ter pena,
porque está às voltas com um problema insolúvel: determinar até que ponto pode
serrar o galho no qual está sentado, sem correr o risco de quebrá-lo. É
também, por princípio, um cidadão insatisfeito. Que escureça o horizonte
social, que cresça o espectro do “socialismo” – e ele se torna partidário de um
“regime forte”. Que este se instale, suprima as liberdades civis e se interesse
de muito perto pelo funcionamento da economia – o liberal espuma de indignação
e volta a ser homem de esquerda. Ou de centro-esquerda.
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