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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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quarta-feira, 21 de junho de 2023

A Vontade de Saber.

 Um livro de Michel Foucault, A Vontade de Saber, assim resumido:

1)     Por que reduzir a dominação à proibição, à censura, à repressão escancarada? Por que só pensar no poder enquanto limitador, dotado apenas do “poder do não”, produzindo exclusivamente a “forma negativa do interdito”? O poder é menos o controlador de forças que seu produtor e organizador. Desde o fim do Século XVI, o poder político é, antes de mais nada, a instância que constitui os súditos sujeitos ao dobrá-los a suas pedagogias disciplinares (ensino, exército, etc.).

2)     Se esta verdade ainda passa desapercebida é porque, “no fundo, a representação do poder continua sendo obcecada pela monarquia”, e pela representação jurídica que esta suscitou. Daí a necessidade de “decifrar os mecanismos do poder” deixando de recorrer-se à personagem do Príncipe. O poder é instaurador de normas, mais que de leis.

3)     Deixaremos, então, de representar o poder como uma instância estranha ao corpo social, e de opor o poder ao indivíduo. Afinal de contas, ainda é muito tranqüilizante interpretar o poder apenas como “um puro limite imposto à liberdade”. Representação que, além disto, é muito grosseira. Na verdade, encontramos as relações de poder funcionando em relações muito distintas na aparência: nos processos econômicos, nas relações de conhecimento, no intercurso sexual... De modo que, “no princípio das relações de poder, não existe, como matriz geral, uma oposição binária e global entre dominantes e dominados”.

Michel Foucault desenvolveu em Vigiar e Punir e n’A Vontade de Saber: o poder moderno não é mais, essencialmente, uma instância repressiva e transcendente (o rei acima dos seus súditos, o Estado superior ao indivíduo), mas uma instância de controle, que envolve o indivíduo mais do que o domina abertamente.

Podem diminuir as proibições, abolir-se a pena de morte, abrandar-se o regime das prisões, etc... , porém o sistema disciplinar, a que nos vemos submetidos até em nossa vida privada, cresce, discreta, mas continuamente. O Estado moderno é menos abertamente dominador, e mais manipulador; preocupa-se menos em reprimir a desobediência do que em preveni-la. É feito menos para punir do que para disciplinar. Isto, por sinal, foi admiravelmente percebido por Hegel – que descreveu na Filosofia do Direito os mecanismos de integração do indivíduo no Estado e cunhou a fórmula: Der Staat ist eine List (O Estado é uma astúcia).

Em suma, o poder não é um ser, “alguma coisa que se adquire, se toma ou se divide, algo que se deixa escapar”. É o nome atribuído a um conjunto de relações que formigam por toda à parte na espessura do corpo social (poder pedagógico, pátrio poder, poder do policial, poder do contramestre, poder do psicanalista, poder do padre, etc., etc.). Por que, nestas condições, conferir tanta honra ao tradicional e arcaico poder de Estado, constituído na época das monarquias absolutas europeias?

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