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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

domingo, 9 de abril de 2023

Bolsonaro está isolado, mas não morto.

 

Precisamos de bons resultados, e rápido. É a democracia que está em jogo!

Apesar de assumir a responsabilidade de abrir novas perspectivas para os de baixo, Lula precisa investir na nova massa trabalhadora, os que têm renda familiar de 2 a 5 salários mínimos (um grupo intermediário em que o Bolsa Família não os alcança e onde Bolsonaro teve 9 p.p a mais antes da eleição). 36% deles reprovam Lula (índice que é de 47% na população com renda familiar mensal de 5 a 10 salários mínimos) - na média geral fica em 29% que avaliam a gestão como ruim ou péssima. E há urgência de resultados na sua atual gestão. Estamos falando do estrato acima dos mais pobres e abaixo da classe média, que se mostrou poroso aos “soldadores ideológicos” bolsonaristas (evangélicos e militares).

“Dois grupos específicos, os evangélicos e os militares, funcionaram como ‘soldadores ideológicos’ de bloco bolsonarista. E seguirão assim!”

Esse é o núcleo mais ideologicamente organizado, que deseja um país cristão, ao passo que ameaça uma base fundamental do Estado brasileiro, a laicidade. Quanto aos militares, tende a haver uma forte influência do bolsonarismo nesse grupo, que é também muito numeroso e capilarizado. Muitos, da ativa e da reserva, optaram por participar de um governo de extrema direita. A questão militar é muito importante e difícil, mas precisa ser enfrentada não no sentido de se combatê-la politicamente, e sim de como equacioná-la com a defesa da democracia. Os indivíduos na reserva têm direito de ter suas opiniões e participar da cena política, desde que não comprometam as corporações.

A chave da distribuição política e eleitoral do Brasil.

Sabemos que houve um forte crescimento de Lula entre os mais pobres (faixa de renda familiar de até 2 salários mínimos) com a expansão de programas sociais – o “lulismo”. Lula precisa manter esse desempenho, e avançar no extrato que vem logo acima deste (a nova massa de trabalhadores que um dia já foi da Classe C). Bolsonaro perdeu a oportunidade de tentar uma guinada semelhante, bem feita. Afinal, no Brasil há um problema grave de segurança pública e o fundamentalismo evangélico diz que, se você se esforçar, vai melhorar.

Uma série de medidas com foco na classe média. E Lula pode reduzir a rejeição da Classe Média e aquecer a Economia ao mesmo tempo, aumentando-lhe o seu poder de compra – como redução dos juros no cartão de crédito, facilidades de empréstimos em bancos públicos e uma linha do Minha Casa, Minha Vida para famílias com renda de até R$ 8 mil, financiamento de propriedades rurais e programa para estimula a energia solar. Sim, atração pelo bolso, com crédito e alívio na dívida. 

Sobre essas ações, vale ressaltar que o custo para instalar os equipamentos em uma residência pode variar de R$ 15 mil a R$ 30 mil. No fim de março, o governo zerou até dezembro de 2026 os impostos cobrados sobre painéis solares. Também a abertura de linhas de financiamento para médios produtores rurais é dentro do Plano Safra. O governo estuda atingir donos de propriedades de até 100 hectares. Um pedido de atenção aos médios produtores. Enfim, as resistências históricas da classe média ao petismo vão além da economia. A rejeição também é motivada em parte pelos supostos escândalos de corrupção que atingiram o partido nos governos anteriores e valores e uma visão de mundo que o PT não conseguiu compreender. O PT gosta, em alguns momentos, de demonizar a classe média, talvez confundindo-a com elite, mas com certa razão. 

Em outras palavras, é preciso gerar emprego e renda, porque a questão material tende a prevalecer no Brasil em relação a questões de ordem moral e dos costumes, cujo papel é diferente em países com situação geral de renda e bem-estar mais consolidados.

Em 2018, houve uma reação geral do eleitorado contra a política, e Bolsonaro foi visto como um sujeito fora do sistema, embora não fosse. Agora em 2023, há uma urgência maior por resultado porque temos uma grave ameaça à democracia batendo à porta e espreitando tudo o que acontece para achar uma nova oportunidade de adentrar.

O bolsonarismo e seus ataques são uma espécie de show, mas um espetáculo de consequências graves. É um fenômeno que deseja ser aceitável, naturalizado, normal. Mas, não é como uma novela que você desliga a TV e outra vida segue. É um fenômeno que causa estragos reais, mesmo desligando a TV. Atos de selvageria travestidos de roupagem midiática, com capacidade de arrebentar os prédios mais importantes do sistema político brasileiro. E esse bolsonarismo não pode ser considerado parte normal do jogo democrático. Bozo é um líder que usa o radicalismo como estratégia. Mas também joga dentro das instituições, por exemplo, disputando eleições. Isso precisa ser interrompido.

Há um risco potencial de “refluxo autocrático” do verme, capitaneado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que já deram fortes sinais de ruptura democrática. Talvez Bolsonaro suceda ele próprio, pois outro nome não existe ainda. Bolsonaro perdeu, mas com uma boa capacidade de comunicação popular. Não existe isso em Tarcísio de Freitas nem Romeu Zema. E a esquerda também tem esse problema. Lula se consolidou como uma grande liderança popular. Mas, ambos, estão sem sucessores claros, e seguirão sendo as duas figuras centrais. É por isso que a polarização veio para ficar, com a bipolaridade no horizonte. E com pouco espaço para o centro.

Enfim, a chave para o governo Lula prevalecer sobre a agenda moral bolsonarista é gerar emprego e renda. Para Lula, há muito peso da agenda econômica! Nós vamos conseguir, de novo!

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