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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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quarta-feira, 29 de março de 2023

O padrão de ataques em escolas.

São mais de duas dezenas de atentados contra escolas brasileiras em 20 anos.!

Padrão do medo: a violência nas escolas.

·       Massacres em escolas estão ligados às Redes Sociais;

·       Os ataques têm características de agressões inspiradas no extremismo de direita;

·       Os agressores mostram influência de discursos e atitudes da extrema direita, disseminados por grupos na Internet;

·       As intenções violentas são anunciadas nas redes, geralmente exaltando outros atacantes e acompanhadas do uso de símbolos associados a neonazistas (usam os mesmos símbolos e as mesmas referências);

·       Há uso de acessórios incomuns, como máscara negra com o desenho de uma caveira cobrindo o rosto (símbolo associado a supremacistas raciais dos EUA);

·       As ações governamentais devem considerar e tratar esses episódios como de extremismo de direita e não terrorismo (termo que vem sendo usado pela literatura especializada e pela ONU);

·       Todos os casos tiveram ações com grupos, o que pode ser uma dupla. Existe uma núcleo do ataque e uma comunidade favorável;

·       Há motivações ocultas. O agressor alega ter sofrido bullying, ser alvo de chacotas por alguma característica (cabelo, porte físico, etc.), internalizando aí um perfil de violência;

·       Eles recebem ajuda ou são incentivados por terceiros a cometer os atentados (via redes sociais)?

·       Há sinais de desestruturação familiar (pais que brigam em casa e que agridem o estudante, criando nele revolta e ódio);

Como prevenir?

·       Comunidades escolares e parentes precisam ser ensinados a identificar mudanças comportamentais nos jovens e a observar o conteúdo digital consumido por crianças e adolescentes (o aluno agressor de Elisabeth Tenreiro já planejava o ataque há cerca de 02 anos e vinha tentando comprar uma arma de fogo, “eu tinha uma tesoura, além da máscara, e treinava os golpes em um travesseiro”);

·       Criar grupos terapêuticos e espaços de acolhimento em escolas, com psicólogos (“guardei muita tristeza e ódio”);

·       Regulação emergencial para retirada de postagens na Internet com conteúdos sobre ataques a escolas. Há publicações com ameaças que precisam ser rapidamente banidas. As plataformas precisam monitorar as postagens e excluir os conteúdos, a exemplo do que já é feito em casos de pedofilia. É preciso discutir de forma mais ampla e profunda o tema com representantes das empresas.

·       O Ministério da Justiça também colocou no ar uma página da Internet para receber denúncias e informações sobre ameaças e ataques a escolas: mj.gov.br/escolasegura. Todas as denúncias são anônimas e as informações serão mantidas sob sigilo. 

“De certa forma, ao cometer um crime pavoroso, eles saem da condição anônima de jovens rebaixados, se inscrevem nessa história de assassinos célebres e conseguem o reconhecimento que tanto procuram. Por meio de um expediente criminoso, conseguem se fazer ouvir e externar sua dor – inflingindo uma dor imensa às vítimas e suas famílias. A busca de reconhecimento pelos pares deve ser o que faz com que os atentados aconteçam em escola (e não em centros comerciais ou noutros locais públicos). Querem se comunicar e impressionar outros adolescentes –e não nós, os adultos”. 

·       O que move adolescentes e crianças a cometer assassinatos em massa? Os agressores normalmente (mas nem sempre) têm problemas mentais, de tipos diversos, e enfrentaram um período recente de forte adversidade social (bullying, desemprego ou humilhação) ou agravamento de sua condição psicológica. Só de uns para cá alguns respondem a essas situações planejando e executando massacres.

·       Há nos agressores um sentimento de onipotência na idealização dos massacres. Há aí uma imaginação de exercício de poder de vida e morte sobre os colegas, como um Deus.

·       Há uma busca de reconhecimento, uma espécie de redenção, de salvação por meio do crime mais abjeto. Muitos agressores participam de comunidades virtuais com outros jovens que cultuam massacres passados. Algumas dessas comunidades parecem ser organizadas por adultos (um instigador).

·       Há uma realidade subjacente de sofrimento e opressão que é a verdadeira causa destes atentados. Estamos falhando enquanto sociedade. É bastante claro que não se trata apenas de distúrbio psicológico dos agressores, mas de um a moléstia social do nosso tempo.

·       Instituições investem em detectores, seguranças armados, treino e catracas.

Como reagir e tratar esses casos?

O que fazer para preveni-los?

Por que se tornaram frequentes no Brasil?

- A disseminação de uma cultura de violência e uma crise geracional de saúde mental entre jovens, ambos potencializados pelo “território livre” das redes sociais, além de dados conjunturais brasileiros como a facilitação do acesso às armas.

- Clima de violência é fruto dos instintos despertados pelo bolsonarismo.

- O novo Governo precisará reduzir arsenal em poder da população. A facilitação da compra de armas também alimentou o crime organizado – e a sociedade continua mais ameaçada. O destino de boa parte das armas compradas legalmente tem sido as organizações criminosas, graças ao “liberou geral” ou à permissividade das novas normas do Governo Bolsonaro relativo ao acesso às armas. Os CAC’s ou supostos “cidadãos de bem” têm usado registros legais para abastecer o já extenso arsenal de milícias. Enfim, da fábrica ao crime.

- Tamanho e letalidade do arsenal. A facilitação para compra, posse, porte e transporte de armas e munições promovida no governo Bolsonaro fez disparar os números. De dezembro de 2018 a julho de 2022, a quantidade de armas com CACs subiu de 350.683 para 1.006.725, um aumento de 187%. Mudanças na legislação permitiram a cada CAC comprar até 60 armas. Assim, está em circulação um arsenal, que inclui armas pesadas, como fuzis, cujo uso deveria permanecer restrito.

- Histórias banais que se transformaram em tragédias porque havia em cena uma arma.

- A tarefa não é nada fácil. O Governo precisará agir em várias linhas, como dificultar a compra de novas armas e de tentar conter a profusão de CACs, além de agir para reduzir o arsenal existente. Afinal, com tantas armas nas mãos de cidadãos sem treinamento para usá-las, ou de milicianos e traficantes treinados em suas guerras particulares, a sociedade permanece sob risco constante.

Enfim, “é dever dos municípios manter a segurança nos ambientes escolares municipais e, o atentado em escolas, só evidencia a falha da prefeitura”. Afinal, é dever dos agentes municipais evitar o acesso ao ambiente escolar de pessoa que porta arma ou que ponha em perigo a vida das pessoas.

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