Há excessos na direita e na esquerda! E muito há que aprender no Centro e em todo lugar!!!
O Brasil é plural, mas em nome disso há consequências práticas e políticas. Elas brotam da educação – ou da falta dela. De um país com mais de 208 milhões, concordâncias e divergências são esperadas em grandes populações. Assim, não se pode definir tanta gente por alguns clichês.
A população fica rachada em temas que aqueles com maior renda ou melhor formação tendem a considerar “resolvidos” ou “pontos pacíficos numa democracia moderna”. Para citar apenas alguns temas polarizados, vejamos:
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56% dos pais brasileiros consideram normal que crianças que passam
dos limites apanhem (42% discordam);
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41% acham que a escola não é local apropriado para debater
sexualidade com adolescentes (56% acham que é);
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46% se incomodam com gays e lésbicas se beijando em público (48%
não veem problema);
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73% acham que o aborto não deveria ser legal;
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67% são contra a legalização de cassinos e jogos de apostas.
(Dados: pesquisa Quaest).
A visão conservadora não está restrita à direita, embora seja majoritária. No caso do castigo físico às crianças, apenas 9 p.p. separam eleitores de Bolsonaro e Lula sobre o tema. Na repulsa ao beijo gay, no repúdio à legalização do aborto e no debate escolar sobre sexualidade, a diferença gira em torno de 20 p.p. Isso mostra que o conservadorismo não tem coerência ideológica.
Seria possível encontrar verdade na premissa reversa? Vejamos...
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67% dos lulistas e 68% dos bolsonaristas reprovam os cassinos;
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92% dos brasileiros acreditam que é preciso haver mais fiscalização
para impedir o desmatamento da Amazônia (percentual idêntico entre eleitores de
Lula e Bolsonaro);
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92% acham que pagamos impostos demais (90% dos lulistas e 95% dos
bolsonaristas);
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64% acham que políticos não deveriam ocupar cargos nas estatais (68%
dos bolsonaristas e 60% dos lulistas);
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58% acham que as mulheres não têm mais dificuldade para alcançar o
sucesso profissional (percentuais idênticos nos dois grupos).
(Dados: pesquisa Quaest).
Olhando bem as porcentagens, é preciso levar em conta seus sentimentos para não ter consequências dramáticas. Afinal, o Brasil é mais conservador do que muitos gostariam. Ora, que sentimento é esse? É aquele em que a pauta difusa de reivindicações é menos importante que o impulso de ir às ruas para protestar. Erupções sociais ou movimentos descoordenados de revolta surgem sem aviso prévio ao radar de partidos, sindicatos, academia ou imprensa. É um animal feroz sem rédeas que pode atacar uns e outros.
Não são apenas os políticos que lidam com o público. Todos que mexem com gente não deveriam ignorar ou desafiar o sentimento predominante na população em nome de crenças ideológicas ou de alguma pretensa missão civilizatória.
As minorias precisam ser consideradas e respeitadas, mas nem elas também devem ser impostas. Suas lentes não podem ser o foco de referência que ignora o que se passa ao redor. É uma atitude de extremo risco, altaneira para uns e arrogante para outros.
Enfim, o certo é
aprender a conviver com as diferenças e a respeitar opiniões contrárias, em vez
de as colocar em conflito, comparação ou competição. Convivência é norma em
toda sociedade civilizada, e regra para a sobrevivência social de cada um e de todos.
A beleza está no conjunto.
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