TESE: Usar a esquerda para implantar a direita. Usar a direita para implantar a esquerda.
Essa é a minha tese central para compreender a complexa realidade metafórica na qual vivemos quando não estamos imersos no metaverso das redes sociais – esse mundão todo dentro de um mundinho virtual que tenta replicar a realidade, sem êxito.
Busquemos com muito esforço a lógica peculiar dessa extrema direita. Os avatares amarelos e embandeirados estão lutando por democracia enquanto clamam por um golpe contra o Estado Democrático. Cantam o hino nacional como se fosse uma canção do Carlinhos Brown, sem dar bola para a letra. Se iluminam com “o sol da liberdade, em raios fúlgidos”, ao mesmo tempo que “autorizam” uma ditadura. Exaltam “o penhor dessa igualdade”, querendo impor sua vontade à maioria. Falam “de amor e de esperança” e dá-lhe violência para bloquear estradas e tentar disseminar o caos. Passam por “nossos bloqueios têm mais vida” como se nada tivessem a ver com desmatamento, garimpo ilegal, desmonte do Inpe. Não se vexam de entoar “se ergues da justiça a clava forte” enquanto erguem a clava forte contra Justiça. E pulam a “paz no futuro” para forçar numa suposta “glória no passado”. Enfim, uma inversão total de valores. Quem cumpre a Lei, agora é perseguido...
Já a dimensão paralela da esquerda é metafórica. Sabemos que a metáfora existe para não ser levada ao pé da letra. Tivemos que usar as armas do inimigo para combatê-lo. Foi por isso que embarcamos de cabeça nas redes sociais, combatendo Fake News e denunciando o mal travestido de bem. Tivemos que aguentar as nossas tão caras manifestações de rua tomadas por uma direita aloprada falando de democracia enquanto pregava a ditadura. Conservadores travestidos de progressistas falavam de saúde quando dificultavam a vacina e os investimentos em saúde. Pregaram o ódio falando de amor ao capitão e ao Brasil. Enfim, tentaram barrar a campanha e a vitória de Lula, sem sucesso. Só poderíamos herdar desse gente um rombo nas contas públicas e um Orçamento Secreto para aguçar o apetite corrupto do Centrão. Isso talvez torne nossos sonhos metafóricos demais. Muito mais a ação nefasta de um desgoverno do que a própria natureza do nosso desejo por um país mais justo e igual. Sim, teremos que lidar com a responsabilidade fiscal e esse troço do Orçamento.
Enfim, eles querem viver enquanto morremos, mas nós viveremos enquanto resistência. Sim, queremos comer picanha, tomar cerveja, namorar e voltar a andar de avião. E isso não é usar a direita para implantar a esquerda. É gozar um direito que temos como qualquer outro cidadão brasileiro em qualquer posição política.
Identitários:
mulheres, pardos, negros, Nordeste, religiosos de matriz africana, indígenas,
LGBTQIA+, pobres. União das minorias ou das maiorias minorizadas. Esculachados
nesses anos todos. Ataques, risco, luto, empobrecimento, fome, a gente se virou
como pôde. Mulher negra, do candomblé e jornalista. Muita gente sofreu e não
arredou o pé. Não se corrompeu diante da eleição mais espúria, em termos de
abuso do poder econômico e político, da violação das urnas eleitorais e
constitucionais, ninguém se vendeu, sabedoria, beleza e força de caráter
impressionante.Vamos à luta!
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