Queria tanto o trono. Quando o consegui, quebrei!
Quais são os seus princípios? Meio à
complexidade do mundo e suas tramas, eles conseguem te traduzir?
Filme nasce na África antiga, passeia pelo Oriente Médio e América e mira o futuro questionando as definições morais de “herói” e “vilão”: Teth-Adam (Adão Negro).
Aprendemos que o herói é uma pessoa boa e incorruptível, e o vilão é um ser mau e com objetivos que só vão beneficiar a si próprio. Esse filme se situa entre esses dois polos, construindo o protagonismo do "anti-herói" – um debate sobre a necessidade de novos heróis da realidade em tempos sombrios. Assim, questiona: há, portanto, mais de uma forma de se fazer justiça? Afinal, “os cemitérios estão cheios de heróis”. E, a história, cheia de mártires.
Deixa de sonhar e vamos trabalhar o enredo...
Começa assim: o cara tem um belo filho que acredita na figura do herói como aquela capaz de ativar a revolução de um povo conformado com a opressão rumo à liberdade. “Se tivéssemos mais heróis, a liberdade talvez não seria apenas um sonho. Se lutarmos juntos, derrotamos o Rei”. O espaço da trama é Kahndaq, uma região que sempre sofreu com tiranos e governos violentos. O tempo que é psicológico, pois começa com a tentativa de combate à escravidão na Antiguidade pelo rei Ahk-Ton (2.600 a.C) e salta 5 mil anos até chegar um pouco mais além no nosso século XXI, com mercenários internacionais ou agentes do neoimperialismo tentando fazer a mesma coisa – “vem do outro lado do mundo para roubar os recursos naturais do meu país, minerar nossas terras sagradas, poluir nossas águas, reprimir nossa cultura e nos fazer esperar em filas”. É o passado e o futuro mostrando que o mundo muda, as pessoas também mudam, mas as formas de poder e dominação continuam. Daqui nascem os “heróis”, os “vilões” e algo novo – “o anti-herói” nesse filme.
A maça cinzenta do anti-herói se revela logo na conduta de Adão Negro. Enquanto seu contraponto, o Gavião Negro, acredita que “no mundo moderno, não ferimos prisioneiros. Os tratamos com dignidade e respeito”, isso com ele não cola! E vai ao clímax no final quando o mal sectário literalmente se encarna para logo descobrir que só outro mal à altura, porém, um pouco mais flexível, é capaz de combatê-lo. “Estávamos errados sobre você. O mundo nem sempre precisa de um cavaleiro branco. Às vezes precisa de algo mais sombrio para vencer o mal”. Palavras de reconhecimento da “Sociedade de Justiça da América” ao anti-herói. “O tipo de justiça que você faz pode escurecer sua alma. Mas, é justamente essa escuridão que permite fazer o que os outros heróis não podem”. Está posta uma pessoa sem tara para trabalhar em equipe, mas que consegue dar a sua contribuição decisiva ao coletivo!
Ou seja, não espere que a amizade, o Senhor Destino ou a Justiça politicamente correta salvem a pátria. O protagonismo é alfa! É como se fosse um combate de UFC, onde a torcida vibra pelo duelo, não pela causa. Por isso tem muita pancadaria. Mas, o protagonista é um meta-humano com poderes divinos, movido por paixão e com um coração partido, como qualquer pai. "Ele perdeu a família, então está tentando entender quem é. Ele é movido a vingança, mas pelo melhor dos motivos, ele quer libertar seu povo, e sabe onde está sua lealdade". Os heróis que temos hoje são inspirados no amor e na luta de nossos pais, lidando com a opressão e duelando por algo em que acreditam.
Enfim, às vezes as pessoas são até boas,
mas o mundo as caleja tanto que elas se tornam más. Aí temos que cavar bem fundo
na história de vida delas para achar um herói dentro de um aparente vilão sem propósito. Uma pessoa cruel, mas que tem como primeiro instinto salvar outra
pessoa. É o anti-herói frustrado e favorito. Campeão!

Nenhum comentário:
Postar um comentário