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Bolsonaro elegeu 20 de 27 senadores, e a bancada de seus aliados
está gigantesca na Câmara, com 273 deputados. Isso terá implicações relevantes
no novo governo. O orçamento secreto já produziu muitos efeitos nestas
eleições. Se pensarmos na questão da governabilidade, em caso de reeleição,
praticamente não existirá resistência no Congresso, e o
atual presidente ainda terá o bônus de nomear 2 novos ministros para o STF.
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Se
Lula se eleger, haverá exigência de grande habilidade de negociação e composição para encontrar caminhos de governar com a maior
bancada conservadora/reacionária desde a redemocratização. E hoje o panorama econômico é muito diferente de 20
anos atrás, com grande necessidade de ajuste fiscal sério.
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As
pautas, que normalmente movem as pessoas a se identificar politicamente,
ficaram em segundo plano.
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A independência da Justiça é condição
essencial para a sobrevivência de qualquer democracia. O “empacotamento” de
tribunais superiores é a marca de ditaduras e autocracias. Na prática, equivale
a um golpe. Foi o que fez, na ditadura militar brasileira, o presidente
Castello Branco, ao elevar de 11 para 16 os ministros do STF, na tentativa de
acabar com uma maioria desfavorável aos militares (com o AI-5, 3 foram
aposentados, 2 renunciaram e o presidente Costa e Silva restabeleceu os 11). O
cBozo passou a defender com mais força o aumento de cadeiras do STF de 11 para
21, alegando que a atual composição da Corte é muito esquerdista. Há um clima
geral de tentativa de controlar as decisões e manter uma aparência de
normalidade democrática.
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O grande vencedor do 1º turno foi o
Orçamento Secreto, ao mesmo tempo reelegendo-se e sendo o grande eleitor.
Reelegeu o Parlamento. Encaminhou a reeleição de Lira à presidência da Câmara,
o que equivale também à reeleição do controle do mecanismo. A medida da força
eleitoral do troço é grande. O bolsolão fez bancada bolsonarista. A gestão
autoritária de quinhão bilionário elegeu, em contagem conservadora, cerca de
250 parlamentares. A competitividade eleitoral do bolsonarismo neste 22,
palpável na formação do Congresso, deriva de um esquema de corrupção. É a
corrupção que financia o movimento autocrático. A musculatura de Bolsonaro,
neste segundo turno, vai anabolizada pelo sucesso de um esquema de corrupção
que, reeleito o presidente, tem corpo e caixa prontos para bancar um Orbán
(presidente da Hungria).
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