“Não existem dois Brasis”.
Resgatamos nossa bandeira!
Foi a mais acirrada disputa pelo Planalto já ocorrida! Enfrentamos ódio, fascismo e o uso pesado da máquina do Estado a favor da barbárie. Não estava em jogo apenas uma vitória, mas a própria Democracia. Apesar de todos os obstáculos, alcançamos a chegada, vitoriosos (com o recorde de 60,3 milhões de votos ou 50,89% contra x 58,2 milhões de votos no JB ou 48,91%, apenas 2 milhões a mais) demos um basta ao autoritarismo tóxico e aos desmandos contumazes do fracassado JB (único presidente no mandato a não conseguir reeleição).
Lula se torna o primeiro político brasileiro a conquistar três mandatos nas urnas (democraticamente). Será o mais velho a assumir o cargo, em 1º de janeiro, aos 77 anos. Concluído seu 3º mandato, Lula terá ficado 12 anos no poder (período superado apenas pelo ditador Getúlio Vargas). A vitória foi fruto de um imenso movimento democrático que se formou acima dos partidos.
Lula deseja conversar com todos os setores da sociedade para construir consensos. Aliás, capacidade de diálogo e negociações é uma das suas principais qualidades. Logo, vai precisar jogar muito para reerguer o país dos escombros do bolsonarismo.
“A Constituição rege a nossa existência coletiva, e ninguém, absolutamente ninguém, está acima dela, ninguém tem o direito de ignorá-la ou afrontá-la” (Lula, em seu discurso da vitória).
A direita espera que Lula aja como líder de uma frente plural, não como ungido por uma facção. Espera-se que ele se aproxime mais do Centro com mais viés político e menos ideológico. Será uma disputa acirrada nos diagnósticos e nas definições de prioridades, no tocante à competência de execução das políticas públicas. Assim, a direita está cheia de perguntas: qual sua proposta para substituir o teto de gastos e se equilibrar nas contas públicas? Que fará a respeito da reforma trabalhista e das privatizações? Que tem a dizer sobre as reformas tributária e administrativa? Qual será o papel dos investimentos do Estado e dos bancos públicos? Enfim, o Congresso trocou seu poder legítimo, de legislar e fiscalizar o Executivo, pela prerrogativa ilegítima de desviar larga parcela dos recursos públicos por meio do “orçamento secreto”. Terá Lula a ousadia de mobilizar o capital eleitoral acumulado para formar uma maioria parlamentar disposta a derrubá-lo?
Mais recentemente, em nome de uma “democracia militante” ausente das leis brasileiras, confundiram o indispensável combate ao golpismo com o direito de censurar a opinião idiota. Lula terá a coragem de explicitar os limites entre justiça e política, tanto pelo uso da palavra presidencial quanto por suas indicações ao STF e à PGR? E essa facção de altos oficiais militares da reserva que instilou a política no interior dos quartéis? São centenas de postos na administração direta e estatais em que se empregou militares. A “anarquia militar” voltou a rondar o Brasil. Terá Lula o desassombro de reverter inteiramente esse curso de militarização da vida pública, começando a tarefa pela nomeação de um civil para a Defesa e concluindo-a pelo patrocínio de legislação que vete a atividade política a militares da reserva remunerada?
Em termos monetários, será preciso um
esforço fiscal na casa de R$ 240 bilhões, sem contar as despesas represadas,
como reajuste do funcionalismo, as medidas eleitoreiras de difícil reversão ou
as promessas de campanha que representam despesas extras acima de R$ 100
bilhões.
Essa direita traça dois perfis de Lula:
1º) O social-democrata (da 1ª metade do 1º mandato): defendeu um
ajuste fiscal de longo prazo capaz de reduzir a dívida pública, aumentou o
superávit primário, promoveu reformas para melhorar o ambiente de negócios,
aperfeiçoou instrumentos de crédito e reduziu restrições à concorrência no setor
privado.
2º) o nacional-desenvolvimentista (que veio em seguida): apoiou o aumento
dos gastos, a distribuição de benefícios aos aliados do governo, setores e
empresas escolhidos a dedos em troca de apoio ao projeto de governo e que se
expôs a golpes como o da Lava-Jato e muitas acusações infundadas de corrupção.
Assim, resumiria a direita: “Lula está lá não apenas por ser Lula, mas sobretudo por não ser Bolsonaro”. Dele espera um líder da coalizão plural pela democracia que o devolveu ao poder. Não creio que a gigantesca tarefa de recolocar o Brasil no rumo dependa apenas de um novo presidente, mas não seria possível fazê-lo sem ele. O processo de redemocratização que nos trouxe do exílio vive uma nova chance. Agarremo-la com força!
Enfim, o triunfo de Lula representa o
êxito da Democracia, ameaçada nos últimos quatro anos pelo bolsonarismo. A
história do nosso novo presidente é repleta de reveses e superação ao longo de
toda a sua vida. Estamos em boas mãos!
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