A obrigação de pensar.
O que exige esforço máximo, quase inalcançável por cada um de nós, é a obrigação não nata de pensar no que somos. Afinal, vez por outra, vale a pena fazer uma pausa na busca da felicidade e simplesmente ser feliz.
Para o homem conseguir viver na fenda do tempo, isto é, entre o passado e o futuro, será preciso que ele admita que em nosso tempo tudo é possível. Assim, terá de ser capaz de se confrontar com o que somos, de olhar com honestidade para o que nos tornamos e de saber o que queremos. Encarar-nos. Pensar é a única atividade capaz de se interpor entre nós e o mais hediondo dos males.
Por longo período da História a tradição, a religião e a autoridade funcionaram como substitutos. E ainda funciona. Essa tríade voltou com força em 2022, em roupagem nova. Amoral, violenta, desumanizante, retrógrada... Ela é bolsonarista.
Então dói... Dói ver um país ser rapinado, ver corrompidas suas instituições públicas, aviltadas sua honra, decência e esperança. E o futuro de gerações?
Queremos um Brasil que nunca existiu. Ou seja, livre do racismo e das desigualdades que sustentam o país há 500 anos. Chega de utopias, distopias, ilusões e idealizações. Chega de slogan ilusório de país do futuro. Chega dessa de continuar a olhar para a frente, para o que pode ser. Chega, por fim, dessa mania de grandeza que só nos faz beirar o abismo da pequeneza.
Enfim, “o homem é como uma fração cujo numerador é o que ele realmente é, e o
denominador é o que ele acredita ser. Quanto maior o denominador, menor a
fração” (Tolstói).
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