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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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sábado, 22 de outubro de 2022

A era das múmias despertas.

 

 “Certos valores torpes passaram a ocupar todos os lugares privilegiados e importantes do espírito. Uma doença misteriosa devorou a pequena genialidade dos velhos tempos – já muito pequena” (Musil, o curso de uma nova era).

É muito preocupante saber que várias pessoas apoiam o regime democrático pensando estritamente no direito de depositar voto na urna. Há aí um sério problema de definição e vivência do conceito. Embora primordiais, eleições não encerram a questão, pois infelizmente não impedem que democracias sejam solapadas.

Ao bagunçar o processo eleitoral e manipular o voto, o ataque ao sistema democrático se dá por dentro, pelo enfraquecimento das instituições que garantem o funcionamento de uma sociedade livre. Daí são muitos os alvos: a imprensa, os tribunais, as regras escritas e não escritas.

Também enfrentamos outro problema alarmante: as redes acordaram a múmia reacionária no Brasil e no Mundo. Por isso que o futuro dos democratas é a resistência. Eleição não é passeio, sortilégios e indignidades.

Assim, mais que eleições livres, a democracia exige liberdade de expressão, reunião e associação. Depende da independência do Judiciário, do reconhecimento dos resultados eleitorais e de uma infraestrutura institucional que inclui partidos políticos para dar voz a demandas, imprensa livre para informar e criticar e tribunais para proteger os direitos dos cidadãos, garantindo respeito às minorias e alternância de poder.

A primeira disposição de Jair Bolsonaro (o Plano A) sempre foi o golpe, que tinha o Centrão com muita disposição para sucessivos golpes legislativos. Não fluiu, ele partiu para o Plano B: essa disputa em ação com a mesma máquina de desinformação que atuou em 2018, só que agora ainda mais agigantada por recursos públicos. Ainda há um Plano C, o autogolpe em forma de subordinação pelas fake news que tentam desesperadamente transformar eleitores de bem em inimigos da democracia com o próprio poder de voto que tem. Um Plano D aguarda lá na frente a contestação do resultado das urnas caso ele contrarie a reeleição do presidente. Há também o Plano E sendo montado na composição conservadora do Congresso Nacional neste exato momento. E é possível que mais planos perversos estejam sendo criados... Ao que todos eles indicam que, vença Lula ou Bolsonaro, os dias de resistência só estão começando para a disposição dos resistentes em desconstruir planos antidemocráticos.

Pesquisas têm demonstrado que o apoio à Democracia aumenta conforme a renda e a escolarização do entrevistado. O que significa que a melhor arma para combater as “múmias despertas” é a educação. Precisaremos recolocar a política nos espaços em que ela nasceu e dos quais nunca deveria ter saído – os espaços públicos, no trabalho, na escola, faculdades, entre amigos ou com a família, e até na reflexão dos Evangelhos de Jesus Cristo, entre outros, sem que isso gere conflitos, ameaças, medo ou até agressões e mortes. Democracia é civilidade e só uma boa educação politizada humaniza.

Enfim, é preciso repudiar as investidas contra o próprio regime democrático. E isso deve ser feito cotidianamente, pois a democracia vive e sobrevive no zelo diário das nossas relações. Essas relações continuarão ditando o nosso presente e o nosso futuro.

Outras conclusões importantes:

·       Aquele 1,57 ponto percentual que faltou a Lula no dia 2 levou o país a olhar para o abismo. E agora o abismo olha para o país. Ainda que Bolsonaro seja derrotado, miasmas do vale-tudo empestarão o futuro.

·       São raras as ditaduras que não proclamam “Deus acima de todos”.

·       Sempre considerei Bolsonaro um adversário perigoso. Ele faz um governo sem virtudes, isto é, comanda uma gestão nefasta que não faz distinção entre o legal e o ilegal, o legítimo e o ilegítimo, o moral e o imoral.

·       A tropa de Bozo manteve-se unida com a tese conspiratória sobre as urnas (comandou a agressão à Constituição, à Lei de Responsabilidade Fiscal e à Lei Eleitoral para interferir nas urnas).

·       Bozo está criando a jurisprudência dos sem-limites.

·       Depois de 2022, será muito difícil definir o que não pode fazer um governante em busca de um segundo mandato.

·       Lula ainda resistir como favorito é um quase milagre de sua biografia.

·       Foi despertada uma múmia que morava nas catacumbas da civilização, mantendo aprisionados com ela todos os males do mundo (e teremos que lidar com ela daqui para frente). Estamos falando aqui da nova composição futura do Congresso Nacional. Teremos de lidar com essa múmia todos os dias. E já estamos começando a aprender como funciona a indústria de “fake News” do bolsonarismo.

·       Investidas contra o regime de liberdades partem de “múmias” que acordaram não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Trata-se de um fenômeno das sociedades contemporâneas em tempos de redes sociais.

·       O regime de liberdades (democrático), em nome de seus valores pluralistas, ainda se defende muito mal.

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