Quando o ecossistema midiático muda, muda a política também, já que os políticos são perseguidores de multidões. Acho que sim, a tendência (de as redes sociais terem impacto nas eleições) pode se repetir.
As campanhas 2022 estão acontecendo nas redes, e estão piores do que as de 2018. É que agora não temos apenas os canais sociais do Facebook, do WhatsApp e do YouTube, mas também o Telegram, o TikTok e o Kwai. Na verdade, as campanhas estão acontecendo nestas plataformas de vídeos curtos e jogadas/assistidas naqueles. Não há espaço para pensar nem debater projetos, mas apenas consumir as campanhas no formato de entretenimento audiovisual com emoções – feito com uma fala tirada de contexto, o isolamento de uma expressão facial ruim, a falsificação de um instante, a criação de algo que nunca aconteceu, anúncios que insuflam a violência política e o descrédito no sistema eleitoral, etc.
As principais plataformas de entretenimento e comunicação pessoal em atividade no Brasil são terreno fértil para ameaças reais à democracia. Estamos na segunda eleição presidencial em que essas companhias pouco fazem pela seriedade e responsabilidade na política, isto é, pelo compromisso com os valores democráticos.
E o conteúdo dessas produções é uma tristeza. Em vez de debates de projetos temos é a pauta de costumes — com destaque para o discurso anti-pluralista, valores religiosos e de direita.
Enfim, os recursos da internet estão aí,
somados com a inteligência artificial para fazer o jogo sujo da politicagem digital
que une a falta de contexto ao consumo passivo da desinformação eleitoral. O que fizeram com os filtros?
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