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“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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domingo, 14 de agosto de 2022

Saúde – 2022

Qual o papel do Estado na saúde?

Como tornar o SUS ainda melhor?

A Constituição Brasileira colocou o acesso à saúde como um direito de todos os brasileiros.

O SUS se mostrou imprescindível diante de uma demanda gigantesca por atendimentos durante a Pandemia (os casos agudos). Agora, mais do que nunca, o sistema será buscado por causa dos casos crônicos herdados da Covid-19. São 150 milhões os brasileiros exclusivamente dependentes do SUS, seja para curar um resfriado, tomar uma vacina ou se submeter a uma cirurgia.

A decisão crucial a ser tomada no Palácio do Planalto para tornar o SUS sustentável e mais eficiente gira em torno de três grandes eixos:

1.     Elevar o gasto público com saúde dos atuais 3,96% do PIB para o patamar de 5% do PIB;

2.     Aprimorar a coordenação e otimização dos recursos destinados à saúde (de modo a tornar os gastos mais transparentes e a prestação de contas uma obrigação do setor público para com os pagadores de impostos);

3.     Ter uma ideia clara de como vai tratar as atuais desonerações que favorecem o setor privado.

Cabe ao Ministério da Saúde articular ações e coordenar o serviço de vigilância de alta complexidade e de organização geral de redes de atenção do SUS. A coordenação do sistema está atualmente fragmentada. Só avançaremos no ganho de eficiência e melhoria dos serviços se todos trabalharem juntos. A atenção primária é municipal, mas os hospitais são estaduais e os recursos, em parte, são federais. Tudo isso tem que estar alinhado!

Nunca foi tão importante reforçar a recomendação sobre a  coordenação do sistema, em especial da rede hospitalar. O Brasil tem uma rede hospitalar muito diversa. Há muitos hospitais com baixa ocupação de leitos. Mais de 70% dos municípios brasileiros são pequenos – com cerca de 20 mil habitantes – e não têm escala para prover serviços essenciais de saúde. Sua existência se justifica pelo atendimento primário. Na atenção de média e alta complexidade, sobretudo hospitalar, porém, a escala e volume são decisivos.

Assim, algumas das formulações inteligentes de políticas públicas para a saúde são:

·       É necessário elevar os gastos com saúde dos atuais 3,9% do PIB para 9% do PIB;

·       Hoje, 60% da rede hospitalar é privada. Só 40% é pública e parte ainda está sendo gerenciada por Organizações Sociais (OSs). O Estado tem que fazer esse controle, mas precisamos de integração entre municípios, Estados e a União;

·       Temos cerca de 7 mil hospitais no Brasil, sendo 70% com menos de 50 leitos. Um hospital desse tamanho não é um hospital, não tem tecnologia para atender a demanda. Não tem UTI, por exemplo. Mas ninguém tem coragem de fechar porque eles geram empregos. Então é preciso investir e ampliar. Se os recursos fossem do município, ele poderia transformar esses hospitais numa estrutura bem maior e melhor, o que perpassa pela vontade política;

·       Investir em outras unidades de saúde, unidades de atenção básica e saúde da família;

·       Se aprovamos a universalização dos serviços de saúde na Constituição, o caminho é desprivatizar o sistema, cortando subsídios aos hospitais particulares, canalizando os recursos necessários para o SUS (aprimorando sua governança, controle de custos e de eficiência);

·       Aumentar a oferta de serviços de apoio diagnóstico e terapêuticos;

·       Mudar os critérios de repasses financeiros com foco em resultados, e não somente no número de leitos;

·       Alguns movimentos de terceirização em casos específicos não são tão graves se forem acompanhados de cobrança, avaliação e controle;

·       Temos de desprivatizar o sistema de saúde. Dar menos subsídio para o privado, menos crédito para o privado (no final dos anos 80 e início da década de 90, o Brasil era o país com o maior número de leitos privados por habitante entre 52 países de baixa e média renda nos continentes americano, africano e asiático – 2,5 leitos privados por habitante comparado à média de 0,45 leito privado por habitante para o conjunto dos países estudados);

·       Fazer com que os hospitais privados titulados como instituições filantrópicas cumpram rigorosamente a cota de atendimentos públicos acordada;

·       É urgente uma integração racional entre os dois sistemas público-privado. Ambos precisam se complementar e não se colocarem como concorrentes (sendo a maior distorção a possibilidade de uma pessoa com recursos para pagar um plano de saúde privado continuar usando o SUS, especialmente quando precisa de um procedimento complexo ou de um medicamento de alto custo; ou ainda, 61,72% dos médicos infectologistas atuavam no SUS antes da pandemia; hoje, são 57,65%; ou ainda, 40,94% dos médicos pneumologistas atuavam no SUS antes da pandemia; hoje, são 36,79%);  

·       Buscar mais transparência nessas relações público-privadas com o uso intenso das novas tecnologias digitais;

·       Ter o histórico do paciente no Prontuário Eletrônico é fundamental para não ficarmos repetindo os mesmos exames. Em um ambiente global hiperconectado, não faz sentido que o maior e mais complexo serviço de saúde pública do mundo, o SUS, não seja também vanguardista no uso de dados para dar coerência e eficiência para a sua atuação;

·       Digitalizar o sistema de maneira ampla, com a implementação em tempo curto do Prontuário Eletrônico. Essa ferramenta é fundamental para não ficarmos repetindo exames desnecessários. O Prontuário Eletrônico permite otimizar recursos e, ao mesmo tempo, aumentar a qualidade do atendimento médico. Enfim, usar ferramentas de gestão e digitais com o objetivo de otimizar o emprego de recursos financeiros e humanos no SUS;

·       Não só prevê ações de saúde, como também planejar esses atendimentos, de uma forma rápida, dirigente e eficaz. Não pode demorar muito tempo de ofertar o atendimento para que as pessoas não estiquem ao estado crítico de saúde e possam se beneficiar dos tratamentos médicos disponíveis. Afinal, doença grave não espera;

·       Mexer na “Tabela SUS”. A tabela remunera por procedimento. Não paga por remédio, exame, mas por tratamento, como, por exemplo, o tratamento de uma pneumonia. O que deveria ser feito é financiar por população assistida. E o município e o Estado fariam um plano de aplicação de recursos. É muito mais inteligente, pois permitirá que os municípios e Estados tomem decisões.




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