Campanha Eleitoral: Propostas, obstáculos e pontos de partida distintos...
Único objetivo comum: o posto ou a cadeira mais importante do País, empossar no Palácio do Planalto.
Enfim, a eleição deste ano promete ser uma das mais polarizadas desde a redemocratização.
O
desejável é que todos os candidatos se limitem aos fatos e não se deixem levar
pela tentação de mascarar a realidade para obter vantagem pessoal. Sobretudo se
as mentiras atentarem contra o sistema democrático. #Sqn
Entre os 12 candidatos que se registraram para
disputar a Presidência, dois deles correm o risco de não ir até o fim: Roberto Jefferson (PTB), condenado no
mensalão, e o coach Pablo Marçal (Pros)
com ala sem controle na Justiça.
Na eleição deste ano, serão 12 concorrentes à
Presidência: Ciro Gomes (PDT), José Maria Eymael (DC), Luiz Felipe D'Avila
(Novo), Jair Bolsonaro (PL), Leonardo Péricles (UP), Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), Pablo Marçal (PROS), Roberto Jefferson (PTB), Simone Tebet (MDB), Sofia
Manzano (PCB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Vera Lúcia (PSTU).
Os 3 partidos que integram a candidatura de cBozo já registram um
robusto aumento no número de candidatos em comparação com 4 anos atrás. Já são
mais de 4 mil nomes inscritos, o que deve elevar o Centrão ao topo do ranking
dos partidos com maior número de concorrentes por vaga.
Os motes iniciais de campanha são:
1. Lula (PT): "Brasil da Esperança está de volta"!
Lula quer reconstruir ciclo de crescimento econômico com redução das desigualdades e saúde das contas públicas. O plano é mirar nas questões econômicas e conquistar votos e confiança entre a classe média (centrar discurso em fome e pobreza). Afinal, numa eleição marcada pela piora das condições de vida e pela insegurança alimentar, o “pacote de bondades” que inclui o reajuste temporário do auxílio é colocado em xeque como tática eleitoral. Propostas para isso:
A) correção da tabela do I.R;
B) reajuste do salário mínimo (levando em conta a média de crescimento do PIB dos últimos 5 anos);
C) reconhecimento da defasagem salarial sofrida pelo funcionalismo público nos últimos anos;
D) concessão de créditos a autônomos, pequenas e microempresas por meio do BNDES;
E) conter a recuperação bolsonarista, com os impactos do auxílio concedido pelo governo federal;
F) Com a Carta assinada por elites econômicas, políticas e culturais, com quase 1 milhão de assinaturas, ficou mais difícil para cBozo mentir que seu golpe de Estado será contra o comunismo, ou conta a venezuelização do Brasil;
G) Lula foca evangélicos, combate à fome e em contenção de rival. Alvo inicial da campanha será Sudeste, além de discurso voltado à economia e disputa de religiosos com Bolsonaro (foi o Lula quem, em 2003, regulamentou a lei da liberdade da organização de igrejas, um respeito pela liberdade religiosa). Há uma narrativa que está sendo espalhada dentro das igrejas de demonizar a figura do ex-presidente. Isso é o novo kit gay?
H) Para mitigar a resistência do eleitorado paulista, a campanha conta com o vice Geraldo Alckmin (PSB), que deverá investir em segmentos como o agronegócio, o empresariado e setores religiosos mais conservadores;
I) É preciso fazer a campanha nas ruas, com alto engajamento da militância, e também fortalecer a campanha nas redes sociais;
J) O uso de linguagem mais direta e informal;
K) Atrair votos de indecisos;
L) Atacar os estragos promovidos pelos anos Bolsonaro (o legado da lista é extenso, entre tantas mazelas):
- ameaças às instituições e ao regime
democrático;
- aumento de mortes evitáveis;
- aumento da fome de da pobreza (alta inflação);
- aumento da violência contra a mulher,
contra pessoas trans e contra defensores de direitos humanos;
- explosão de conflitos rurais;
- aumento do desmatamento (devastação na Amazônia);
- aumento do garimpo ilegal em terra
indígena.
- armamentismo;
- retrocessos na educação e na saúde;
- deterioração do Orçamento;
- nestas eleições será civilização x barbárie. Não podemos nos esquecer das milhares de mortes durante a pandemia que poderiam ter sido evitadas.
- optar por Bolsonaro é optar pela continuação da violência contra os índios; é optar pelo envenenamento dos nossos rios; é optar pela continuidade da tragédia amazônica e de nossos demais biomas. Significa optar pela continuidade da truculência, do obscurantismo, do negacionismo, dos orçamentos secretos dos sigilos de um século e de tantas mazelas mais.
- etc. etc. etc.
M) Lula e Dilma tentaram implantar a experiência de estimular a produção interna de sondas de perfuração e navios para explorar o óleo do pré-sal. É nessa linha que Lula fala em "reindustrialização" do país. Lula também pensa em usar bancos públicos para financiar empresas. O Lula III usará o BNDES para apoiar pequenas e médias empresas, que teriam um ministério exclusivo. Elas empregam grande contingente de mão de obra.
2. Bolsonaro (PL): religião, bolso e 'bondades eleitorais'.
Projeto liberal, conservador e autoritário.
cBozo vai focar na reconquista do eleitor que ele perdeu nos últimos 3,5 anos. Assim, aposta no auxílio e em Michelle (ampliar o papel da primeira-dama no campo religioso). O plano para isso é:
A) focar em políticas que geraram impacto na ponta, como o aumento do valor do Auxílio Brasil para R$ 600,00 (mais de 20 milhões de famílias passaram a receber) e as medidas de redução dos preços dos combustíveis. Enfim, expectativas do impacto eleitoral com o pagamento de benefícios sociais (no valor total de R$ 41,25 bilhões);
B) campanha forte para reavivar o sentimento anti-PT (o mesmo aspecto fundamental para a vitória de 2018);
C) discursos de ódio, fake news e narrativas de supostos escândalos de corrupção nos governos Lula e Dilma;
D) ataques ao sistema eleitoral, muita piada preconceituosa, o humor malicioso, tom emocional patriótico/religioso e a espontaneidade como tentativa de se reconectar com o eleitor de 2018;
E) A inflação que corrói o poder de compra e o desalento gerado por falta de oportunidades são os principais obstáculo para transformar a renda extra em votos para o cBozo nos redutos mais pobres. De 2019 a junho de 2022, a inflação registrou alta de 26,5% no Brasil (IBGE), escalada puxada pela alta dos alimentos.
F) O plano de Bolsonaro é dar um golpe para nunca mais precisar pensar em pobre, como já não pensava antes de ter medo de perder para Lula.
G) Coligação de Bolsonaro tem disparada e passa de 4 mil candidatos...
H) Aposta em auxílio, Michelle e Sudeste para crescer;
I) Tentar reverter a rejeição entre jovens e mulheres;
J) Tentar transformar o processo eleitoral numa narrativa do bem contra o mal;
K) A estratégia de Bolsonaro não é só desacreditar o sistema eleitoral, a campanha na prática é um caminhão de dinheiro e emblemas (frases de efeito, provocações, fake news);
L) Estimular abertamente o ódio e incitar a violência explícita. Enfim, usar o medo para ganhar votos;
M) Uma estratégia muito usada por Bolsonaro é focar na “guerra cultual” de cunho ideológico e reservar os assuntos propriamente político-administrativos para Paulo Guedes (a quem ele chamou de “meu Posto Ipiranga”). Enquanto o Ministro da Economia cuida do programa liberal (das privatizações, de incentivar a iniciativa privada e da redução do tamanho do Estado) e do “equilíbrio fiscal” (das aventuras com as contas públicas e os déficits seguidos, bem como do toma lá da cá), Bolsonaro tem tempo de sobra para combater o que ele chama de “ideologia de gênero”, direito de adquirir armas, movimentar a obsessão pelo programa Escola Sem Partido para “desideologizar” o ensino, (todos com projetos de lei considerados inconstitucionais), o ataque à independência das instituições, sua misteriosa agenda oculta, etc.
N) Sequestrar para si uma imagem geral ou rotular-se com algo positivo e corriqueiro. Por exemplo, Bolsonaro sequestrou as cores da bandeira do Brasil e até Deus em seus discursos, posturas, imagens e slogans. Se apropriou do estilo e do “jeitinho” brasileiro (fala, atitude e comportamento), à moda presidente. Também sequestrou os símbolos da doutrina cristã. Enfim, uma generalizada “apropriação cultural” na política.
O) Há na campanha de Bolsonaro uma articulação violenta contra profissionais da imprensa, sobretudo mulheres, numa prova eloquente do machismo covarde que contamina a linha ideológica do partido. A marca não é casual, mas faz parte do projeto bolsonarista.
P) Bolsonaro prefere a adulação de seus braços de propaganda travestidos de veículos jornalísticos na forma de blogs, canais de vídeo na internet ou redes de televisão dóceis.
Q) Os bolsonaristas atentam contra toda a imprensa profissional, contra a democracia e contra as liberdades de que se proclamam defensores.
R) Há uma campanha deliberada para minar a credibilidade da imprensa. Trata-se de uma campanha de intimidação e acossamento permanente, brutal, violenta, de assédio calculado e deflagrado, não por acaso concentrada em mulheres, na expectativa de que jornalistas atemorizem-se e, assim, consciente ou inconscientemente, se autocensurem, adotem uma contenção ditada pelo medo físico e psicológico de exercer o ofício. Enfim, tenta substituir o jornalismo profissional pela propaganda travestida de notícia e difundida por meio das redes sociais, de canais no YouTube e postagens em massa em aplicativos de mensagens.
R
·
Lula ganha entre os
católicos, mulheres, quem ganha até 2 salários mínimos (os mais pobres) e
avançou entro os mais ricos (quem ganha acima de 10 salários). Bolsonaro supera
entre os evangélicos, os mais ricos e os de classe intermediária (2 a 5
salários mínimos): Bozo cresceu 7pp na faixa que recebe de 2 a 5 salários mínimos
(41% x 38% no 1º turno).
3. Ciro Gomes (PDT):
As estratégias são:
A) vai focar em dois perfis: jovens e os beneficiários do Auxílio Brasil. Houve uma mobilização dos milhares de menores de 18 anos que, mesmo sem a obrigação, fizeram questão de expressar confiança no sistema eletrônico de votação e se habilitaram para participar da votação. Ciro está de olho (grande) neles.
B) divulgar um programa de renda mínima, que pretende unificar os benefícios sociais e aumentar o valor do auxílio para R$ 1 mil por domicílio (prometendo dar-lhe um caráter constitucional, sem risco de ser suspenso com futuras trocas de governo);
C) vai trabalhar para cooptar os brasileiros indecisos ou que votarão em Lula apenas por considerá-lo mais competitivo para derrotar Bolsonaro;
D) usar as pesquisas internas para nortear cada nova decisão estratégica tomada pela campanha.
4. Simone Tebet (MDB):
As estratégias são:
A) levar o apoio dos que consideram os favoritos dois representantes de extremos;
B) dar mote à chapa feminina para buscar votos das mulheres;
C) proposta de paridade de gênero nos Ministério em um eventual governo;
D) manter um tom duro de críticas tanto a Bolsonaro quanto a Lula (a tática é tentar "tirar" de ambos algo que a campanha considera como 40% de eleitores não convictos);
E) Prevê a criação da “Poupança Seguro Família”, que seria abastecida pelo poder público e poderia ser utilizada pelos empregados sem carteira assinada em momentos de queda na renda. Uma espécie de FGTS do trabalhador informal.
Enfim, dois fenômenos distintos já foram provocados nessas Eleições de 2022:
1. Em uma frente,
conectaram elite (econômica e cultural) e oposição, que vieram a público
demonstrar sintonia nos atos em defesa da Democracia, do Estado de Direito e da
lisura do processo eletrônico de votação;
2. O povo – que passa
fome – começou a dar sinais de encantamento com o pacote de benesses efêmeras
lançado recentemente pelo governo, numa clara comprovação de que estômago vazio
pode causar dor de cabeça. Enfim, a fome voltou ao cardápio e o povo voltou a
ser ludibriado com benefícios fugazes. Que isso não nos prejudique ainda mais!
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