Para onde vão as esquerdas convencionais?
O que é ser de esquerda hoje?
· As esquerdas já não são mais aquelas. Abandonaram o
discurso da luta de classes, cada vez menos gente combate o latifúndio
improdutivo e defende a reforma agrária.
· Mas o que passaram a ser? Apegam-se a programas (quase
sempre vagos, embora justos, de horizonte limitado) de defesa de políticas de
gênero, de combate ao racismo, de proteção aos índios, de promoção das minorias
LGBTQI+.
· Cada vez mais vêm aderindo a propostas de proteção
socioambiental.
· A vida sindical foi esvaziada pelo fim do imposto sindical previsto nas reformas do governo Michel Temer. Mas não só isso... Ocorreram transformações mais amplas, e outras que estão por vir, que exigem novos estatutos de proteção do trabalhador.
· O interesse do proletariado enfrenta o impacto da
revolução do mercado de trabalho. A grande difusão da tecnologia da informação
e dos aplicativos digitais, acompanhada pela forte expansão do setor de
serviços, ampliou os horizontes das ocupações autônomas. O objetivo do
trabalhador parece cada vez menos o de obter um emprego formal, mas de viver
por conta própria, sem patrão, com horários flexíveis e mais tempo para o lazer
(o “empresário de si mesmo”). Essa transformação exige revisão das bases
ideológicas que nortearam os programas de esquerda.
· Os movimentos sindicais estão cada vez mais sujeitos a solavancos. No Brasil, por exemplo, as duas maiores categorias sindicais eram a dos bancários e a dos comerciários. Grande parte das operações bancárias passou a ser feita pelo celular e dispensou agências bancárias e funcionários do setor. O comércio eletrônico está reduzindo a necessidade de vendedores e de caixas no varejo.
· As esquerdas vêm também se apegando a programas de
redução da desigualdade, mais baseados na taxação dos mais ricos do que na
transformação da sociedade e na criação de renda nacional. Deixam para segundo
plano a luta contra a pobreza.
· Os sucessivos governos de esquerda na América Latina
vêm falhando na promoção do desenvolvimento. O progresso econômico e a
superação da pobreza seguem estagnados.
· Em política econômica, as esquerdas no poder oscilam entre adotar programas nacionalistas carregados de populismo, heterodoxia, mais força ao setor estatal e alguma atração a investimentos do setor privado.
Enfim, tão difícil como entender para onde vão as esquerdas convencionais é tentar entender o que é ser de esquerda hoje. A utopia da ditadura do proletariado foi bastante rejeitada. Qual é a saída? É lutar pelos princípios da social-democracia?
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