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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

domingo, 28 de novembro de 2021

Quem é Bolsonaro?

 Texto inspirado no Livro "A Filosofia explica Bolsonaro" (Paulo Ghiraldelli Jr.).

Bolsonaro não é um acaso

Bolsonaro é um projeto muito bem arquitetado pela extrema direita, e digerido por ela toda

Está dando certo para os ricos. Está dando errado para os pobres. Então é palatável pelo mercado

Bolsonaro é um governo que governa pelo desgoverno

Uma ordem em favor da desordem

Que veio para privatizar tudo e dilapidar o patrimônio público

Em termos éticos, ideológicos, democráticos, econômicos e ambientais

Seu método é a guerra de narrativas infundadas

Bolsonaro é a comemoração da morte da legenda.

Toda vergonha é suportada se, no final das contas, o projeto de aberração perpetua.

Enfim, não se iluda, o otário é uma “criação inteligente”

O otário foi arquitetado. Por mais aberração que seja, foi criado

Foi criado do impeachment de uma presidenta e da prisão de outro líder nato

São narrativas de alta força simbólica

Começou na campanha e continuou na posse fazendo gestos de portar armas nas duas mãos

Violência, agressão e morte.

Bolsonaro pode até passar

Mas o neofascismo, seu populismo de direita, associado ao neoliberalismo

Ainda terá fôlego no Brasil.

A incultura tem um grande peso porque ela é sustentada por gente que se diz culta.  

E se por traz da criatura existe um criador...

Não é só contra Bolsonaro que devemos lutar, mas contra seu idealizador

Quem é?

A mão do diabo com 3 retoques  – do mercado financeiro, da mídia golpista e da ala conservadora.

  

Entenda de uma vez por todas: Bolsonaro é um capataz do Sr. Capital. Gestado no conservadorismo mais radical e endurecido do Brasil, o último país a abolir a escravatura e que também massacra seus recursos naturais para o lucro sem medida, governa com chicote e machado sem cerimônias. 

Bolsonaro não respeita a “liturgia do cargo”, posando contra rituais necessários e tradicionais honráveis. E o que a imprensa faz? Vista grossa e o trata como um governante de fato, fazendo a piada funcionar. Funcionando, o “presidente de verdade” não é lavado tão a sério e o circo funciona.

Por mais que a cadeira da Presidência venha a exigir de Bolsonaro algum ato administrativo, ele faz questão de fugir desse encargo. Afinal, a confusão ideológica e a falta de paz institucional que ele provoca são propositais. Então, eis a estratégia: “depois que tudo isso acabar [a guerra ideológica] poderão dizer tudo de nós, mas jamais que fomos entediantes”.

Nesse circo foi incorporada a “ideologia da segurança nacional” do regime militar de 1964, com forte Serviço Nacional de Informações (SNI – mídia). Assim, vê a Constituição como uma grande ameaça que precisa ser destruída ou deixada de lado (Bozo governa com emendas, medidas provisórias, vetos, etc. ou seja, na contramão da Constituição). Por quê? Porque a Constituição de 1988 é uma boa peça para a defesa do capitalismo e da sociedade de mercado, do liberalismo e dos direitos individuais inerentes ao modelo liberal. O que há de preceitos liberais na nossa Constituição estão nela contidos graças à defesa de pessoas de esquerda (como é comum em democracias ocidentais) e, por isso mesmo, toda Constituição que emana o cheiro da social-democracia deve ser destruída.

Nossa Constituição é Cidadã, e Bolsonaro é contra a cidadania. O público bolsonaristas, sempre ávido de ver governantes punitivos, estar para além de qualquer respeito ao estado de direito. E a incompatibilidade deve [ou deveria] ser impeachmada!

O que dá prazer a Bolsonaro na política é a balbúrdia. Cada espetáculo (estampado nas manchetes do dia pela mídia que também compartilha desse prazer) faz a política ideológica, que é a vida do Governo e da Mídia: atirar com arma verdadeira ou fazer a arminha com as mãos; vive do anticomunismo e da fustigação das esquerdas, idolatra a bandeira americana, moleque pirracento, o presidente de leis de trânsito, salários de policiais, amor a caminhoneiros e bravatas anti-intelectuais, contra a previdência e os direitos trabalhistas, que acho que pode governar sem o Congresso e chamando o gado para a rua. Enfim, é a referência aos maus exemplos (e dessa referência não precisamos!). 

Bolsonaro segue à risca o conselho de Olavo de Carvalho: “Mantenha-se na guerra ideológica, não ligue em administrar nada”. Ou seja, só tenha prazer na vida enquanto esteja no embate ideológico. A meta é desaprender a pensar corretamente, ter uma visão pouco racional e ser adepto a teorias da conspiração (dando adeus aos princípios de causa e efeito e de necessidade lógica), vendo a história e os feitos políticos como puras tramoias.

A prática de governo de Bolsonaro tem como objetivo o neoliberalismo máximo ou, para alguns, o anarcocapitalismo. Bolsonaro funciona como o agente do caos, a criação de uma sociedade em que vale o faroeste. O Estado deveria desaparecer e a lei viria pela força do mais forte, uma espécie de darwinismo social. Nesse esquema, enquanto Guedes entrega o patrimônio público, ele, Bolsonaro, dedica-se a criar a sociedade sem lei. Ou seja, enquanto deixou Paulo Guedes e o próprio Congresso encaminhar as teses econômicas da direita: privatizações e reformas em que o trabalhador perde direitos, ele próprio passou a lutar por leis esdrúxulas: fim da autoescola e exame para motoristas, fim da cadeirinha para crianças nos carros, fim dos exames da OAB, afrouxamento para regras que proíbem trabalho infantil e até trabalho escravo, flexibilização nas regras para se adquirir armas etc. Sempre com intenções legislativas inconstitucionais, se tornou o presidente que mais governou por medidas provisórias em toda a história.

Enfim, não se pode esperar de Bolsonaro nenhum governo. Aliás, o seu modo de governar é o puro desgoverno. E, no fundo, a imprensa faz vista grossa para ele governar na manchete diária. Tem dado certo porque a boiada está passando. “O desgoverno” é o Governo de Bolsonaro. Ele é a pura escatologia.


Resumo: 

Bolsonaro não é um acaso. É um projeto muito bem arquitetado pela extrema direita, emplacado pelo impeachment de uma presidenta e a prisão de outro líder nato, bugando debates democráticos e jogando com Fake News.

Foi criado pela mão do diabo com três retoques: um do mercado financeiro, outro da ala conservadora e modelado pela mídia golpista.

Estamos vivendo um tipo de capitalismo que pede o desregramento de tudo. Bolsonaro é a expressão dele – um fruto podre de nossa época, tempos que mostram o sujeito mais histérico do que deprimido, mais visão do que ação, mais espetáculo do que realidade. 

Enfim, a política é o campo do teatro dos gestos e estamos sendo representados por uma marionete perigosa.

 

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