Texto inspirado no Livro "A Filosofia explica Bolsonaro" (Paulo Ghiraldelli Jr.).
Bolsonaro
não é um acaso
Bolsonaro
é um projeto muito bem arquitetado pela extrema direita, e digerido por ela
toda
Está
dando certo para os ricos. Está dando errado para os pobres. Então é palatável
pelo mercado
Bolsonaro
é um governo que governa pelo desgoverno
Uma
ordem em favor da desordem
Que
veio para privatizar tudo e dilapidar o patrimônio público
Em
termos éticos, ideológicos, democráticos, econômicos e ambientais
Seu
método é a guerra de narrativas infundadas
Bolsonaro
é a comemoração da morte da legenda.
Toda
vergonha é suportada se, no final das contas, o projeto de aberração
perpetua.
Enfim,
não se iluda, o otário é uma “criação inteligente”
O
otário foi arquitetado. Por mais aberração que seja, foi criado
Foi
criado do impeachment de uma presidenta e da prisão de outro líder nato
São
narrativas de alta força simbólica
Começou
na campanha e continuou na posse fazendo gestos de portar armas nas duas mãos
Violência,
agressão e morte.
Bolsonaro
pode até passar
Mas o
neofascismo, seu populismo de direita, associado ao neoliberalismo
Ainda
terá fôlego no Brasil.
A
incultura tem um grande peso porque ela é sustentada por gente que se diz
culta.
E se
por traz da criatura existe um criador...
Não é
só contra Bolsonaro que devemos lutar, mas contra seu idealizador
Quem
é?
A mão do diabo com 3 retoques – do mercado financeiro, da mídia golpista e da ala conservadora.
Entenda
de uma vez por todas: Bolsonaro é um capataz do Sr. Capital. Gestado no
conservadorismo mais radical e endurecido do Brasil, o último país a abolir a
escravatura e que também massacra seus recursos naturais para o lucro sem
medida, governa com chicote e machado sem cerimônias.
Bolsonaro não respeita a “liturgia do cargo”, posando contra rituais necessários e tradicionais honráveis. E o que a imprensa faz? Vista grossa e o trata como um governante de fato, fazendo a piada funcionar. Funcionando, o “presidente de verdade” não é lavado tão a sério e o circo funciona.
Por mais que a cadeira da Presidência venha a exigir de Bolsonaro algum ato administrativo, ele faz questão de fugir desse encargo. Afinal, a confusão ideológica e a falta de paz institucional que ele provoca são propositais. Então, eis a estratégia: “depois que tudo isso acabar [a guerra ideológica] poderão dizer tudo de nós, mas jamais que fomos entediantes”.
Nesse circo foi incorporada a “ideologia da segurança nacional” do regime militar de 1964, com forte Serviço Nacional de Informações (SNI – mídia). Assim, vê a Constituição como uma grande ameaça que precisa ser destruída ou deixada de lado (Bozo governa com emendas, medidas provisórias, vetos, etc. ou seja, na contramão da Constituição). Por quê? Porque a Constituição de 1988 é uma boa peça para a defesa do capitalismo e da sociedade de mercado, do liberalismo e dos direitos individuais inerentes ao modelo liberal. O que há de preceitos liberais na nossa Constituição estão nela contidos graças à defesa de pessoas de esquerda (como é comum em democracias ocidentais) e, por isso mesmo, toda Constituição que emana o cheiro da social-democracia deve ser destruída.
Nossa Constituição é Cidadã, e Bolsonaro é contra a cidadania. O público bolsonaristas, sempre ávido de ver governantes punitivos, estar para além de qualquer respeito ao estado de direito. E a incompatibilidade deve [ou deveria] ser impeachmada!
O que dá prazer a Bolsonaro na política é a balbúrdia. Cada espetáculo (estampado nas manchetes do dia pela mídia que também compartilha desse prazer) faz a política ideológica, que é a vida do Governo e da Mídia: atirar com arma verdadeira ou fazer a arminha com as mãos; vive do anticomunismo e da fustigação das esquerdas, idolatra a bandeira americana, moleque pirracento, o presidente de leis de trânsito, salários de policiais, amor a caminhoneiros e bravatas anti-intelectuais, contra a previdência e os direitos trabalhistas, que acho que pode governar sem o Congresso e chamando o gado para a rua. Enfim, é a referência aos maus exemplos (e dessa referência não precisamos!).
Bolsonaro segue à risca o conselho de Olavo de Carvalho: “Mantenha-se na guerra ideológica, não ligue em administrar nada”. Ou seja, só tenha prazer na vida enquanto esteja no embate ideológico. A meta é desaprender a pensar corretamente, ter uma visão pouco racional e ser adepto a teorias da conspiração (dando adeus aos princípios de causa e efeito e de necessidade lógica), vendo a história e os feitos políticos como puras tramoias.
A prática de governo de Bolsonaro tem como objetivo o neoliberalismo máximo ou, para alguns, o anarcocapitalismo. Bolsonaro funciona como o agente do caos, a criação de uma sociedade em que vale o faroeste. O Estado deveria desaparecer e a lei viria pela força do mais forte, uma espécie de darwinismo social. Nesse esquema, enquanto Guedes entrega o patrimônio público, ele, Bolsonaro, dedica-se a criar a sociedade sem lei. Ou seja, enquanto deixou Paulo Guedes e o próprio Congresso encaminhar as teses econômicas da direita: privatizações e reformas em que o trabalhador perde direitos, ele próprio passou a lutar por leis esdrúxulas: fim da autoescola e exame para motoristas, fim da cadeirinha para crianças nos carros, fim dos exames da OAB, afrouxamento para regras que proíbem trabalho infantil e até trabalho escravo, flexibilização nas regras para se adquirir armas etc. Sempre com intenções legislativas inconstitucionais, se tornou o presidente que mais governou por medidas provisórias em toda a história.
Enfim, não se pode esperar de Bolsonaro nenhum governo. Aliás, o seu modo de governar é o puro desgoverno. E, no fundo, a imprensa faz vista grossa para ele governar na manchete diária. Tem dado certo porque a boiada está passando. “O desgoverno” é o Governo de Bolsonaro. Ele é a pura escatologia.
Resumo:
Bolsonaro não é um acaso. É um projeto muito bem arquitetado pela extrema direita, emplacado pelo impeachment de uma presidenta e a prisão de outro líder nato, bugando debates democráticos e jogando com Fake News.
Foi criado pela mão do diabo com três retoques: um do mercado financeiro, outro da ala conservadora e modelado pela mídia golpista.
Estamos vivendo um tipo de capitalismo que pede o desregramento de tudo. Bolsonaro é a expressão dele – um fruto podre de nossa época, tempos que mostram o sujeito mais histérico do que deprimido, mais visão do que ação, mais espetáculo do que realidade.
Enfim, a política é o campo do teatro dos gestos e estamos sendo representados por uma marionete perigosa.
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