Se você pegar o valor total que é gasto
com o Congresso Nacional e dividir pelo número de parlamentares, verá que cada
um deles custa, arredondando, R$25 milhões por ano! Depois, se você pegar esse
valor e dividir pela renda média do brasileiro, também verá que o valor é o
equivalente a 528 vezes a renda média de quem ele representa! Tudo isso
comprova que o Brasil é o país mais caro do mundo em termos de representação
política!!!
O mesmo vale para os partidos políticos. 33 legendas estão registradas no TSE (e as 7 que possuem mais de 1 milhão de filiados são: MDB, PT, PSDB, PP, PDT, PTB e DEM). Dessas legendas, 16 têm relevância no Congresso. A cada ano, em média, esses partidos políticos recebem 446 milhões de dólares! A criação do “Fundão Eleitoral” para financiamento dos partidos, distribuiu para eles R$ 2 bilhões nas últimas eleições. Enquanto isso, as pesquisas indicam que partidos políticos são as instituições em quem os brasileiros menos confiam. Será que uma coisa tem a ver com a outra? Temos também a maior dispersão partidária do planeta, campeões na quantidade de dinheiro repassada aos partidos!
Quem se lembra das calçadas forradas de santinhos deve não sentir saudade do desperdício do dinheiro público. A verdade é que campanhas eleitorais se fazem cada vez mais através dos meios digitais e os gastos não se tornaram mais necessários porque elas também não melhoraram nossa democracia. Os vídeos bizarros, os memes ridículos e a fábrica de fake News tiraram os lixos eleitorais das calçadas e levaram tudo para as redes digitais. Muito dinheiro, pouca evolução cidadã.
Nosso sistema incentiva os deputados a formarem amplas redes de clientela, operando em centenas de municípios. Isso inclui a farta distribuição de emendas parlamentares e um vasto entourage de cabos eleitorais e estruturas para deslocamentos de região para região. No final, nem o eleitor sabe exatamente quem o representa, e o deputado a quem ele representa. Tudo com um certo jeito de jogo de faz de conta, ao qual já nos acostumamos.
Dói muito ver todo esse dinheiro sacado do nosso bolso de contribuinte quando olhamos para o nível dos debates e das campanhas eleitorais que financiamos. Era pra ser melhor, muito melhor, uma democracia de verdade! Mas, todos esses números mostram que equidade é só uma palavra bonita, perfeita para alimentar o status quo e nosso gosto pelo autoengano.
Então, veja só, a Emenda que vitaminou, e muito, o Fundo Eleitoral. Compare o montante de dinheiro que vai financiar os partidos nas eleições de 2022, comparado com as eleições de 2018 (mais de 3x!). Para ter uma noção das prioridades e dos gastos, veja o que estava previsto para o Censos Demográfico 2021, e comparte com esse valor, que sofreu sucessivos cortes até ser adiado para 2022 (e que está ainda sem verba definida)!
Diante disso tudo, um componente ético incomoda muito: qual a autoridade de um Parlamento com o maior custo per capita do mundo para fazer uma Reforma Administrativa dura, que vai mexer no bolso de nós, funcionários, cujo vencimento médio (no Executivo) não chega a 1000 reais? Isto é: menos da metade do que cada deputado dispõe apenas para despesas médicas. Isso também vale para a Reforma Tributária, como o governo está fazendo agora com a proposta de aumento de impostos, enquanto nosso dinheiro de contribuinte é gasto de modo inteiramente irracional. E olha que nem mexemos ainda na elite empresarial, mas essa elite política, tanto quanto aquela, deveriam dar o exemplo. Cortar na própria carne. É isso o que o país deveria exigir.
Não é difícil discutirmos os problemas do Brasil porque uma boa parte de nossos problemas é perfeitamente evidente, e é fácil saber o que deve ser feito. O problema é daí pra frente. É sobre como lidar com um país cuja tragédia não é ter um sistema de poder que beneficie não só as elites, mas fundamentalmente a ele mesmo (e na maioria das vezes a elite e a classe política é um balaio só). Não penso que sair disso seja uma equação fácil, mas tratar as coisas com a crueza que elas têm, por vezes, é o melhor caminho para mudar e seguir em frente.
Enfim, já sabemos como chegamos nessa situação. Resta agora achar uma boa saída dela...
#Lula2022!
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