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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

domingo, 17 de maio de 2020

As 3 fontes de novidades ruins em relação à política...


1.      Atitude de desprezo, asco, nojo e tédio em relação à participação política (a concepção de política como sendo uma vida safada ou atividade vergonhosa e político como pilantra).
“[...] penso que há um tédio pela política, e esse tédio vem também porque nós, adultos, inclusive na escola, não conseguimos fazer com que o jovem se encante com a política sem contar com a presença do adversário, do inimigo. Existe um asco pela política, pois ela é associada à política partidária dos acordos espúrios e da corrupção, e existe um desprezo por se supor que política é uma coisa menor. [...]” (p. 30).

"[...] passamos a tomar o homem 'apolítico' como homem de bem. Se para Aristóteles o homem de bem era aquele que participava da política, vê-se que hoje prevalece a imagem oposta em frases do gênero: 'Ele é um homem de bem, nunca se meteu em política. Ora, esse nojo, esse asco lança o desafio para mim, como educador, de imaginar como é que vamos dar outro passo" (p. 34). 

2.      Idiótes como autodefesa.
Idiota (idiótes): “aquele que só vive a vida privada, que recusa a política, que diz não à política”. Aquele que vive fechado dentro de si e só se interessa pela vida no âmbito pessoal. “Não me meto em política!”.

"[...] Os atenienses iam para a praça de decisões políticas, a ágora, em média uma vez a cada 9 dias. A cada 2 anos nós vamos às urnas uma só vez, por ocasião das eleições; nesse espaço de tempo, eles teriam ido a umas 80 assembleias. [...] essa comparação suscita uma pergunta curiosa: como é possível que eles tivessem prazer em ir 80 vezes à ágora, quando hoje tantos se queixam de ter que votar uma vez a cada 2 nos?" (p. 35)

3.      O elemento da corrupção se tornou fortíssimo.
“[...] Defendo a ideia de que a corrupção não aumentou; ela só está sendo mais percebida. Acredito que, quando tínhamos ditadura e obras em concreto, era enorme a corrupção. Como temos, hoje, muito menos obras em cimento – parece que cimento atrai comissão, atrai propina –, como existe mais transparência, a denúncia é maior” (pp. 31-32).

A corrupção é o que há de mais antirrepublicano, porque vai na jugular da res publica, põe em xeque a coisa pública e o bem comum. Isso é paradoxal: exatamente no regime democrático, que significa “poder do povo”, muitos cidadãos se sentem sem poder para vencer a corrupção. A maior percepção da corrupção e a consequente aversão que ela provoca, que são dados positivos, trazem junto uma sensação de impotência” (p. 32).

"[...] há um jeito mais fácil de extinguir a corrupção. Como, para existir corrupção, tem de haver um corrupto e um corruptor, e como o corruptor, de maneira geral, é aquele que tem dinheiro para corromper, basta então que este indivíduo não corrompa a outros. Do ponto de vista operacional, não é difícil. Se o empresário é aquele que possui dinheiro e a corrupção é feita com esse capital, não o utilize para fazer isso e a corrupção acaba. Pode parecer óbvio, mas o espanto é grande, porque sempre se supõe que processo de higiene política tem de ser feito num outro lugar que não aquele em que estou" (p. 47). 

CONCLUSÃO: O nosso desafio na qualidade de educador é: como seduzir as novas gerações a fazer política sem que os jovens necessitem de um adversário externo, mas estejam imbuídos de uma compreensão ética? Como trabalhar a ideia de política para que ela seja entendida como o ápice da virtude do humano? Também não mitifico, claro, a democracia direta grega, não acho que ela seria a solução. 

"[...] Do ponto de vista dos direitos do cidadão, da expansão da liberdade individual, do acesso à informação, tivemos uma mudança para melhor. Mas, no que se refere à percepção da importância da política, acho que tivemos um mudança negativa, um movimento de desnobrecimento da atividade política, o que entendo como negativo do ponto de vista da sociedade [...] 'Os ausentes nunca têm razão'." (p. 36). 

É preciso estabelecer uma relação de prazer na companhia alheia, de convívio e crescimento com o outro. Política é saber conviver, mas, sobretudo, desejar participar - e participar de fato!


REFERÊNCIA: 

CORTELLA, Mario Sergio & RIBEIRO, Renato Janine. Política: para não ser idiota. - 9ª ed. - Campinas, SP: Papirus 7 Mares, 2012. - Coleção Papirus Debates.


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