Durante um banquete coletivo,
os comes e bebes são intermediados por muitas conversas. As pessoas riem, falam
ou simplesmente observam enquanto comem (que é o meu caso rsrs). Se o assunto for política haverá muito que discutir. Se
a política é a única atividade coletiva direcionada a certas metas e fins
comuns, realmente precisamos esclarecer que fins são esses, ou seja, os
objetivos que a política pode ou deve atingir. Existirão muitos pontos de vista porque
existem muitos fins sugeridos ao ato político.
Todavia, é possível pelo
menos apontar três grandes visões políticas que tentam dar sentido à
experiência política e à relação dessa com as outras questões da condição
humana. Assim, podemos resumi-las:
1.
Moralismo
político: política é vida moral e ética, com valores políticos. A política
deve ser direcionada à conquista de objetivos relevantes ou à proteção de
certas questões: justiça, igualdade, liberdade, felicidade, fraternidade ou
autodeterminação nacional. Em sua melhor versão, o moralismo político é parte
de um processo de luta por uma sociedade melhor, que sugerem valores a serem
buscados ou protegidos. Em resumo, a política existe para oferecer valores
éticos e morais, tais como felicidade ou liberdade (Paulo Freire e Roberto
Sidnei Macedo estão no grupo de pensadores que focam na moralidade como ato político. Também posso citar o Thomas More e o
Robert Nozick).
2.
Realismo
político: a política tem a ver com o poder, que é o meio pelo qual os fins
são alcançados, os inimigos derrotados, e as concessões, mantidas. Ou seja,
essa corrente rejeita a anterior, pois sem a habilidade de alcançar e exercer o
poder, os valores (mesmo a despeito de quão nobres possam ser) são inúteis.
Assim, os realistas concentram sua atenção no poder, no conflito, na guerra, e
são, em geral, cínicos a respeito das motivações humanas. Geralmente seus
contextos são de guerra civil e desordem. Aqui os homens são “mentirosos
ingratos”; não são nobres nem virtuosos, com sérios riscos de motivações
políticas que vão além das preocupações com o exercício do poder, um “estado de
natureza” sem leis sérias em que vigora uma guerra de todos contra todos. Por
meio de um “contrato social” com seus súditos, um suposto soberano (o
“Príncipe”) exerce o poder absoluto para salvar a sociedade do seu estado bruto.
Esse tipo de política é muito ideológico, pois resulta nos piores excessos do
realismo, no qual os fins justificam meios brutais ou injustos. A política
ideológica aqui parece ser uma luta perpétua ou guerra, entre campos rivais e
irreconciliáveis. Eu ainda poderia comparar essa luta ideológica com uma
competição entre times de futebol: a paixão, em vez da razão, seria mais
importante na escolha por um time, e a vitória, em última instância, é o que
conta (a maior parte da política feita em São Francisco do Conde foca nas
fontes e no exercício do poder como
ato político. Também posso citar o Nicolau Maquiavel e o Thomas Hobbes).
3.
Conselheiro
sábio: esse assume uma posição pragmática que está preocupada com o
alcance dos melhores resultados possíveis. Um mediador, que fica entre o
realismo e o moralismo, ao lado dos filósofos políticos, como o pensador ou um
poeta tipo o Alexander Pope que diz: “deixe os tolos discutirem a forma de
governo. O mais bem administrado, seja qual for, é o melhor”. Isso porque, o
“conselheiro sábio” sabe que o problema da guerra e do conflito jamais será
erradicado, e argumentos a respeito da relação entre os valores políticos como
liberdade e igualdade talvez nunca estejam resolvidos, mas talvez possamos
progredir no desenvolvimento constitucional, na determinação de políticas e na
garantia de que os governantes tenham a maior estabilidade possível (aqui estou
eu, um admirador das habilidades e virtudes de um “conselheiro sábio”, como o
filósofo chinês Confúcio).
Assim, a gente é aquilo que
come. E eu como comida e livros.
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