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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

quarta-feira, 12 de junho de 2019

11 Críticas e 1 Ressalva aos “Testes ABC”.

1.      São testes destinados exclusivamente para crianças. O propósito maior dos “Testes ABC” é verificar o nível de maturidade requerido para a aprendizagem da leitura e da escrita. Embora justificando que, esse nível não apresenta coincidência rigorosa com a idade cronológica, nem com a idade mental de cada aluno, o tempo todo ele é indicado ou direcionado a “crianças que procuram a escola primária”.
2.      Os testes discriminam os alunos em “maduros para aprender” e “imaturos”, estimulando a segregação escolar. “Isso ensejará nas escolas isoladas a organização de seções pelo nível de maturidade conhecida; e, nas escolas graduadas, a organização de classes seletivas, praticamente homogêneas”. Ou seja, a finalidade dos testes é “homogeneizar as classes que o tenham de fornecer, imprimindo-lhes ao trabalho maior rendimento”. Logo, eles criam um nó com a política de classes multiseriadas.
3.      Ameaçam a subjetividade e o processo de desenvolvimento individual. “É evidente que, assim se fazendo, o ensino se tornará mais racional, mais tecnicamente fundado, com economia de tempo e esforço...”.
4.      Rotula os alunos, e abrem precedentes para julgar a competência do professor. “Igualmente, terão inspetores e diretores, mais precisas indicações sobre a tarefa entregue a cada professor. O trabalho docente poderá ser, enfim, mais judiciosamente avaliado”.
5.      Tão importante quanto os resultados dos Testes ABC é o “ato da sua aplicação”. Aplicados por leigos ou pessoas sem treinamento especial, toda a eficiência prometida pelos Testes pode ser comprometida. Afinal, os “Testes ABC” não só apontam o nível de maturidade para ler e escrever, como também possíveis “desajustamentos”, podendo revelar inegáveis relações entre maturidade e linguagem, maturidade e dislexia, maturidade e disartrias. Isso pode implicar o problema seguinte.
6.      Os testes exigem o acompanhamento e avaliação por uma equipe multidisciplinar (psiscólogos, psicopedagogos, etc.). Pessoas leigas podem acabar rotulando os alunos de desajustados ou “com problemas” sem uma precisão clínica de cada caso. “Os Testes ABC como instrumento propedêutico de Psicologia Clínica, isto é, elemento útil à caracterização preliminar de casos de crianças com maiores problemas de ajustamento a que a escola deve dar atenção, tanto no plano propriamente didático, quanto pelo aspecto social e humano”.
7.      Os Testes ABC podem ser encarados como um simples conjutno de tarefas coletivas. Decorrente da falta de especialistas ou o acompanhamento por uma equipe multidisciplinar, os Testes ABC podem ser executados como um simples conjunto de tarefas sem muito sentido ou significado. “A aplicação, que é individual, permitirá que os mestres observem aspectos do comportamento emocional dos alunos, o que os alertará para os casos que desde logo reclamem cuidados especiais”. Ou seja, os “Testes ABC” são meios e não fins em si mesmos. Eles são “o esforço empregado na organização de meios que verifiquem a maturidade necessária à aprendizagem da leitura e da escrita”.
8.      O resultado dos trabalhos não pode ser descartado. “Por deixarem as provas registro gráfico, a todo o tempo serão possíveis confrontos elucidativos para o esclarecimento de dificuldades individuais na aprendizagem”.
9.      Um importante problema prático que a aplicação de testes de maturidade como esse levanta. ‘‘Como trabalhar com os alunos imaturos, ou o que fazer para que eles vençam as condições da imaturidade verificada?...’’.
10.  Os testes sugerem exercícios de prontidão, o que implica refletir se eles estão atualizados com os avanços das novas tendências da psicopedagogia moderna. Como medidas interventivas sobre as investigações, assinalam-se a utilidade de exercícios de valor compensatório ou corretivo. Aliás, resta questionar se os “Testes ABC” estão atlualizados com os avanços atuais dos estudos e descobertas no campo da psicogênese da língua escrita e falada. Afinal, o livro “Testes ABC” foi efetivamente produzido e apresentado em 1928 por Manoel Bergström Lourenço Filho, através de uma comunicação oficial para um público de educadores da época.
11.  E quando os Testes ABC denunciarem algo mais político, mais social, mais grave e mais profundo? Os resultados dos Testes ABC têm servido de base a importantes investigações relativas a condições de saúde e subnutrição, perturbadoras da aprendizagem. Ou ainda ao esclarecimento de problemas do nível econômico e social dos estudantes.

1.      RESSALVA: Os “Testes ABC” denunciam algo mais político, mais social, mais grave e mais profundo: as condições de saúde e subnutrição, perturbadoras da aprendizagem e os problemas do nível econômico e social dos estudantes. Esse é o ponto chave da localização do problema, tanto gerador do fracasso escolar quanto dos distúrbuios de aprendizagem.

Os Testes ABC despertaram minha atenção e me incentivaram ao estudo de questões de pedagogia experimental. *Apesar das críticas, eles não serão descartados. Pelo contrário, serão muito úteis na transformação que a Educação clama.* Serão ponto de partida para assumir o desafio de lidar com uma pergunta fundamental para todas as idades: Além do quadro e do professor, o que mais é preciso para aprender a ler e a escrever com eficiência?  



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