A paralisação dos
caminhoneiros dos últimos dias, que tomou as estradas para expressar as mais
difusas insatisfações com o governo e o estado de coisas, serviu para algo – demonstrar
que o descontentamento com o sistema político e a condução do país é ainda mais
intenso do que antes.
Os dez dias de greve
de caminhoneiros levaram ao desabastecimento do país e ao colapso da gestão
Michel Temer (MDB). O sofrimento social causado pelos anos
de recessão econômica e a quebra de expectativa de que o país melhorasse com a
saída de Dilma Rousseff (PT), o que não aconteceu, uniram a população em torno
da pauta dos caminhoneiros. Mas, o que de fato a população queria provar? Que
pode “desligar os aparelhos do governo”.
A sociedade atentou
contra a própria sobrevivência. Ela aceitou o próprio sufocamento para
demonstrar revolta contra o sistema político. O que tivemos ameaçou o
abastecimento, a produção, a circulação. Vimos a sociedade ameaçando o sistema
político de sufocamento. Mas não é um sufocamento do sistema político, é um
sufocamento da própria sociedade, que é quem vai ficar sem alimento, sem
remédio, sem circulação, sem emprego. Ainda assim, a
sociedade resolveu que a única maneira de dizer para o sistema político o quão
insuportável está o sofrimento aqui embaixo é sufocando a nós mesmos, até o
limite do estrangulamento.
Chegamos ao ponto em
que a sociedade aceitou uma coisa absurda, o limite de seu próprio sufocamento
para demonstrar a revolta que sente em relação ao sistema político. O governo
já acabou, o ponto é saber se Temer chega ao final do mandato. Se depender da
grande mídia, sim! Se depender da gente, talvez! Afinal, quem melhor iria substitui-lo nesse curto período de tempo da corrida eleitoral? O clima em que acontecerão as eleições presidenciais, em outubro,
depende da construção de um pacto entre as forças políticas que promova alguma
estabilidade no país até o fim do ano.
Neilton Lima
Coordenador Pedagógico Escolar
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