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Máquinas
e veículos da Terra circulando em outros mundos não é exatamente uma novidade. Marte,
por exemplo, já abriga uma pequena colônia de robôs terráqueos, que vasculham
vales e montanhas atrás de sinais de água.
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A
primeira sonda a pousar no núcleo de um cometa fornece revelações
surpreendentes sobre a natureza desses fósseis errantes.
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Os
cometas são fósseis errantes do Universo, bolotas de poeira e água congelada.
No caso do 67P, é um cometa fóssil que data da época da
formação do Sistema Solar, há 4,6 bilhões de anos.
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Mas,
a presença em cometas é algo inédito (em novembro de 2014, pela primeira vez, uma
nave terráquea pousou num cometa – o 67P/Churyumov-Gerasimenko). Encontra-se a
500 milhões de quilômetros da Terra (entre Marte e Júpiter).
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A
longa jornada rumo ao 67P exigiu o trabalho de mais de 500
engenheiros e pesquisadores, a um custo de 1,1
bilhão de dólares. A sonda-robô, do tamanho de uma máquina de lavar
roupa, custou mais de 200 milhões de dólares.
Esses valores incluem os 20 anos de planejamento da
missão e toda a viagem, desde o lançamento da dupla Rosetta-Philae,
atadas ao bico de um foguete Ariane, em 2004, da base espacial de Kourou, na
Guiana Francesa.
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Pouso
difícil, mas bem-sucedido, nos confins do espaço.
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Objetivos
da missão:
- Coletar dados
que revelem segredos sobre a origem do Sistema Solar e dos oceanos na Terra;
- Jogar alguma
luz sobre o mistério do surgimento da vida em nosso planeta.
Ex: A origem da água dos oceanos: “Os cometas
são suspeitos de terem trazido, num passado muito distante, toda a água que
existe em nosso planeta. Segundo a hipótese mais aceita hoje em dia, o gelo
compactado nessas bolotas celestiais teria se derretido nos milhões de choques
ocorridos pouco depois de a esfera da Terra resfriar”.
Hipótese alternativa: “A
água teria sido trazida por asteroides – estes, sim, com a
simples e pura molécula de H2O a que estamos habituados.
Ainda que contenham menos água, estima-se que o imenso número de asteroides que
despencaram sobre a Terra recém-resfriada tenha vaporizado água em quantidade
suficiente para se condensar e encher as bacias oceânicas”.
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São
sondas-robôs, numa viagem de 10 anos, de investigação solitária, com um único
cordão umbilical ligando-as à Terra: sinais de rádio, que levam 28 minutos para
percorrer a distância e chegar ao destino.
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A
Rosetta é o auge tecnológico e científico de uma série de missões espaciais a
cometas. Antes dela, sete cometas tinham sido visitados
por outras missões. Mas sempre de longe. A nave Rosetta, com sua
sonda-robô Philae, foi lançada em 2004 e chegou ao 67P em 2014. À época, o
cometa distava 500 milhões de quilômetros da Terra e viajava a mais de 60 mil
quilômetros por hora. O robô pousou sobre a superfície do 67P, num feito
histórico da ciência.
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A
surpresa final foi o relevo extremamente acidentado do cometa. Como vales e
montes teriam se formado se a força gravitacional é fraquíssima e a coma,
extremamente rala? Isso porque, sem atmosfera, não há pressão suficiente para
criar os ventos que moldam montes e vales por erosão.
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Cometas
são corpos compostos de água congelada e poeira, remanescentes da formação do
Sistema Solar, há 4,6 bilhões de anos. Como permaneceram um longo tempo
distantes da radiação solar, os cometas guardam características primordiais da
formação dos planetas e podem revelar detalhes sobre a formação do sistema, as
origens dos oceanos e da vida na Terra.
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Muitas
missões fizeram história. Vários cometas já foram estudados por outras missões
espaciais, desde 1985, mas sempre à distância. Duas das principais são a missão
Stardust e a Deep Impact. Mas, por ora, quem detém o título de rainha dos
cometas é a missão Rosetta. E assim o quadro permanecerá por alguns anos. A
economia mundial capengando torna impossível prever quando as potências
espaciais terão como investir outros bilhões de dólares em novas missões, tão
arriscadas.
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