O astro foi apelidado de
“Superterra” (com o nome oficial de Gliese 581c), gira em torno da estrela
Gliese 581 e está a 20,5 anos-luz de nós = 194 trilhões de quilômetros. As
naves mais velozes de que dispomos não dariam um pulinho lá em menos de 400 mil
anos! Essa descoberta feita em abril de 2008 abre, sem dúvida, novas
perspectivas na busca por vida em outros cantos do cosmo e traz, à tona, essa
antiga questão da humanidade. Porém, não há nenhuma garantia de que tenhamos
batido à porta de algum E.T (até hoje cientista nenhum viu um ser vivo que não
fosse terráqueo).
Embora não seja novidade os
astrônomos conhecerem outros planetas extra-solares, essa descoberta é mais
especial. Por quê? Porque a quase totalidade dos cerca de 250 corpos desse tipo
(planeta extra-solar, em sua maioria gigantes gasosos e perto demais de sua
estrela-mãe) descobertos desde 1995-2008 tem tamanho igual ou superior ao de
Júpiter (o maior planeta do nosso sistema solar)! Outras poucas superterras
conhecidas orbitam pulsares, isto é, as estrelas mortas que emitem uma radiação
extremamente violenta. Já o Gliese 581c tem massa apenas 5 vezes maior e
diâmetro 1,5 superior ao da Terra, ou seja, é o menor exoplaneta já
identificado em torno de uma estrela comum de brilho estável.
Esse pequeno
planeta longínquo apresenta condições essenciais para o desenvolvimento da
vida: a existência de água no estado líquido, superfície rochosa (que pode
estar coberta de oceanos), sua órbita está a uma distância média e segura da
estrela ao redor da qual orbita (Gliese 581, 14 vezes menor do que a existente
entre a Terra e o Sol), com temperatura média entre 0°C e 40°C na superfície
(considerada zona habitável, algo parecido com a variação de temperatura entre
o inverno e o verão de Nova York)... Jamais topamos com outro recanto do cosmo
parecido com a Terra que satisfaça os pré-requisitos primários para o
surgimento da vida – ao menos como a conhecemos.
As luas de Saturno e Júpiter,
respectivamente Titã e Europa, por exemplo, a tempos vinham dando sinas de
ambientes parecidos com o da Terra à época do surgimento da vida por aqui, há
3,5 bilhões de anos. Mas, são apenas suspeitas sobre organismos nadando nos
mares por lá... A comprovação mesma depende da construção de equipamentos
especiais (perfuradores de gelo e sondas subaquáticas), ainda em fase de
desenvolvimento. Uma das técnicas de identificação de planetas em torno de
estrelas mede a minúscula redução no brilho de uma estrela a cada vez que um
planeta passa entre ela e o observador na Terra. Também, os caçadores de
planeta usam telescópios de solo e orbitais para monitorar as estrelas mais
próximas do sistema solar. Por ora, a tecnologia nos limita a rápidas
espiadelas sobre a superfície desses astros.
Biólogos e astrônomos debatem
há décadas se a vida é algo comum ou um acidente no Universo. Nem sequer
conhecemos todos os organismos que habitam as profundezas dos oceanos e a copa
das árvores mais altas, aqui mesmo no nosso planeta. Todavia, a curiosidade é característica
do humano. Então, estamos sozinhos? Eis as hipóteses bipolares a esse respeito
(sobre a existência de vida em outros mundos):
1.
“Princípio da Mediocridade”:
o cosmo não só borbulha de vida como abriga organismos sofisticados (existência
de vida inteligente além da Terra). A Terra é um planetinha rochoso típico,
localizado num sistema solar nada excepcional (também típico), que, por sua
vez, fica numa galáxia como milhares de outras. Então deve haver bilhões de
Terras por aí, com as mesmas possibilidades de ser habitadas. Adeptos: Carl
Sagan (1934-1996) e Frank Drake.
2.
“Estamos, sim, sozinhos
nessa imensidão”: esse é o campo dos mais incrédulos que afirmam ser a
Terra povoada só por causa de uma improvável combinação de centenas de
variáveis (da distância que a Terra mantém do Sol à composição da atmosfera e
sua interação com a superfície rochosa e os oceanos). A precisão de tal
combinação é tão grande que não deve ter ocorrido mais nenhuma vez em toda a
Via Láctea – e, talvez, em todo o cosmo. Vida inteligente torna-se, então,
impensável. Não fosse assim, por que não teríamos conseguido ainda entrar em
contato com algum E.T.?
O desejo de resposta
(positiva?) é tanto que nem precisaria ser uma criatura das mais inteligentes.
Na ânsia de encontrar um vizinho cósmico, nos contentaríamos com uma mera
bactéria extraterrestre ou microrganismos do gênero, mas que desse alguns
sinais de respostas:
1.
Onde a vida floresceu? Ainda está florescendo por aí?
2.
Se de fato existir vida fora da Terra, ela seria como a da Terra?
3.
Como ter certeza de que vamos reconhecer a vida na forma como ela
possa eventualmente se apresentar fora da Terra?
4.
As regras que permitiram o surgimento dos seres vivos no nosso
continho do Universo (a Terra) são diferentes ou iguais das que valem no resto
do Cosmo?
As
pesquisas avançam e o novo candidato representa o maior trunfo a planeta
habitado (habitat de alienígenas). Será? Caso não seja, não haverá problemas,
pois daqui a pouco tempo ele será apenas a primeira de uma longa lista de
planetas irmãos da Terra. Identificar indícios de um ambiente onde a vida possa
florescer é uma coisa. Outra bem diferente é descobrir se esse ambiente
efetivamente abriga qualquer organismo. Aliás, os astrônomos não conseguem
enxergar a Superterra (como também jamais viram diretamente nenhum outro
planeta extra-solar). Tudo é feito apelando-se a métodos indiretos de
observação. A existência de seres vivos na Superterra – ou em qualquer outro
astro – deve continuar como mera possibilidade, por enquanto!
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