Quem sou eu

Minha foto
São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
Professor, (psico)pedagogo, coordenador pedagógico escolar e Especialista em Educação.
Obrigado pela visita!
Deixe seus comentários, e volte sempre!

"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Filme 04: "O Pequeno Príncipe".

Estamos juntos, mesmo à distância.
O Pequeno Príncipe é um livro publicado em 1943, pelo escritor Antoine de Saint-Exupéry. É o livro em língua francesa mais vendido no mundo e o terceiro livro mais traduzido no mundo. Ou seja, é um sucesso. Em um primeiro momento, ele chama a atenção por possuir dois tipos de animação diferentes, stop motion e computação gráfica, o que é fantástico. A história dela (da garota sem nome do filme) e a do pequeno príncipe são narradas em paralelo, cada um apresentando uma técnica de animação diferente: ela, a computadorizada; ele, em stop motion. Só que, a partir de determinado momento, o longa-metragem vai além e ousa ao seguir em frente na história já conhecida.

Vale mencionar que a história do filme não é a mesma história do livro (tenham em mente que um independe do outro e se você for ao cinema esperando ver o livro reproduzido integralmente nas telonas, corre o risco de se decepcionar). Embora o diretor não reproduzisse o livro no filme, captou sua essência. Vale mencionar que o ritmo do filme é um pouco lento, o que, acredito eu, possa ser um empecilho para as crianças, que normalmente são mais agitadas e talvez possam se entediar facilmente.  Um detalhe interessante é que nenhum dos personagens tem nome. Isso pode ser interpretado de diversas formas. Eu acredito que o intuito disso seja mostrar que todos podemos ser a menina ou o senhor. São personalidades que representam todos nós.

Na verdade, o filme conta a história de uma menina super fofa que é fortemente controlada por sua mãe, que decide planejar toda a vida dela a partir de uma planilha que ela deve seguir a risca, sem nenhum descanso. A mãe é uma controladora obsessiva que deseja definir antecipadamente todos os passos da filha para que ela seja aprovada em uma escola conceituada (ela não percebe que, com tantas obrigações, está fazendo sua filha se esquecer do que significa ser criança). Felizmente a garotinha conhece e se torna amiga de seu novo vizinho, um senhor que lhe conta a história de um pequeno príncipe que vive em um asteroide com sua rosa e, um dia, encontrou um aviador perdido no deserto em plena Terra. Essa parte sim, está no livro: a história do menino que vivia solitário em um asteroide e, viajando pelo espaço, encontrou um aviador perdido no deserto. Pois é para resgatar a infância que surge o personagem do aviador – um velho rejeitado pela vizinhança por fantasiar demais. Um dia, ele dá à menina algumas páginas soltas de desenhos narrando seu encontro com o Pequeno Príncipe, um garoto que vivia num pequeno planeta, amava uma rosa e tinha como melhor amiga uma raposa. No fim das contas, O Pequeno Príncipe funciona tanto para quem nada sabe sobre a história como para quem a conhece de cor e salteado, já que aqui é apresentada uma variável do conto clássico. Osborne trabalha com a sensibilidade de quem entende o universo infantil e não menospreza seus espectadores mirins. O livro original é recontado e explorado como uma grande metáfora sobre perda, valores e visões de mundo, numa fantasia fascinante que ajuda a pequena protagonista a encarar seus desafios.

É evidente que o filme busca retratar assuntos já discutidos no livro, como a vida adulta, as regras e as normas a serem seguidas. Mas, há um foco especial de discussão que é a ausência de imaginação e criatividade presentes nessa fase da vida. A menina, até então vivendo como uma adulta, conhece seu vizinho, o aviador, que, ao contrário dela, vive como uma criança. E ambos começam uma relação muito rica e poética, que apresenta à menina uma coisa que até então ela não conhecia, a amizade. Até mesmo as músicas, que possuem um ar doce e melancólico, são diferentes das músicas que estamos acostumados a ouvir em filmes infantis. É um filme para adultos refletirem e, eventualmente, se emocionarem. Ao transmitir uma mensagem sobre a importância da imaginação, o longa aborda também a perda da inocência decorrente do inevitável crescimento. O destaque maior, sem sombra de dúvidas, fica por conta da raposa: uma graça, seja em qual aparência estiver.
A trama principal, como foi dito, gira em torno de uma pequena garota, que leva uma vida bastante regrada devido à obsessão da mãe em controlar absolutamente tudo à sua volta. Para situar ainda mais este universo rígido, a animação computadorizada ressalta sempre o quanto tudo é retangular e cinza, sem imaginação alguma. O contraponto é justamente a casa do vizinho, repleta de cor e irregularidades, uma metáfora à própria personalidade de seu dono. É a partir do encontro entre a garota e o vizinho, um senhor que lhe conta a tal história do pequeno príncipe, que o longa-metragem enfim ganha corpo. É quando a magia entra em cena, no sentido de um universo lúdico e repleto de criatividade.

O essencial é invisível aos olhos”. A frase mais célebre do livro "O Pequeno Príncipe" é usada até hoje para ressaltar a importância dos sentimentos e do caráter no dia a dia. Ao trazer para a sua realidade o conceito da morte e de como reagir a ela, a animação flerta com uma situação imensa mas acaba deixando-a de lado, optando pelo caminho fácil do mundo fantasioso. Que não é ruim, é bom ressaltar, apenas menor. Por mais que demonstre uma nítida irregularidade entre a fase inicial e o momento em que a garota passa a acreditar que sonhar é possível, e outros menores no decorrer da trama, o longa consegue sempre manter um certo interesse, muito ajudado pelo traço mais lúdico da animação e a bela trilha sonora.

Enfim, note que o filme conta duas histórias paralelas e utiliza duas linguagens para isso: na história “real”, focada na menina e no aviador, a animação é em CGI; já na imaginação, onde vive o Pequeno Príncipe, é usado stop-motion. A inclusão de novos personagens e a ampliação da trama original ajudam a atualizar as questões do livro e inserir críticas ao modo de vida contemporâneo. Enfim, o filme dosa pequenos momentos de humor, doçura e drama, sem nunca pesar demais nem ser leve demais. Para as crianças que terão seu primeiro contato com a obra pelo cinema, não há dúvida de que o longa deixará uma marca, como o livro deixou aos seus pais e avós. E elas também mostrarão aos seus filhos quando for a hora.

Algumas frases bem marcantes: 


Eu acho que o mundo se tornou adulto demais.
Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer.
Você vai vivendo e parece que algumas coisas grudam em você. A gente vira algum tipo de acumulador.
Pessoas jovens demais não sabem como amar. Cheias de dúvida, alguém sempre foge.
Às vezes uma partida é o primeiro passo para uma volta.
Ser adulto não é o grande problema. O verdadeiro problema é se esquecer da criança que se foi um dia.
Não há problema em viver só. Na maioria das vezes estamos entre pessoas que nos fazem sentir muito mais solitário. Quem aprendeu a conviver consigo mesmo, jamais se sentirá sozinho. Quem aprendeu a vê sua princesa ou seu príncipe com o coração, nunca mais estará só.
Se tu me cativas, teremos necessidade um do outro. Mas, corremos o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar. É um risco que vale a pena correr...
Existem milhares de rosas no mundo inteiro. É o tempo que perdemos com uma delas que a torna tão importante e especial para nós. “Minha Rosa”.
Vou lhe deixar um segredo de presente: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos. O mais importante é invisível.
Todos temos que dizer “adeus”, mais cedo ou mais tarde.

As estrelas são belas por causa de uma flor que nós não podemos ver. O que torna belo o deserto é que ele esconde um poço em algum lugar. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário