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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Filme: “SOB A PELE”

É um filme de ficção científica e suspense, lançado no ano passado (2013) no Reino Unido.

Como a sexualidade vem construindo temas no cinema da atualidade? O filme trabalha com subjetivação e o turbilhão de coisas ocultas e complexas (que estão debaixo da nossa pele) que nos torna humanos.

Não é um filme para ser compreendido, mas, sim, que parece pretender acordar algum espanto e reflexão. Mais do que entender o que se passa no enredo do filme, somos convidados a pensar a respeito do que afinal é ser humano, o que é estar no mundo e do sentido da vida (a pele, a mente, o corpo, quem está ali? O que se constitui enquanto o ser que pensamos existir?). Pois, as pessoas que aparecem, passeiam a esmo, sem grandes direcionamentos, apenas vivem o cotidiano em seu absurdo e em sua alegria. O filme:

- Discute a condição humana;
- A protagonista usa seu forte magnetismo sexual (sedução e apelo sexual) para atrair as presas;
- O toque do humano e a confusão diante de um emaranhado de desejos e sentimentos legítimos;
- Comportamento histérico;
- Laura chega à Terra (ela é um alienígena debaixo da pele humana) como puro instinto (forte magnetismo sexual) para atrair suas presas. Fica bem claro que ela como alienígena, “visitante”, não está ali como a grande maioria dos seres humanos. Ela é e está ali colocada para eles como algo próximo a uma outra espécie ou coisa, no sentido mais amplo da coisificação. Daí em diante, nos veremos às voltas com tudo aquilo que questiona o que forma o sujeito em sua relação com o outro e consigo mesmo:

1.      Um afeto surge ali no limite do desejo sexual propriamente dito e dos vínculos que formam a relação amorosa, em sua inserção, no amplo e complexo tecido social;
2.      Ser tocado pelo humano é ser tocado por aquilo que cuida, acolhe e cria o afeto. Despois nasce esse legítimo desejo de sentir e de ser tocado. O humano está naquela sensação ou qualquer ação de proteção e amparo diante, por exemplo, de choro de um bebê;
3.      É sobre aquilo que nos faz sujeito em relação, que a atrai, não necessariamente a necessidade de prazer sensorial das coisas;
4.      O filme não está preocupado (nem faz alusão) com a busca dos prazeres básicos;
5.      O que é desconcertante é a capacidade de relação que observa, em sua forma mais amorosa ou em sua forma mais destrutiva;
6.      O afeto: esse elemento de ligação que, estranhamente, desenvolvemos em direção ao outro, componente básico daquilo que forma a empatia e a solidariedade, a proteção e o amparo;
7.      Hipnotizadas pela atração da protagonista, as vítimas não se dão conta da imersão em um pântano virtual, sendo sugadas em todas as suas entranhas, restando, apenas, o invólucro, a pele;
8.      Busca os solitários, aqueles que ninguém sentirá falta, os esquecidos, e poupa, não se sabe bem o porquê, aquele que por sua deformação física, se encontra ainda mais afastado de qualquer possibilidade de laço afetivo. A abertura do estranhamento no ser pode dar lugar à angústia e à busca;
9.      O vislumbre da dúvida que instaura a necessidade do outro;
10.  Perdida na floresta como o mais pueril conto infantil, acaba encontrada pela maldade perversa, do lobo, aquela mesma que antes era parte do seu ser, a que anula o outro enquanto desejo, dono de seu próprio destino e escolhas. Ao que conduz ao pântano do desaparecimento da condução da própria vida. Assustada corre, da dura constatação de que, algumas vezes, o contato é, também, uma cruel agressão, que se longe do prazer, do consentido, pode ser aterrorizante;
11.  Vestida na pele humana, começa a sentir uma crescente curiosidade que a leva a olhar a estranheza do homem e seu meio. A angústia do meio do caminho onde se coloca, meio fera, meio mulher.
12.  O instinto que se transforma na assustadora necessidade de contato.
13.  As cenas de violência são conduzidas com um toque de “coisa comum”, de “banalidade”, vistas pelo olhar de seres que não enxergam o ser humano como nenhuma espécie que mereça um olhar com mais compaixão.
14.  O que será que tocou aquela criatura, a ponto de fragilizá-la ao extremo? Aquilo que nos faz mais compassivos é, também, aquilo que nos torna monstros, uma delicada equação que a humanidade propõe, se equilibrando sempre puxada pelos seus opostos.

- A questão da libido enquanto força motriz do sujeito e esta sendo encarada, sempre, inquestionavelmente, como energia sexual. Essa energia anda sempre amalgamada com a agressividade que, sem propor um julgamento sobre o sujeito, revela-o.
- A presa que vai revelar ao espectador o que acontece com as vítimas que Laura atrai. Hipnotizados pela atração que ela exerce, não se dão conta da imersão em um pântano virtual, no qual são capturados, sendo, em seguida, sugados em todas as suas entranhas, restando, apenas, o invólucro, a pele. A epiderme das sensações, daquilo que leva ao prazer, a experiência, ao contato.


Não é um filme que utiliza o formato de atração do grande público. É muito lento e denso. Desse ponto de vista, não recomendo a ninguém. Mas, para os amantes da Psicologia e da reflexão ruminante, o filme é um prato cheio. É para aqueles que buscam um despertar de emoções no contato com uma obra cinematográfica. 

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