Ué, e desde quando ele é uma doença?
Desde quando ele causa dor, sofrimento, dependência e outras reações
que levam o indivíduo à submissão. Aí para se livrar de tamanha dor da
decepção, você iria até à farmácia, compraria a pílula antiamor e pronto! Está
curado.
- Há um tipo de amor
considerado patológico pela medicina.
- Ele é definido como o
comportamento de prestar cuidados e atenção ao parceiro de maneira repetitiva e
sem controle, em detrimento dos interesses próprios.
- São pessoas que podem deixar
de estudar e trabalhar para dar atenção ao outro, por exemplo.
- É mais comum entre as
mulheres e tem entre suas causas o tipo
de vínculo feito na infância com o primeiro cuidador: “Ele seria repetido
no relacionamento amoroso adulto e é aquele em que a criança nunca sabe se
poderá contar com o afeto. Ela se torna insegura, com ansiedade de separação e
medo de perder afeto nas relações adultas”.
- Também está relacionado à
baixa autoestima. O amor patológico acontece com quem não se ama, quem não
consegue gostar mais de si do que do outro.
- O tratamento é a terapia.
Pode ser usada a análise psicodramática, em sessões de grupo realizadas de 16 a
20 semanas. Também é feito atendimento individual e em grupo. E, quando
preciso, usa-se medicação para tratar doenças associadas, como a depressão.
- A cura, que nesse caso é a
libertação da obsessão, é alcançada.
Duas maneiras de olhar o Amor: a “convencional” e a “científica”.
01.
Convencional: o tema é visto sob uma perspectiva filosófica e literária. Existe o
amor de Platão, de Shakespeare. Fala-se aqui do ideal, do sentimento
arrebatador, que nasce sem muita explicação e gera histórias inesquecíveis.
02.
Científica: Nesse caso, não há espaço para romantismo. A emoção seria produto de
respostas fisiológicas desencadeadas no cérebro a partir de um estímulo. Sua
geração faria parte do arcabouço de emoções que a espécie humana desenvolveu ao
longo de sua evolução com o objetivo de garantir sua sobrevivência. O medo, por
exemplo, nos ajudou a ter reações de fuga diante de predadores. O amor, por sua
vez, foi o sentimento que garantiu a continuidade da reprodução da espécie.
Bem, é por aqui que hoje, defendem os cientistas, é possível interferir nas
etapas desse processo com a finalidade de interrompê-lo. A “neurociência do
amor” está nos apresentando um entendimento novo do amor.
-
Portanto, se pensarmos que o amor é algo que emerge da química cerebral, começa
a fazer sentido falar em cura. Daí os tratamentos para esse sentimento.
As três fases do amor no consenso científico:
01.
Luxúria (caracterizada pelo Desejo Sexual): a
02.
Atração (junto com a Luxúria, as duas formam a Paixão): a
LUXÚRIA + ATRAÇÃO = PAIXÃO
- Elas
são associadas aos hormônios estrogênio e testosterona – responsáveis,
respectivamente, pelas características femininas e masculinas.
-
Também há o foco no objeto da paixão, podendo ocorrer inclusive pensamentos
obsessivos a ser respeito.
- Os
apaixonados e os pacientes que sofrem de Transtorno Obsessivo Compulsivo
dividem um mesmo tipo de pensamento. Os primeiros são focados nos parceiros, e
os segundos, em suas obsessões.
03.
Vínculo: Trata-se aqui do sentimento a longo prazo, sem o impulso da paixão,
marcado por sensação de segurança e de proteção ao parceiro. Nessa fase agem
duas substâncias: a ocitocina e a vasopressina.
A Química do Amor (a Neurofisiologia do Amor):
01. Serotonina (é
uma substância cerebral relacionada à regulação do humor – quanto menos
serotonina, mais obsessão e desequilíbrio):
-
Tanto apaixonados quanto pacientes que portam o Transtorno Obsessivo Compulsivo
têm baixa quantidade ou pouca disposição de serotonina;
- Os
amantes que manifestam obsessão pelo parceiro têm baixa disposição de
serotonina. Quando o nível da substância sobe, eles não manifestam mais
obsessão pelo parceiro.
02. Dopamina (é o
composto químico da alegria):
- A
estrutura cerebral acionada na produção de serotonina é a região cerebral que
compõe o sistema de recompensa do cérebro. Ele é ativado quando se vive algo
que dá prazer. Ao entrar em ação, há a liberação de dopamina – a base química
que está por trás da alegria que sentimos quando desfrutamos de uma situação
prazerosa.
-
Acontece que esse sistema é o mesmo acionado nos casos de dependência, como a
de drogas ou de álcool. No caso do amor, a recompensa é o prazer proporcionado
pelo parceiro. Isso explica porque existe quem vicia em drogas, quem vicia em
álcool e quem se vicia no parceiro.
- É
por essa razão que há o entendimento de que o amor pode se tornar um vício.
Qualquer substância, comportamento ou relacionamento que apresente potencial de
recompensa pode desencadear dependência.
03. Depressão tem tudo a ver com as taxas de Serotonina
e Dopamina: Os antidepressivos, por exemplo, reequilibram as concentrações de
serotonina (humor desregulado para + ou para – o que causa comportamentos
extremistas), reduzem pensamentos obsessivos, interferem na liberação de
dopamina (no caso depressivo, aumenta).
04. Amor patológico também tem tudo a ver com
as taxas de Serotonina e Dopamina: Assim
como os antidepressivos reequilibram as concentrações de serotonina, reduzem os
pensamentos obsessivos e interferem na liberação de dopamina, portanto, haveria
menos euforia também diante do amado (a). E têm, entre seus efeitos colaterais,
a queda da libido.
- Outras opções seriam as medicações que impedem a ação da
testosterona (ou da progesterona), provocando a diminuição do desejo.
- Apontam também a naltrexona, usada para tratar a dependência de
opioide (receitados contra a dor) e contra o alcoolismo.
05. Ocitocina e Vasopressina: são substâncias
relacionadas ao Vínculo, a terceira fase do amor:
Trata-se aqui do sentimento a longo prazo, sem o impulso da paixão, marcado por
sensação de segurança e de proteção ao parceiro. Nessa fase agem duas substâncias:
a ocitocina e a vasopressina.
- Ocitocina: é um
hormônio envolvido na formação de laços afetivos e de fidelidade. “Ele é
liberado quando há contato íntimo, um toque carinhoso”.
- Vasopressina: atua
na formação de vínculos nos cérebros masculinos. Em outras espécies, ela é
responsável por um comportamento associado à proteção de território. Mas em
espécies monogâmicas está relacionada a vínculo, provavelmente porque o cérebro
masculino considera a fêmea parte de seu território.
06. Molécula de CRF (responsável pela
durabilidade da relação): nessa química opera essa molécula que
ajuda a manter a relação por longos períodos. Quando os amantes estão
separados, a CRF os faz ter sentimentos negativos, até depressão.
07. Propranolol, o uso do anti-hipertensivo: age
na manipulação da memória por meio do emprego de técnicas adotadas hoje no
tratamento de estresse pós-traumático. Nesse caso, o que se quer é apagar as
lembranças ruins associadas ao evento que levou ao trauma.
- É um
otimismo quanto à criação de mais recursos antiamor;
-
Conforme o conhecimento do mecanismo cerebral por trás do sentimento se
aprofundar, a tecnologia antiamor se tornará ainda mais poderosa.
- E
mais opções estão em estudo, envolvendo treinamentos específicos e outras
medicações.
- No
caso do amor, os métodos seriam usados para fazê-lo desaparecer. “Pode-se
imaginar terapia similar sendo usada para apagar a memória do amor”.
- Os
pesquisadores defendem o uso de armas como essa para todos os casos nos quais a
relação é claramente prejudicial e precisa ter um ponto final.
08. Conclusão:
Teoricamente, drogas poderão ser dadas às pessoas para manipular seu amor por
seus companheiros. Os pesquisadores ingleses elencaram várias categorias de
remédios que poderiam ser usadas para interromper a evolução da paixão.
Recorrer
a recursos científicos e médicos para encerrar um amor: a proposta é bem
polêmica!
Seria
mesmo adequado tratar o sentimento como se lida com uma gripe, uma gastrite?
E as
consequências éticas que podem advir do uso do que os estudiosos ingleses
estão chamando de biotecnologia antiamor?
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Argumentos a Favor
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Argumentos Contra
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- Imagine uma pessoa em um
relacionamento violento. Ela sabe que precisa sair dessa situação, mas seu
sentimento de vínculo é tão forte que não consegue. Se ela pudesse usar um
remédio que possibilitasse uma separação emocional do parceiro, seria um uso
possível.
- Pense em alguém atraído
por outra pessoa que não o seu parceiro, mas que quer continuar fiel. A
tecnologia antiamor pode ajuda-lo a diminuir seus sentimentos de atração pelo
outro.
- Indivíduo com dificuldades
para se recuperar de um rompimento e partir para outra experiência também se
beneficiariam.
- Em Israel já houve a
adoção de uma das armas. Por determinação de rabinos, antidepressivos foram
dados a jovens para aplacar sua libido de forma que ficasse mais fácil, no
entendimento dos religiosos, seguir as normas da religião sobre o
comportamento sexual.
- É válido em alguns casos,
como para alguém que quer terminar um relação com um marido violento.
- Os recursos seriam úteis
quando as pessoas não são aptas a se recuperar de forma sadia após um
rompimento. Como aquelas que começam a manter pensamentos suicidas ou a
perseguir seus ex-parceiros.
- O alcoolismo, por exemplo,
foi considerado durante muito tempo uma questão moral. Quando começou a ser
tratado como um problema de saúde, houve a abertura para a criação de
tratamentos. E eles melhoraram a vida das pessoas que estavam sofrendo.
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- E quem garante que esses
remédios somente serão usados nas situações individuais de alta tensão do ser
humano? E se esses recursos forem usados para eliminar tipos de
relacionamentos somente porque não são considerados aceitáveis pela
sociedade. Um exemplo são as relações homossexuais. Será que esses remédios
serão bem regulados e usados em casos realmente extremos? Quem determinará
que o caso é extremo? Como garantir que não haverá abuso na aplicação dos
métodos antiamor?
- Intervir para curar o amor
embute o risco de tirar do ser humano uma oportunidade de evoluir. Se
tomarmos uma pílula a cada vez que uma relação não der certo, nunca
aprenderemos a ver o que fizemos de certo ou errado e como nos tornar pessoas
melhores.
- O que seria de toda a
maravilhosa arte, música e literatura feitas sobre o amor? Nada disso
existiria se esses remédios estivessem disponíveis. A dor da perda nos torna
criativos.
- O iminente desenvolvimento
de agentes antiamor nos coloca sob o sério risco de atitudes não éticas para
manipular sentimentos românticos. É preciso começar a pensar em uma
legislação que proteja, por exemplo, contra a manipulação involuntária do
sentimento. Mas isso será um desafio.
- A proposta não seria mais
um caso de “medicalização” de um sentimento. Ou seja, de tornar um problema
médico uma emoção natural. Isso pode ser bom ou mau.
|
REVISÃO:
·
- Cientistas propõem o uso de remédios
e de outras intervenções para acabar
com o sentimento quando ele traz mais
sofrimento do que alegria. E os
recursos para tratar a emoção se tornarão ainda mais sofisticados. Assim, é
possível interromper a progressão do sentimento em suas diferentes etapas.
·
- É possível apagar do cérebro as lembranças e as dependências
causadas por esse sentimento – o amor. Aliás, os apaixonados têm pensamentos
obsessivos.
·
- Ou seja, a neurociência
está nos apresentando um entendimento novo do amor: o sentimento causado e
comandado por hormônios e estímulos cerebrais.
·
- Então, esses remédios existem. Alguns já estão disponíveis, outros
em estudo. A proposta está sendo feita por pesquisadores da Universidade de
Oxford, na Inglaterra, uma das mais renomadas do mundo.
Adorei o conteúdo,as ideias expressas são bem interessantes. O amor é um belo sentimento mas anda juntinho do ódio e do desequilíbrio. Nada melhor do que um auxiliar medicinal para controlá-lo. Mas os argumentos contra tem que ter sua relevancia tbm,é bem perigoso se esse medicamento cair nas mãos erradas. Ou usarem esse medicamento violando a ética...Agora eu te pergunto: Quem nunca queria controlar uma paixão que não tem sentido? A resposta tá aí na medicina
ResponderExcluirJá estão disponíveis? Como fasso para
ResponderExcluirObter esse medicamento
Por favor responda
Acredite daria tudo p ele
Pois sofro por não conseguir m separar do cônjuge e quase uma década.
Já estão disponíveis? Como fasso para
ResponderExcluirObter esse medicamento
Por favor responda
Acredite daria tudo p ele
Pois sofro por não conseguir m separar do cônjuge e quase uma década.
Este comentário foi removido pelo autor.
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