Essa é muito
boa. Quem é que não gostaria de entrar na mente do outro e descobrir se ele
realmente está falando a verdade ou não? Pois sabemos que nem só de verdades
vive um homem, mas de toda mentira que lhe convém. O papinho do namorado, a
lábia dos políticos, a conversinha “fiada” do vendedor, o discurso de um
amigo... Tudo ao nosso redor está sujeito a verdades e mentiras. Então aí vão
algumas dicas para ajudar você a sobreviver entre os Pinóquios.
Este assunto
é bem delicado, e não vou lhe garantir que depois de lê-lo você poderá sair por
aí gabando-se de ser capaz de flagrar mentirosos. Vamos lembrar que a
experiência humana é rica e diversa demais para ser enquadrada em alguns sinais
exteriores. Além disso, a mentira é companheira da espécie humana há tempo
demais para se revelar facilmente. Mas valerá a pena. Se não nos fizermos
peritos ou especialistas em detectar mentirosos, pelo menos nos fará mais
precavidos.
Para mim, o
pior tipo de mentira é aquele que sai de uma pessoa que você muito gosta, ama e
confia. E essa pessoa mente sem sentir um pingo de culpa por isso. A mentira de
fato aborrece, mas nem tudo destrói. Se a confiança vai para o ralo, pelo menos
você se desilude logo de vez, sai das trevas da caverna e continua sua escalada
rumo ao brilho do Sol.
Alguém pode
MENTIR para você hoje e, como a mentira tem pernas curtas, fique esperto para
algumas dicas de como perceber quando alguém não é sincero:
01. Mentir, todos nós mentimos. Mas procure saber se a pessoa em quem
você desconfia tem o hábito de mentir com frequência. Já dizia o velho ditado
português: “O hábito do cachimbo deixa a boca torta”. A probabilidade de um
enganador compulsivo tentar ludibriar de novo é altíssima.
02. Não converse sobre assuntos sérios ao celular. É mais fácil mentir
a alguém conhecido ao telefone do que cara a cara. Quase 40% das mentiras são
ditas durante as ligações telefônicas e 27% em conversas presenciais. Apenas
21% de mentiras chegam em mensagens instantâneas enviadas por celular ou pelas
redes sociais. Somente 14% das mentiras contadas por amigos, parentes e
conhecidos chegam pelo e-mail.
03. Quem abusa de “desculpinhas” o tempo todo, também costuma mentir
sobre questões mais significativas. “O trânsito estava muito pior do que eu
esperava, por isso me atrasei”. “Não liguei para você hoje porque eu tinha
trabalho demais, nem notei meu celular”. “Sua mensagem foi direto para a pasta
de lixo. Não sei o que aconteceu. Manda de novo, por favor”. São alguns
exemplos das bastante prováveis.
04. Provas, as valiosas provas. A pessoa simplesmente é investigada, já
é suspeita de ter praticado determinado ato e ainda existem outros tipos de
prova contra ela, faltando aí apenas a confissão definitiva.
05. A maneira de falar. É ideal que a gente já tenha conhecimento da
maneira de falar e de outros hábitos do suspeito. Assim, a mudança ou alteração
do seu padrão comum de voz é um forte indício de distorção da suposta verdade
que esteja defendendo. Alguém que não tem o costume e passa a gaguejar, por
exemplo, durante o interrogatório já é muito para se desconfiar. Nos casos do
comportamento, basta comparar se as atitudes têm a ver ou que sejam do mesmo
conjunto da cultura do indivíduo suspeito de estar mentindo.
Vamos agora
para o campo das “microexpressões faciais”: trata-se das reações faciais,
corporais e verbais que fazem parte da natureza do ser humano. Pelo estudo da
contração ou relaxamento dos 43 músculos dos rotos, é possível codificar e
catalogar a gramática facial básica e universal da espécie humana. Ou seja, as
sete emoções básicas (medo, tristeza,
nojo, alegria, desprezo, surpresa e raiva) podem ser lidas nas expressões
faciais dos seres humanos. Assim, existe universalidade nas expressões faciais
de tristeza e alegria. Em todas as culturas as microexpressões básicas podiam ser
facilmente associadas às mesmas emoções. Vejamos alguns exemplos:
a)
Demonstração de Desprezo: quando
alguém quer demonstrar desprezo por outro alguém ou algo, geralmente faz um
movimento involuntário com os lábios, esticando um lado mais do que o outro,
produzindo um desenho assimétrico com a boca.
b) Surpresa e Tristeza: um criminoso tende a fingir surpresa e depois tristeza ao ser
interrogado sobre o destino da vítima. A surpresa é mais fácil de ser encenada.
E um especialista é capaz de evidenciar as microexpressões faciais de uma
pessoa que tenta fingir-se de triste quando não está. Aliás, só um ator de
enorme talento e ainda assim depois de muita prática pode produzir todas as
contrações musculares faciais associadas indelevelmente à tristeza.
c)
Desonestidade: Um desonesto sempre
deixa marcas de sua mentira no próprio rosto, em sua fala, em seu corpo. Quer
saber se um político corrupto está mentindo, por exemplo? Faça a ele uma
pergunta totalmente inesperada, que o tire da zona de conforto, como um ‘por
que o senhor teve de desviar dinheiro público?’, e note se sua face indica
desprezo ou raiva, enquanto ele tenta se defender.
06. Nossos olhares são bastante expressivos. Só os seres humanos forçam
lágrimas, por exemplo. Mas os olhos são ainda mais sutis. Todos nós, e não
apenas os grandes romancistas, podemos ler no olhar de homens e mulheres sinais
inequívocos de amor, ódio, raiva, alegria, tristeza, triunfo ou desdita,
confiança ou desespero. Então, faça a leitura do olhar.
07. Procure desconexões entre o que a pessoa diz e como se comporta. Se
alguém garante que ama a esposa, mas seu rosto denuncia um sentimento de
desprezo, pode se tratar de uma tentativa de enganar o interlocutor.
08. A verdade não precisa ser fabricada. A mentira sim. Essa daqui pode
ser aplicada à Internet, o Facebook, por exemplo. Quando você está teclando com
uma pessoa e ela diminui a velocidade normal com que tecla, fique em alerta: é
indicação razoável de que ela está do outro lado mentindo. Logo, todo mentiroso
pego com a guarda baixa precisa ganhar tempo para se recompor e continuar com
sua historinha falsa. Isso pode ser interpretado como alguém que precisa ganhar
tempo, pois está fabricando uma história.
09. Mentir cansa e o mentiroso tem dificuldade de manter a mesma
história por longo tempo. Por isso ele pode estar sempre tentando “encantar”.
Mentir é estressante, já que é preciso ficar atento, tenso, o tempo inteiro.
Então o mentiroso pode ser uma pessoa surpreendente demais, exageradamente.
10. Cabe lembrar que existe um detector de mentiras. Alguém já deve ter
visto algum em filmes de investigação policial. Existe sim e está em uso pelas
polícias dos Estados Unidos, as técnicas mais modernas podem chegar quase à
perfeição. Entre eles estão os algoritmos, programas de computador capazes de
analisar centenas de milhões de dados e tentar encontrar neles algum padrão
significativo. É por meio de um desses algoritmos que o Facebook varre toda a
sua rede de mais de 1 bilhão de usuários em busca de perfis falsos. As pessoas
que fingem ser quem não são no Facebook podem ser desmascaradas, como os
mentirosos do mundo analógico, por emitirem sinais da própria falsidade. Ao
contrário dos perfis reais, os falsos tendem a dar explicações copiosas sobre
por que eles são quem dizem que são. Eles precisam convencer e, ao se
esforçarem muito, se entregam. É quase uma confissão de mentira, que são frase
do tipo: “Para ser totalmente honesto com você...” ou “Nunca revelei isso
antes, mas para você eu vou dizer...” ou ainda “Por que razão eu mentiria?... (Bem,
que tal para evitar ser condenado ou para salvar seu casamento?)”.
Alguns sinais podem ser percebidos na análise da fala, no rosto ou
expressões faciais e nas posturas do corpo. Vejamos alguns sinais que podem
estar associados a alguém disposto ou decidido a soltar uma mentira cabeluda:
11. Tocar nervosamente a ponta do nariz, a região logo abaixo dos olhos
ou cobrir a boca ao falar.
12. Fugir da pergunta e evitar o essencial, dando excesso de detalhes
sobre fatos desconectados do ponto central.
13. Alguém que fala com correção, e começa a cometer erros gramaticais
grosseiros quando o assunto central da questão é levantado.
14. Afastar a cabeça ou jogar os ombros para trás como reação a uma
pergunta direta são movimentos defensivos de que não quer responder (não
necessariamente mentir).
15. Fazer gestos incompatíveis com a emoção descrita revela um esforço
mental enorme em não fugir do enredo inventado.
16. Repetir a pergunta que acabou de ser feita integral ou parcialmente
é sinal de que a pessoa quer ganhar tempo para construir uma história falsa.
17. Manter todo o tempo os punhos fortemente fechados ou as mãos no
bolso é indicador de que a pessoa não quer dizer algo que considera valioso
para quem pergunta.
18. Quem percebe que está dizendo coisas desconexas ou falsas tende a
terminar as frases (mesmo as sérias) com um sorriso e encolher ligeiramente os
ombros.
19. Quando uma pessoa está mentindo, ela tende a fechar os olhos por
mais tempo, como se procurasse internamente uma resposta.
Vamos agora
dá uma de especialistas na detecção de mentiras e aprofundar o assunto ainda
mais, e avaliar a capacidade de uma pessoa perceber a dissimulação alheia.
Vamos aprender a identificar um mentiroso (ou uma mentirosa)?
A) Todos os indicadores seguintes podem ser sinais de mentira:
presença ou ausência de gestos ilustrativos, microexpressões faciais, sorrisos
falsos e qualidade vocal (esse é menos confiável porque pode variar muito de
pessoa para pessoa).
B) O típico dissimulado costuma repetir uma pergunta inteira que lhe
foi feita antes de respondê-la, a fim de ganhar tempo para preparar a sua
história e se recompor antes de conta-la.
C) Um mentiroso não vai evitar contato visual quando você lhe fizer
uma pergunta. Quem não é honesto costuma intensificar ainda mais o contato
visual por achar que isso o ajuda a convencer os outros.
D) Um sorriso falso é checado pelos olhos, pois os músculos que
rodeiam essa região, chamados de orbitais, não são tensionados. O sinal mais
importante é a falta dos pés de galinha, marca registrada de um sorriso
verdadeiro.
E) “Para dizer a verdade...” Essa é uma possível frase de quem está
mentindo ou omitindo algo. Mentirosos usas afirmações como essa para tentar
reforçar a aparente honestidade do discurso. Honestos não precisam enfatizar
que dizem a verdade – os fatos falam por si.
F) Se você quer evitar que o dissimulado lhe dê uma resposta
defensiva, você precisa saber elaborar um questionamento. O segredo para
conseguir respostas honestas, especialmente em entrevistas e interrogatórios, é
evitar conflitos. Pedir à pessoa que explique a história, sem parecer julgá-la,
e usando frase como “O que fez você fazer isso?” em vez de “Por que você fez
isso?”, faz com que ela se sinta menos pressionada e a deixa propensa a dizer a
verdade.
G) Quando uma pessoa mente, os indicadores de mentira provavelmente
estarão mais no comportamento da pessoa ao contar a história do que nas
palavras com que ela narra sua história. Quem mente foca mais como descrever a
história de maneira convincente, pela fala, e acaba se esquecendo da linguagem corporal.
Para interrogadores profissionais, as palavras representam só 7% da forma como
as pessoas se comunicam, enquanto a linguagem corporal e outras informações não verbais contam 93%.
H) Raiva, tristeza, nojo,
alegria, desprezo, surpresa e medo sãos as
sete emoções expressas da mesma forma em todo o mundo, ou seja, são todas
emoções universais, expressas com traços faciais similares por qualquer
indivíduo, independentemente de seus hábitos e do ambiente em que cresceu.
I) Apesar de a intensidade do contato visual não ser um indicador de
mentira, vale ficar atento se o interlocutor começa a piscar em ritmo
acelerado. Geralmente, pessoas que contam uma mentira piscam involuntariamente
mais do que quando estão falando a verdade.
J) Dentre essas 07 emoções, Raiva,
tristeza, nojo, alegria, desprezo, surpresa e medo, o desprezo é a que se
expressa de maneira assimétrica no rosto quando verdadeira. A expressão de
desprezo envolve apenas um canto da boca, que é puxado para cima, e não os
dois, e outras características do rosto ficam assimétricas quando se compara um
lado da face com o outro.
K) A mentira leva a pessoa a se estender muito na introdução da
história que conta. O mentiroso incrementa a narrativa com detalhes
insignificantes que antecedem o evento principal. Esses detalhes geralmente são
verdadeiros, incluídos para aumentar a credibilidade e distrair o ouvinte.
L) Se a pessoas só consegue contar sua história em ordem cronológica,
isso é indício de que é mentira. Geralmente as farsas são contadas estritamente
de forma cronológica. Assim o desonesto consegue harmonizar todos os detalhes
de sua versão, sem se contradizer.
M) Se alguém conta a história descrevendo expressões que revelam
emoções, isso é indício de que é verdade. Os honestos se lembram do que
sentiram enquanto contam a história, ao passo que os mentirosos evitam incluir
esses detalhes na sua versão – por não terem sentido, de fato, as emoções que
relatariam.
N) Se a pessoa faz gestos ilustrativos ao contar uma história, isso é
indício de que é verdade. Quem conta algo verdadeiro faz muitos gestos para
ilustrar o que diz, ao contrário de um mentiroso, que estará tão focado na
história inventada que se esquecerá de falsear suas expressões corporais.
O) Se a pessoa acaba de contar a história fazendo um balanço de como
aquilo a afetou emocionalmente, isso é indício de que é verdade. A pessoa
provavelmente terminará seu relato com um epílogo que resume o evento e mostra
como aquilo a afetou. O mentiroso não gosta de prolongar a história, por isso
prefere terminar logo depois da parte principal.
P) Se a pessoa conta o clímax da história com muitos detalhes, isso é
indício de que é verdade. O evento principal da história é a pior parte para o
dissimulado, por ser o momento decisivo, no qual ele convence ou não o outro
interlocutor. Por isso, narrará a situação de forma geral e rápida.
Tipos de mentira:
01. Mentira Social: é aquela facilitadora da convivência, usada para fugir de um
jantar indesejável, para recusar um convite ou para justificar um atraso. Pouca
gente se incomoda com ela. Quando a praticamos ou quando nos aplicam uma delas
não chega a ser nenhuma tragédia, embora esse tipo de mentira seja moralmente
tão condenável quanto as enganações mais sérias.
02. Mentira Intolerável: todos são ruins, mas essa corrói a coesão social e abala os
alicerces da vida em comunidade. É a do criminoso que mente para escapar de
punições, por exemplo. Ou a do demagogo que esquece o eleitor no dia seguinte
ao da eleição. Ou ainda a da autoridade municipal que, para não perder o
emprego, minimiza os danos de uma enchente ou a gravidade de uma epidemia de
meningite.
03. Mentiras Ofensivas: são aquelas ditas para afastar uma pessoa ou grupo de pessoas de
algo valioso, de modo que o mentiroso usufrua sozinho. É a mentira do
hominídeo, por exemplo, que direcionava os outros caçadores para o lado errado,
roubando assim do rival a chance de dividir com ele mais tarde um naco de carne
defumada. De forma boa, uma “mentira benigna”, enquadram os grandes dribladores
do futebol ou do basquete, que fingem uma intenção e executam outra para se
livrar de um defensor. De forma má, uma “mentira maligna” estão os falsificadores,
os inventores de esquemas de investimentos fajutos e os malandros de todos os
calibres.
04. Mentiras Defensivas: essas são ainda mais clássicas, como aquela contada pela criança
que quebrou um vaso caro e põe a culpa no vento. Mas é também a do assassino
que nega ter estado com a vítima no momento em que ela foi morta.
De um jeito
ou de outro, muito ou pouco, você vai mentir neste ano. Você também vai ouvir
muitas mentiras em 2014. Isso porque a mentira é um recurso puramente humano,
tão privativo da nossa espécie quanto a fala e a negociação. Nenhum outro ser
vivo tem o dom da fala. Nenhum outro conhece os mecanismos da troca. A
capacidade de falar, negociar e mentir foi sendo refinada durante a trajetória
evolutiva humana até chegar a seu ápice na figura de um político treinado por
um marqueteiro em ano eleitoral, por exemplo.
Esse assunto
ainda ganha mais importância quando lembramos que os mais de 22500 candidatos
aos mais diversos cargos eletivos vão se esmerar em ganhar seu voto usando,
para isso, aquelas conquistas evolutivas da espécie que eles tão bem dominam. Mas
é possível detectar qualquer mentira? Teoricamente, sim. A evolução dotou a
espécie humana da capacidade de fingir, mas não, com exceção talvez dos poetas
e dos grandes atores, de fazê-lo completamente.
Dizem os
pesquisadores: um terço de todos os currículos profissionais contém pelo menos
uma informação inventada. E pior: 83% dos recém-formados tentam enganar o
entrevistador quando se candidatam ao primeiro emprego, e não se sentem
culpados por isso. Ainda segundo eles, usando-se de todas as suas armas,
consegue-se apontar um mentiroso em 90% dos casos. Em condições ideais, as
taxas de sucesso podem chegar a 95%.
Uma pessoa
sem nenhum treino específico é capaz de identificar que está sendo alvo de uma
mentira pouco mais da metade das vezes (54%). Nesse patamar ela consegue até
atingir um índice de 67%. Os homens, afeitos a mentir oito vezes mais que as
mulheres sobre seus próprios feitos, de modo a demonstrar suposto (e muitas
vezes risível) sucesso. Os especialistas, usando de todas as suas armas,
conseguem apontar um mentiroso em 90% dos casos. Em condições ideais, as taxas
de sucesso podem chegar a 95%.
Com muita
prática, flagrar a mentira se torna algo automático, como dirigir um carro. Se
a mentira é inevitável, o melhor é ficar prevenido para a sua possibilidade,
cedo ou tarde teremos que enfrentar sua dor, desilusão, mágoa e sofrimento. Ser
capaz de perceber os sinais exteriores da mentira ajuda cada um a ser mais
honesto consigo mesmo e com os demais. Saber quando alguém mente é uma maneira
também de aprender a se educar para não mentir. Nós crescemos emocionalmente se
somos capazes de identificar a falta de sinceridade de um interlocutor.
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