Tema Nº 02: questão econômica e política...
No segundo encontro a turma foi surpreendida ao ser convidada para refletir e debater sobre a inusitada onda de protestos ocorridos no Brasil, durante a Copa das Confederações agora em junho de 2013. Um fenômeno social e político que marcou a história do país pediu uma análise geográfica em decorrência da proximidade e da atualidade dos fatos, abordados em diferentes versões pela mídia (imprensa), pelo Governo e pela própria opinião popular.
O tema ressuscitou velhas questões sociais, adormecidas no cotidiano popular, mas bem pulsantes na realidade de vida do povo brasileiro: as classes e as desigualdades sociais, o poder dos meios de comunicação de massa, nossa tímida democracia, esporte, turismo e os indicadores (seus avanços e deficiências) da qualidade de vida no Brasil.
Os casos de vandalismos, de algumas cenas de depredação do patrimônio público e episódios de confrontos da polícia com alguns grupos inflados de manifestantes foram noticiados e recortados pela mídia, que soube muito bem canalizar a ira e a insatisfação popular para o sistema político e sua dimensão corrupta no país. Entretanto, a aula deu destaque para um detalhe importante, intencionalmente passado despercebido pela abordagem dos fatos – a versão econômica. Através da análise das contas e dos gastos gerados para sediar a Copa do Mundo de 2014, notou-se a insuficiência da iniciativa privada e seus grandes interesses em gerar lucros privados sobre o palco dos eventos, montados pelos cofres públicos. Mais uma vez a elite brasileira, formada pela classe abastada, procura tirar proveito no jogo do mercado consumidor capitalista, que transforma os eventos esportivos e o fenômeno turístico em lucro imediato. E não só isso, pois no discurso dominante transforma também as pessoas comuns e menos favorecidas em garçons e atendentes da elite, ainda rotuladas de profissionais desqualificados e sem educação.
Não se posicionando contra o turismo de eventos, pouco menos a importância do esporte na cultura brasileira, a aula se posicionou e deixou bem claro que o grande problema nessa história toda é a fonte dos gastos e a repartição dos lucros, que acontece de forma injusta e desigual quando consideramos a posição das pessoas nas classes sociais do país. A promessa de que o turismo de ventos trará mais investimentos e qualidade do transporte público, da educação, da saúde e da geração de renda se vê frustrada diante do oposto: os cofres públicos montando o palco dos eventos, a classe média e alta dançando e lucrando nele, sobrando o serviço pesado e a conta alta para a classe trabalhadora. Enfim, os protestos gritaram que “políticos e empresários” são forças nocivas a uma cidade.
Sem retirar a responsabilidade política dos fatos, pois os mais graves males apontados pela população são: corrupção, inflação, criminalidade e falta de recursos para saúde e educação, destacou-se a versão econômica dos mesmos, como parte do combustível implícito que gerou a onda de revolta e protestos no país. Estamos diante da classe média e alta, e de uma poderosa elite, que defende uma visão econômica que afasta o investimento privado (ou o investe se houver retorno e lucros muitas vezes multiplicados) o que impede o crescimento econômico justo, isto é, igual para todos. Apesar da longa lista de reivindicações, os protestos pelo Brasil pediram basicamente responsabilidade, ética, ação e transparência, mas de quem? Só dos políticos? Do empresariado também! A aula terminou deixando pistas de que o tema é inesgotável diante da Jornada Mundial da Juventude que acontecerá em julho deste ano e a Copa no ano que vem. Fomos capazes de misturar futebol com política, o próximo evento misturará política com religião? Ficou no ar outro tema não menos importante e polêmico: a união homoafetiva e sua luta por direitos.
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