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“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Algumas Teses sobre a Homossexualidade

Texto Extra IV:

1) A homossexualidade na história: Antes do Cristianismo, a homossexualidade já existia e em muitas culturas era permitida, praticada e aceita como algo natural. Portanto, a opinião que julga ser a homossexualidade um modismo dos dias atuais é ignorante e não tem fundamentos históricos. Com o aparecimento do Cristianismo e a criação de um modelo padrão de família, ela passou a ser encarada como transgressão, coisa do diabo, pecado. Se você inserir a homossexualidade no debate jurídico, antropológico e com analogias culturais, poderá perceber algum teor da sua validade ou pelo menos a chance dela respirar. Mas se você inserir a homossexualidade dentro das regras do jogo do Cristianismo, aí ela poderá ser condenada. Mas talvez não, talvez tudo dependa de que lado você vai partir e jogar e a sua capacidade de não só atacar ou defender, mas buscar consensos e conciliações. 

2) Maiorias e Minorias: É bom ter em mente que quem amplia as fronteiras sociais são as vanguardas comportamentais, invariavelmente formadas por minorias. Quem mantém a coesão da sociedade são as maiorias, conservadoras por definição. Por isso, as relações entre os dois grupos de pessoas, mesmo quando não há conflito aberto ou intolerância, são sempre tensas. Se a vanguarda minoritária não força a barra, as relações sociais ficam congeladas no tempo. Sem alguma resistência da maioria, as mudanças de comportamento nunca se legitimam. Mantida no plano civilizado, portanto, essa tensão é não apenas natural, mas necessária e positiva. Assim, é natural e positivo que as instituições tratem as mudanças comportamentais radicais com a cautela devida. É natural e positivo também que as pessoas possam ter tempo para se acostumar com esses novos ordenamentos sociais e avanços comportamentais. É assim que as mudanças se legitimam, superando a intolerância, que se dilui com o tempo em forma cada vez mais brandas de rejeição até se tornarem invisíveis. Assim, mesmo que haja o reconhecimento pelas instituições de que os direitos civis podem ser automaticamente aplicados aos relacionamentos homossexuais como são com os heterossexuais, isso não significa que os dois lados vão despertar um dia depois da aprovação da eventual legalização do casamento gay concordando sobre todas as questões. Mas esse processo de negociação é inevitável. “É da natureza humana que as minorias liderem as transformações, na vanguarda, e que as maiorias, sempre mais apegadas ao que já existe, se incomodem. Impossível é fugir da existência de uma novidade que exclui a indiferença”. 

3) O preconceito sexual persistirá: Assim como o racismo, infelizmente, sobreviveu mesmo depois de o conceito de raça como critério de diferenciação humana ter sido destroçado pelos avanços genéticos recentes, é de se esperar que a condenação da homossexualidade continue em certos círculos fechados. Ou seja, a legalização do casamento marital é só um passo entre tantos outros, como o rompimento de rótulos, estigmas e preconceitos. 

4) O foco da mídia e do mercado: Chega a citar a tese do biólogo evolutivo americano Edward Wilson em seu mais recente livro “A Conquista Social da Terra”. A homossexualidade seria uma adaptação da espécie: “pode ser vantajosa para os grupos humanos pelos indivíduos de talentos especiais e qualidades incomuns de personalidade e pelas profissões especializadas que cria”. Como o mercado capitalista encara a homossexualidade? De qualquer modo, “a relação homossexual é mais fácil para a nova geração”. “As redes sociais e o bate-papo na internet ajudam. Perde-se a timidez com a postagem de fotos e a divergência/convergência de opiniões comentadas, criando uma mentalidade mais flexível e tolerante”. Nos EUA, a causa homossexual já é tão majoritária, que entrou para a agenda de marketing das empresas ao lado da sustentabilidade. Obs: ler o texto: “A nova sustentabilidade?”. 

5) O tal jogo da democracia: “É simples: o deputado Marco Feliciano foi eleito pelos seus pares para assumir determinado cargo dentro do Congresso Nacional. Perfeito. Agora, a sociedade tem direito de se exprimir contrariamente à presença dele nesse cargo. Isso é democracia”. (Joaquim Barbosa, presidente do STF, em palestra na UnB). 

6) O Exemplo dos Estados Unidos da América: Em 1996, só 27% dos norte-americanos apoiavam o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Hoje, são mais da metade. Até o fim dos anos 60, os gays americanos se reuniam às escondidas em bares que pagavam propina à polícia para evitar batidas. Percorreram uma longa trajetória em busca de aceitação. Até 2004, a maioria dos americanos era contra o casamento homossexual. Desde então, o apoio entrou numa espiral ascendente. Na “geração silenciosa”, formada pelos nascidos entre 1928 e 1945, apenas 17% apoiavam o casamento gay há dez anos. Hoje, são 31%. Por dois motivos: 1) Os jovens que estão chegando à idade adulta são francamente favoráveis aos gays; 2) As pessoas mudam de ideia, inclusive as mais velhas. As coisas mudam devagar, mas mudam. 

7) “Os contra” - Críticas: - intolerância; - agressividade; 
- redução de questões éticas de alta complexidade; 
- uma simples luta por direitos; (talvez seja simples para quem já os têm, para quem é proibido ter, seja complexo e de alto valor). 
 - apenas um aspecto de uma questão social de consequências ainda não totalmente conhecida (esse caso do reconhecimento do direito dos homossexuais perante as leis). 
 - “Mas apenas fingir que o novo não existe é insuficiente para preservar o velho”. 
 - Contra a “Engenharia Social”; 
 - o movimento gay está lutando por direitos e casamento, agora que conseguiu o reconhecimento da união, falta outra coisa mais difícil: conseguir um parceiro só e ficar com ele. Será que no futuro o movimento gay não lutará pelo direito à “poligamia gay”. 
- A própria ciência é cética a sim mesma. Ela não é a dona da verdade. Ela é tão duvidosa que o tempo todo questiona a si mesma para testar e revalidar suas afirmações. 

8) MÁXIMA LIBERAL ou do direito à liberdade: trata-se de professar um credo liberal, que se aplica tanto à área da economia como à dos costumes. Que o debate se dê em alto nível (e que não fique empobrecido pelo calor da disputa individual de credos), incorporando as posições contrárias: 
a) os conservadores em matéria de costumes; 
b) os defensores de uma concepção de Estado que viveu seu auge, no Brasil, nos anos 70 do século passado e;
c) todas as nuances entre os extremos. Credo liberal: se aplica tanto à área da economia como à dos costumes. 

MÁXIA LIBERAL: 
1) Liberal nos Costumes: O Estado não deve legislar sobre a vida privada dos cidadãos. 
2) Liberal na Economia: Defende-se um Estado humanista, totalmente voltado para o bem-estar do cidadão. É uma visão modernizadora em relação ao velho Estado desenvolvimentista –, que, a pretexto de fomentar o crescimento econômico, drena recursos para alguns setores do empresariado e para a própria burocracia estatal. Esses dois temas – direitos individuais e papel do Estado – deverão ser centrais numa campanha eleitoral que já está em curso. Os do lado de cá acreditam, por definição, no direito à liberdade dos que não são liberais. O problema, e uma pena, é que a recíproca não é verdadeira. 

9) Por que a lista de brasileiros que assumem é curta? E como anda a questão na agenda internacional? Há quem ache que, no mundo moderno, é fácil assumir a homossexualidade. Trata-se de uma impressão ilusória, nascida do fato de que parte da mídia dá visibilidade positiva a pessoas famosas que, supõe-se, são gays. É fácil, realmente, para um profissional gay que dependa de sua fama ser bem-sucedido, desde que mantenha sua sexualidade no terreno das suposições, do implícito, do não dito. Sair do armário continua sendo um ato arriscado. Assumir publicamente também pode parecer mais fácil do que é porque a maioria dos casos ocorre em ambientes liberais e em grandes metrópoles. O preconceito e a violência se manifestam de forma muito mais livre e cruel em ambientes conservadores e em pequenas cidades. “Não é tão recomendável ser honesto”. Não há estatísticas conclusivas sobre a opinião pública, mas há vários indícios de que a sociedade brasileira ainda está dividida em relação ao tema. Jamais um candidato em eleições majoritárias assumiu em campanha a defesa da igualdade. No Congresso, pouquíssimas exceções se apresentam na defesa da igualdade de direitos. O Supremo Tribunal Federal já se mostrou aberto a promover a igualdade. A lei brasileira não ampara esse tipo de diferenciação. Mesmo assim, os legisladores hesitam em agir, diante da divisão de opiniões na sociedade. No Brasil esse assunto ainda é encarado com ressalvas pelos departamentos de publicidade. Entretanto, hoje, quem assume tende a sofrer menos com as consequências da decisão. A opinião pública mudou bastante desde 1989. Recuaram muito o preconceito e a oposição ao casamento gay: no Reino Unido, 55% da população apoia a igualdade entre os casamentos. Entre os eleitores norte-americanos mais jovens, o apoio chega a 80%. “Numa pesquisa feita em novembro (2012), 83% dos entrevistados disseram acreditar que o casamento entre pessoas do mesmo sexo será legalizado nos próximos cinco a dez anos. Restaria ao governo apenas acompanhar a opinião majoritária da população”. Nos EUA, o presidente Barack Obama e seu vice-presidente, Joe Biden, afirmaram apoiar o casamento gay em 2012, na reta final do primeiro mandato, com uma campanha de reeleição pela frente. “O brasileiro é mais defensor da igualdade quando o tema está no terreno das ideias, longe de seu cotidiano. Quando a questão é conviver socialmente com gays e lésbicas, a maioria das pessoas diz que não se importa, mas quando a relação ocorre em esferas mais próximas, o número de pessoas indiferentes diminui. Quando a pergunta é se eles se importariam que seus filhos fossem gays, o grupo que diz que não gostaria se torna majoritário – e cresce o número de pessoas que afirmam que romperiam relações e expulsariam o filho de casa”.

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