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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

domingo, 15 de janeiro de 2012

Panorama da Psicopedagogia

Por Neilton Lima*
Professor, pedagogo e especialista em psicopedagogia*

A psicopedagogia nasceu na Europa em 1946, migrou para a Argentina com marcas da literatura francesa e influenciou o Brasil em 1970, sendo que, nos anos 90, proliferaram seus cursos pelas regiões Sul e Sudeste do país. Foi fruto da articulação de conhecimentos das áreas de Psicologia, Pedagogia, Psicanálise e Medicina, em que hoje busca compreender, desencadear e orientar o processo de aprendizagem.
O ato de aprender implica uma série de fatores, entre eles o cognitivo, o afetivo e o sócio-cultural. Isso significa que existem níveis de inteligência e, portanto, de ensino-aprendizagem para cada estrutura cognitiva (Piaget); diferentes investimentos afetivos em relação a um objeto levarão os sujeitos a aprenderem de formas variadas (Freud) e que; sujeitos de distinta cultura, também suas aprendizagens em relação a um mesmo objeto serão diferentes, devido às influências do meio (Pichón).

A articulação desses conhecimentos, mais o olhar e a escuta atentos, fez-se nascer o método clínico psicopedagógico fundamentado na epistemologia convergente (Jorge Visca). Seu caráter é diagnóstico, corretor e preventivo, com o qual se tenta conduzir à aprendizagem. É um procedimento à altura da abrangência do processo formativo educacional, pois impulsiona o psicopedagogo a se lançar nos âmbitos onde esse processo possa se originar e desenvolver seja na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa (predominantemente), nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais (LDB).

Destacamos a educação escolar porque é um espaço criado exclusivamente como meio formal do ensino-aprendizagem, ou seja, é a sua instituição própria, mas não a única. Aliás, quanto mais intencional e planejado for o processo de ensino-aprendizagem, para o nosso propósito ainda é melhor. Vale ressaltar, também, que o funcionamento do sujeito é o resultado da dinâmica de interação entre o cognitivo e o afetivo, mais os impactos provocados dentro do meio específico em que ele convive com outras pessoas. Esse jogo está no espaço escolar e fora dele.

Baseado em Jorge Visca o procedimento diagnóstico transcorre da seguinte forma: primeiro as ações do entrevistador, aplicação da EOCA (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem) e dos testes, anamnese e, por fim, a elaboração do informe. De modo que, o ponto de partida é uma consulta inicial (dos pais, responsáveis ou do próprio paciente). Daí nasce uma entrevista contratual com o intuito de coletar informações e finda na devolução.  O cuidado de uma correta aplicação, evolução e extração das conclusões úteis são fundamentais para se entender a aprendizagem.
Agora, por que diagnosticar? Para o terapeuta, o propósito é identificar os desvios e os obstáculos básicos no Modelo de Aprendizagem do sujeito que o impedem de crescer na aprendizagem dentro do esperado pelo meio social. E o que fazer com o achado? Corrigir ele próprio, se puder fazê-lo, ou encaminhar para o profissional especializado que o consiga.

O processo educacional acontece na relação do sujeito ativo com o meio que o envolve. Ou seja, esse processo é desencadeado pela AÇÃO (física, cognitiva e afetiva), provocada por um estímulo ou necessidade, que rompe com o equilíbrio ou adaptação existente entre o organismo e seu meio, ao mesmo tempo em que busca reestabelecer tal equilíbrio (REFLEXÃO), entretanto, devolvendo o sujeito transformado, acrescido e readaptado à sua realidade (com mais condições de inová-la, mantê-la ou transformá-la), pronto para novas ações (Piaget). 

É a essa ação que deve interessar educadores e sobre ela os psicopedagogos. Cabe aos educadores estimular e motivar ações que abram caminhos para o conhecimento, e cabe aos psicopedagogos o esforço de manter e impulsionar saudavelmente os educandos nesses caminhos, diagnosticando, corrigindo e prevenindo possíveis desvios.

Acredito no poder de superação do sujeito. Podemos ir além dos nossos obstáculos e desvios cognitivos e afetivos próprios. Porém, uma coisa que incomoda bastante dentro dessa área é o fato de que podemos descobrir que nossos obstáculos e desvios, inclusive os causadores ou limitadores do modelo de aprendizado, esteja ou seja a própria realidade do sujeito ou aspectos dela. Realidade social, econômica. Nesse instante, cabe invocar a dimensão política da psicopedagogia. Ela tem uma?

O mal da educação acaba sendo o bem da psicopedagogia. Caso o processo de aprendizagem acontecesse bem na educação básica, não haveria sentido ou razão de existir do fazer psicopedagógico do ponto de vista remediativo. Nunca foi tão importante investir seriamente em educação e qualidade de vida, econômica e politicamente, mesmo que, em nome disso, cometêssemos um "suicídio psicopedagógico"
Um forte abraço!
Neilton Lima.

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