Por Neilton Lima*
Professor, pedagogo e especialista em
psicopedagogia*
“Não é a compreensão que gera o ato, mas é muito mais o ato que produz
a compreensão”.
LURIA
O desenvolvimento da linguagem escrita (simbolismo de segunda ordem),
e do ser humano como um todo, acontece antes da criança ingressar na escola. Isso
porque está ligado à história da criança (ela já está exposta aos elementos da cultura e à presença do
outro, que se torna o mediador entre ela e a cultura). Logo, existem experiências como gestos,
brinquedos, signos visuais, falas e desenhos (simbolismos de primeira ordem)
nos primeiros períodos vivenciados por ela que servirão de base para a formação
de um ser que se completa a cada dia. A escola e o professor não só devem reconhecer como também valorizar isso. Essa valorização pode
acontecer através de uma prática pedagógica
que dê continuidade e profundidade a essas experiências significativas e que
trabalhem a seu favor (Lúria e Vygotsk).
Ora, se a escrita é a representação
de objetos por meio de signos, ela é alto grau de abstração (o signo tem como
finalidade representar a nossa fala, e não o mundo material. Por exemplo, quando
escrevemos a palavra MAÇÃ, estamos representando o que falamos, quando a maçã
está desenhada imediatamente nos vem à imagem real dela). Requer, portanto, memória,
inteligência abstrata e capacidade de processar informação. Algo que a criança
terá com o amadurecimento. Por isso é recomendável trabalhar com coisas
concretas nessa fase, porque o escrever ainda não é utilizado como um
instrumento a serviço da memória, mas o desenhar, sim. Ou seja, figuras
simbólicas contendo um significado pessoal, além de serem mais significativas são
o elemento inicial (simples representações) que, mais tarde se tornará a escrita (mnemônica, alfabética).
Tudo isso parece justificar um aprendizado dinâmico, criativo e paciente da linguagem escrita (e todas
as outras formas de linguagem), e não apenas a prática de uma habilidade motora
rigorosa e tradicional.
Um forte abraço!
Neilton Lima.
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