Por Neilton Lima*
Professor, pedagogo e especialista em
psicopedagogia*
Na sociedade contemporânea, uma
sociedade do controle, o urgente não vem deixando tempo para o importante. A
correria cotidiana imposta pelo relógio e as metas da vida prática nos rouba
nossa liberdade consciente mais elementar: a capacidade de reflexão e consciência, continuada e deliberada. "Sem tempo para pensar”, nos tornamos vulneráveis aos
imperativos do mundo dos negócios e da comunicação, verdadeiras presas do
mercado. E nos tornamos meros consumidores vorazes e insanos, autômatos.
Tudo isso não só ameaça a nossa
liberdade de decidir, escolher, optar e aderir, como também nos cansa, tirando
o sono, o lazer e o sossego necessários a uma vida saudável. A conseqüência é a
ameaça de um abismo do vazio. Muitas pessoas com aversões à civilidade, “deixando
a vida nos levar” incertos, repousando na irracionalidade e vivendo dilemas da inconseqüência.
Sem liberdade, individualidade e
privacidade. Sem o exercício do pensar e a atividade da reflexão. Vivemos numa
verdadeira ditadura implícita, disfarçada, cujas amarras estão numa “mercadolatria”
que seqüestrou nossa subjetividade. As forças de mercado criam necessidades
artificiais o tempo todo e nos faz viver em função delas. E todo o desenvolvimento
tecnocientífico vem sendo usado ao seu favor, fazendo-nos viver numa verdadeira
Matrix.
Não devemos aceitar esse presente
e esse futuro de carência, de falta, de ansiedade e de antecipação. E o ponto
de partida parece ser a retomada da nossa capacidade de pensar e, junto com
ela, de aprender a dizer “não”.
Um forte abraço!
Neilton Lima.
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