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Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

O (pre)texto para uma guerra.

 

Para fazer uma guerra, você só precisa de um pretexto. Quando esse subterfúgio não existe, inventa-se um. Logo, na verdade, para fazer uma guerra você precisa de interesses e uma boa narrativa que conquiste a opinião pública.

É exatamente isso que está fazendo o governo de Donald Trump, ao acusar o regime de Nicolás Maduro de supostamente usar receita do petróleo para financiar atividades terroristas, o narcotráfico e de roubar os EUA. Com essa alegação, Trump acha justificativa para ordenar o bloqueio total de 30 petroleiros que entram e saem da Venezuela, isto é, que estão sob sanções e navegam pelo país. Assim, a medida atinge embarcações sob sanções do governo dos EUA. Ou seja, o objetivo da medida é facilitar a asfixia das finanças do governo.

Na verdade, a medida de Trump é pressionar Maduro. Uma pressão inconveniente, pois o regime venezuelano foi designado como organização terrorista estrangeira (FTO em inglês), um termo que não enquadra países ou governos, mas sim grupos armados, milícias ou movimentos políticos. Esse é o modus operandi de líderes da extrema direita, como o próprio Trump (EUA), Jair Bolsonaro (aqui no Brasil), Javier Milei (Argentina) e agora o José Antonio Kast (Chile).

A estatal venezuelana DPVSA e seus 23 petroleiros é um dos pontos de cobiça. Certamente, um bloqueio naval ao petróleo tiraria do regime chavista sua maior fonte de receita. Afinal, mais de 90% das exportações venezuelanas vêm do petróleo e cerca de 60% das receitas do governo dependem diretamente do setor petrolífero.

Vale ressaltar que, no meio desse embate todo, fica a população. Parte dela é transformada em emigrantes que, ao ter a vida arruinada, foge para outros países na esperança de recomeçar. Só no Chile, são mais de 300 mil imigrantes em situação irregular, a maioria deles venezuelanos (38% do total de 1,9 milhão de estrangeiros, 10% da população do Chile). E o que o governo local propõe? A criação de um corredor humanitário de devolução dessas pessoas. Cerca de 7 milhões de venezuelanos emigraram desde 2014, fugindo desse colapso humanitário, político e econômico gerado pelo embate EUA x Venezuela.

[Nota: a Argentina é o país que mais concentra imigrantes em números absolutos – 2 milhões]. Aliás, o capitalismo se retroalimenta de seus problemas gerados. A miséria é transformada em capital, não só financeiro, mas também político. A extrema direita aprendeu a politizar os problemas do povo como capital político. As promessas de Kast (no Chile) de acabar com a crescente violência, deportar milhares de imigrantes em situação irregular e melhorar a economia debilitada selaram sua vitória no segundo turno das eleições presidenciais neste mês (dezembro/2025).

Enfim, obviamente, o que está em jogo não é apenas um cerco ao chavismo. Mas, a tomada de poder da própria Venezuela e a posse do seu petróleo, as terras e tudo o mais. Como se nota, o poder da retórica, ainda que irracional, é um lembrete de que os recursos naturais da Venezuela (territórios e bens) são o verdadeiro foco da agressiva pressão da Casa Branca.

O pretexto para uma intervenção militar é provocar uma guerra para saquear o território invadido, pintando o rival de “narcoditador” e se fazendo de vítima. Isso fica bem claro nas palavras de Marco Rubio, secretário de Estado norte-americano:

“Os EUA continuarão usando todas as ferramentas disponíveis para proteger nosso país e deter as campanhas de violência e terror cometidas pelos cartéis internacionais e pelas organizações criminosas transnacionais”.

Percebe? Pintar o vizinho de vilão, e dizer que ele usa os recursos para o mal, é uma forma picareta de armar guerra contra ele para tomar seus bens. É a psicologia da extrema direita!


A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo (cerca de 300 bilhões de barris, principalmente extra-pesado), mas enfrenta baixa produção (cerca de 1 milhão de barris/dia, menos de 1% global) devido à infraestrutura precária e sanções, apesar de exportar mais de 500 mil barris/dia, com a China sendo grande compradora, e os EUA aumentando importações, enquanto tensões geopolíticas elevam riscos no mercado.

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