A pior economia assaltando a política e seu espaço público!
Isso não é um caso de entretenimento. É saúde pública!
O vício em jogos já é a terceira dependência mais frequente no Brasil, perdendo apenas para o álcool e o tabaco. 1,8 milhão de brasileiros entrou na inadimplência em 2024, por conta das bets. A promessa de dinheiro fácil, a ilusão de controle, a espiral de perdas que culmina em desespero. Começou como entretenimento e legalizou-se como tragédia sanitária.
O “jogo patológico” é um transtorno mental desde 1992. Ele compartilha circuitos neurobiológicos com dependências químicas. A dopamina liberada pela expectativa da vitória cria um ciclo vicioso: o cérebro aprende a ansiar pela próxima aposta, independentemente das perdas acumuladas. É a mesma lógica que aprisiona o dependente de cocaína ou álcool. Um pouco pior: o gatilho está no bolso, disponível 24 horas por dia, a um toque de distância – o celular.
Com isso, brasileiros destinaram cerca de R$ 240 bilhões à plataformas de apostas em 2024 (valor equivalente ao orçamento anual do Ministério da Saúde, projetado em R$ 246 bilhões para 2025).
Esse desastre é sinônimo da ausência de pensamento crítico. O design deliberadamente viciante das plataformas. Notificações constantes, “promoções exclusivas”, bônus que nunca se concretizam – tudo meticulosamente calculado para maximizar o engajamento e as perdas do usuário. É engenharia comportamental a serviço do lucro, travestido de entretenimento esportivo. Dívidas impagáveis. Entre jovens, a situação é ainda mais grave. O impacto vai além do indivíduo. Famílias implodindo...
A epidemia das bets não é acidente. É escolha mercadológica inserida na política. O mercado tem suas manhas e façanhas para assaltar o espaço público e arruinar a vida social e política das pessoas.
Enfim, foi legalizado o produto, mas não
o cuidado. Afinal, o argumento de que a aposta é uma escolha individual não se
sustenta. Decisões individuais ocorrem em contextos. E quando esse contexto é
manipulado para explorar vulnerabilidades psicológicas, a tal “liberdade de
escolha” torna-se ficção conivente e conveniente.
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