A abertura dos portos brasileiros.
Os “perigosos” setores populares brasileiros, compostos de artesãos, pequenos
comerciantes, mulatos, homens livres pobres e escravos, alimentavam o
temor de que a trama política desembocasse numa péssima e irremediável cartada.
Quando parte da frota portuguesa aportou em Salvador em 22 de janeiro de 1808, o príncipe D. João decretou a abertura dos portos brasileiros a outras nações. Ou seja, estava permitida a livre entrada de produtos estrangeiros no Brasil. Como a Metrópole estava ocupada pelas tropas francesas, tornava-se necessária uma medida que permitisse o abastecimento da Corte e a continuidade dos negócios imperiais. Rompia-se na prática o monopólio metropolitano, núcleo do sistema colonial. O Brasil, sede da monarquia, praticamente deixava de ser colônia e passava a negociar diretamente com as nações amigas de Portugal, uma forma indireta de se referir à Inglaterra. Aqui está o verdadeiro marco da suposta “Independência do Brasil”.
Ainda em 1808, centenas de comerciantes ingleses instalaram-se no Rio de Janeiro, interessados no promissor comércio brasileiro. Em 1810, mediante o Tratado de Navegação e Comércio, as mercadorias importadas da Inglaterra receberam um tratamento especial: pagavam 15% de imposto, contra os 16% cobrados aos comerciantes lusitanos e os 24% aos dos demais países. Diante do protesto de seus súditos, a Coroa encontrou uma solução: igualou em 15% o imposto aplicado sobre os produtos de ingleses e portugueses.
“Quem passasse no porto do Rio de Janeiro depois da chegada da Corte iria assistir a uma enorme confusão. Vinham para o Brasil, importados, coisas como pianos e bonecas alemãs, cerveja holandesa, livros e medicamentos franceses, azeite, bacalhau e vinho portugueses, chá da Índia, pimenta, enxofre e azeite-de-dendê africanos, queijos suíços e, principalmente, mercadorias inglesas: tecidos de algodão, lã e linho, porcelanas, objetos de metal e ferramentas, armas, sapatos, chumbo, cobre. As principais cidades brasileiras ficaram entulhadas de mercadorias britânicas de todos os tipos. Importavam-se coisas incríveis, até carteiras de dinheiro porta-notas (quando aqui só havia moedas...), patins para esquiar na neve de nosso inverno (?!) e penicos (isso mesmo) de luxo. De certa maneira, o Brasil estava sendo amarrado à economia inglesa. Através do Rio de Janeiro, inclusive, os ingleses exportavam boa parte de seus produtos para o resto do Brasil e para a América do Sul” (Mario Schmidt, p. 317).
Como foi nascendo a elite dirigente no Brasil? Realizavam-se casamentos entre membros da Corte e filhos das principais famílias brasileiras. Funcionários reais e representantes da nobreza recebiam terras na região do Vale do Paraíba, entre São Paulo e Rio de Janeiro, e realizavam-se grandes investimentos públicos: Jardim Botânico, Biblioteca Real, Imprensa Régia, Academia da Marinha, Academia Militar, Academia de Belas-Artes e de Ofícios, Observatório Astronômico, Casa da Moeda, Banco do Brasil. À medida que se estabeleciam os interesses dos membros do governo na América, os representantes da aristocracia colonial do Centro-Sul contentavam-se. Em pouco tempo, pela afinidade econômica e social, surgiu uma elite dirigente, composta de comerciantes, proprietários rurais, traficantes de escravos e funcionários da Coroa. Essa elite aglutinava-se em torno da administração central e do abastecimento da Corte e da Monarquia. Percebe-se? Mudança da sede da Coroa para a América: o deslocamento geográfico do poder monárquico (que trouxe um significativo número de funções políticas e administrativas). Isso devido à importância econômica e à insegurança reinante na Europa. Um poderoso império sediado na América do Sul seria mais capaz de responder a agressões da França, da Inglaterra e da Espanha, e de defender seus domínios mais ricos. Não se tratava de uma imensa excursão em direção às então consideradas exóticas terras tropicais. A sede da monarquia portuguesa estava de mudança para o Rio de Janeiro. No entanto, nas províncias do Norte e do Nordeste, a presença da monarquia em terras brasileiras não estava sendo tão lucrativa. Os cargos administrativos mais cobiçados eram ocupados por nobres portugueses recém-chegados da Europa e altos impostos continuavam a recair sobre as atividades coloniais. O descontentamento logo se faria sentir.
· O escravo negro estava do lado e ao lado. Estava ali não só por necessidade, mas também a obrigação. Era alimentada a sua condição nas mais frívolas futilidades, só para lembrar que ele era servo. Era explorado, também, em sua condição para que se sentisse menor e, nunca, uma pessoa digna de ascensão ou revolta. Era o combustível da hierarquia social. “O orgulho tolo e a presunção formalizada (humilhação, ostentação), que dominavam em todas as classes da sociedade brasileira, atingiam nesta categoria de homens um absurdo singular e ridículo” (inglês John Luccock). Há uma classificação hierárquica baseada nas distinções da sociedade colonial: o gerente de hotel, o carpinteiro inglês, o empregado do carpinteiro, o copeiro, e por fim, o negro, que pode ser um liberto ou um escravo de ganho. Ou seja, não era só o preconceito racial. Havia um forte preconceito contra o trabalho manual, tido como desonroso, ocupação de desclassificados ou de escravos. O comportamento é ostentatório, a presunção e o orgulho tolo, mesmo sobre tarefa tão simples...
A ostentação e a soberba dos costumes brasileiros no século XIX são retratados em ambos os casos. Um simples passeio familiar assume ares de desfile cerimonioso, onde as aparências são minuciosamente consideradas como distinções de poder, honra e autoridade. Não bastava só servir, tinha de ser humilhado (o sentimento de grandiosidade é parte da herança maldita herdada da monarquia e do absolutismo).
Na verdade, apesar do decreto de abertura dos portos de 1808, a
Coroa mantinha sua política monopolista no Nordeste, acirrando a rivalidade
entre os produtores locais e os comerciantes lusitanos. Os grandes
proprietários pretendiam estabelecer relações econômicas diretas com a
Inglaterra e os Estados Unidos e, para tanto, chegaram a remeter uma carta ao
presidente estadunidense oferecendo “liberdade absoluta de comércio” e
afirmando que procuravam imitar a “vossa brilhante revolução”.
Enfim, se em 07 de setembro
de 1822, o Brasil ficou politicamente livre dos portugueses, foi bem antes, em
1808, que o país via aniquilada a chance de desenvolver indústrias (apesar da
tal liberdade) e tornava-se o principal mercado para a poderosa indústria da
Inglaterra. Ainda é preciso romper com essa histórica estrutura administrativa
centralizada, seja em latifúndios, grandes empresas, corporações e em cargos
estatais, ocupados ou controlados pelos nobres e suas proles. Eles vão desde
uma aristocracia rural brasileira até bem sucedidos empresários e bancários. O
país ainda cambaleia na tentativa de uma social democracia, popular e
independente.
·
Abertura dos Portos: 28 de janeiro de
1808.
- hierarquia
social no Rio de Janeiro;
- o costume de
anotar e descrever situações e pessoas dos lugares por onde passava (inglês
John Luccock). Inclusive o comportamento social dos habitantes...
- 1820: a onda revolucionária chegava
finalmente a Portugal...
- A burguesa
portuguesa tentava assumir o controle do reino e do império lusitanos...
- Em agosto de
1820, na cidade do Porto, militares pronunciaram-se publicamente contra a
ausência do rei e sua Corte em Portugal e a preponderância inglesa nos negócios
do império.
- A economia de
Portugal encontrava-se arruinada, não só pela guerra contra a França, mas
principalmente porque sua maior fonte de renda, o comércio colonial, havia sido
drasticamente reduzida com a abertura dos portos brasileiros.
- Os “perigosos” setores populares
brasileiros, compostos de artesãos, pequenos comerciantes, mulatos,
homens livres pobres e escravos, alimentavam
o temor de que a trama política desembocasse numa péssima e irremediável
cartada.
- Para a maioria
dos deputados portugueses reunidos nas Cortes em Lisboa, tratava-se de controlar
o poder real por meio da monarquia constitucional e de reconduzir seus domínios
americanos à condição de colônia.
- Os revoltosos
não podiam proclamar a República, simplesmente porque perderiam o controle das
riquezas brasileiras.
- Tentaram
submeter D. João VI às regras constitucionais e transformá-lo num símbolo de
unidade imperial, sem poderes de fato e a serviço dos deputados, encarregados
de elaborar as leis e de exercer o poder Executivo de todo o império.
- Não havia
unidade de interesse na elite colonial, a não ser em torno dessas questões:
1. manter o
Brasil como Reino Unido, garantindo assim a manutenção dos privilégios que
recebia desde 1808;
2. afastar o
rico de radicalizações populares que pudessem levar à perda de seu poder
socioeconômico;
3. liberdade de
comércio com outros países, principalmente com a Inglaterra (a palavra de ordem
dos cerca de 70 representantes brasileiros escolhidos para participar das
Cortes de Lisboa);
4. o medo de
levantes de negros e mulatos que transformassem o Brasil num novo Haiti era o
único sentimento de unidade coletiva.
5. não havia
entusiasmo nacional, até porque ainda não havia uma nação brasileira.
6. na verdade,
cada deputado representava sua província ou região “Não somos deputados do
Brasil porque cada província se governa hoje independentemente”.
7. as divergências eram muitas.
“A elite do Centro-Sul, que se articulara em torno da Corte de D. João VI, defendia a criação de uma monarquia dual, com o revezamento da sede do império entre Lisboa e Rio de Janeiro (como foi sustentado pelo paulista José Bonifácio de Andrada e Silva). Para os baianos, a sede deveria ser Salvador, antiga capital do Estado do Brasil. Para as províncias do Norte, Maranhão e Grão-Pará, era preferível o controle de Lisboa à subordinação ao Rio de Janeiro”.
·
Que
dia é comemorada a independência do Brasil? Não, não é o 7 de Setembro.
- a verdadeira
festa é o 2 de julho – expulsão dos portugueses da Bahia. Celebrando a vitória
de uma guerra que matou muitos brasileiros. O combate foi pelas ruas de
Salvador.
·
02 de julho, a guerra pela Independência da Bahia. A Bahia era
administrada por uma junta de governo cada vez mais submissa a Portugal. Militares e civis baianos
começaram um movimento de deposição dessa junta (também acusada de
corrupção).
·
No início de 1822, chegou a Salvador uma Carta da Coroa Portuguesa
ordenando que o brasileiro Manuel de Freitas fosse trocado pelo general português
Madeira de Melo, do cargo de
Governador das Armas da Bahia. Uma espécie de chefe militar da
província. Situação de conflito que durou algumas semanas. Ele exigiu assumir o
comando, mas os militares brasileiros recusavam. Inácio Luiz Madeira de Melo tentou tomar o poder à
força (19 de fevereiro de 1822). Ele colocou suas tropas, com tiros e canhões,
para atacar e tomar o Forte de São Pedro e o Quartel da Mouraria (próximo ao
Convento da Lapa) em Salvador (onde os militares brasileiros estavam
rebelados). Os soldados portugueses promoveram saques, tumultos e quebra-quebra
(entravam em prédios, casas, praticavam roubos, mortes). 04 dias de combate nas
ruas de Salvador, mais de 200 mortes (uma delas, Joana Angélica de Jesus, morta
no Convento pelos soldados, sob alegação de que ali se refugiavam soldados
brasileiros). Surge a
primeira heroína da Independência da Bahia, Joana Angélica (golpes de
baioneta, com 60 anos, morre em 20 de fevereiro de 1822). O convento abrigava
as freiras franciscanas da ordem de Nossa Senhora da Conceição. 1 das mártires
da Independência do Brasil, uma das civis mortas na luta entre portugueses x
brasileiros.
·
Manoel Pedro e seus homens tinham se abrigado no Forte de São Pedro. Madeira de Melo
ordenou que eles se rendessem, mas não se renderam. Então, Manoel Pedro ordenou
o bombardeio do Forte. Outras vidas civis foram perdidas, e ruinas foram
causadas, só as freiras fugiram. Acabou arrasado com o bombardeio. Prédio
invadido. Manoel preso e mandado a Lisboa para responder contra “seus” crimes
contra a Corte (200 mortos nessa história, fora feridos, destruição de casa,
caos em Salvador). Soldados e cidadãos deixaram Salvador, arruinada, e se
refugiram nas Vilas do Recôncavo Baiano. De lá, esses cidadãos ficaram
pressionando à Câmara de Salvador a declarar lealdade ao príncipe regente no RJ
e não mais as Cortes Portuguesas. Madeira de Melo enviou tropas para impedir
qualquer decisão da Câmara (porque sabia que ela ficaria a favor de Dom Pedro I
no RJ). Cartas, pedidos às Cortes para retirar Madeira de Melo, que ainda
recebeu reforços de 02 navio com 166 soldados (27 de março de 1822). Dom Pedro I (no RJ) ficou indignado com essa
insubordinação do Madeira de Melo e dos ataques aos civis brasileiros. Dom
Pedro I soube dos reforços mandados de Lisboa e declarou guerra a todos os
militares portugueses (os brasileiros tinha direito a resistir com armas). Em
Junho, D. Pedro chegou a ordenar saída do Madeira de Melo e seus homens do
Brasil. Não se mecheu. E foi aí que ele enviou o general francês Pedro Labatut
(com 300 homens). E mais uma esquadra. Escreveu uma proclamação aos baianos.
“Vós vedes a marcha gloriosa das províncias coligadas. Vós quereis tomar parte dela. Mas, estais aterrados pelos invasores. Recobrai o ânimo. As tropas do inimigo são suscetíveis de igual terror. Haja coragem. Haja valor.”.
· Madeira de Melo chegou a tomar o poder na Bahia. O restante da resistência militar brasileira e centenas de famílias abandonaram Salvador e fugiram para o Recôncavo Baiano. Cidades como Santo Amaro, Cachoeira e Maragogipe se transformaram em imensos campos de refugiados de guerra brasileiros. A maior parte de refugiados foi em Cachoeira (declarada capital provisória da Bahia durante a guerra).
· 25
de junho de 1822.
Soldados brasileiros expressaram apoio a Dom Pedro I, e um deles, Soledade
(aclama e reconhece a autoridade dele como príncipe o término da ligação com
a coroa portuguesa), foi morte por um ataque de uma embarcação mandada
Madeira de Melo. As armas dos brasileiros eram: canhão velho, barco de
pescadores, sem comida nem munição (o capitão português e seus 26 marinheiros
se renderam). A mais singela e heroica de todas as batalhas navais da
independência brasileira. Madeira de Melo foi
derrotado em Cachoeira e como resposta decretou Lei Marcial em Salvador.
Instalou um governo único e militar. E ficou esperando os reforços prometidos
pela Coroa portuguesa. · Haviam
portugueses ou adeptos a eles que não gostaram nem um pouco disso. Chegaram a
atacar pessoas em apoio, junto com esforços. População brasileira e soldados
brasileiros tiveram que reagir e a luta durou até madrugada. Daí o começo da
guerra pela independência do Brasil na Bahia. · A
guerra da Independência começou na Bahia 2 meses e meio antes do Grito do
Ipiranga do 7 de Setembro. As outras cidades do recôncavo foram se unindo à
Vila de Cachoeira, formando uma tropa para enfrentar os apoiadores de Madeira
de Melo. · Pedro
Labatut foi recrutando soldados no caminho em direção a Salvador. Um desses recrutas
era o Soldado Medeiros (que nada mais era Maria Quitéria), que entrou para a
tropa da região de Feira de Santana. Ele era franzindo para lidar com
canhões, mas muito bom de tiro/pontaria. Ela se disfarçou de homem para se
alistar, de tanto que queria lutar. Lutou até o fim na guerra aqui na Bahia. · Pedro
Labatut teve que enfrentar muitos preconceitos da elite baiana,
principalmente dos latifundiários da região. Ele aceitava o alistamento de
negros e pardos sem restrição, como defendia que os donos de terras cedessem
escravizados para o exército em troca de incentivos fiscais (isso horrorizou
os senhores de escravos, que achavam que assim que os negros tivessem armas
nas mãos, eles iriam se revoltar contra os brancos e lutar contra a própria liberdade.
Aliás, quando os negros souberam que podiam se alistar, começaram a fugir
para tal. Mulher, negros, negra e mulher (foi o caso da Maria Filipa de Oliveira, uma líder
comunitária da Ilha de Itaparica). Ela juntou mais 40 mulheres da Ilha e
decidiu entrar na luta contra os portugueses. Elas começaram a atuar
como espiãs, passando informações dos movimentos de tropas dos portugueses
para os brasileiros. E depois foram para a ação: seduziam os marinheiros
portugueses e quando tiravam as roupas, davam-lhes uma surra de canção (uma
planta que arde e queima). Neutralizavam eles e punham fogo nos navios. Maria
Filipa e companheiras iam para a luta também, com facões e lutando capoeira. · Antes
da notícia do Ipiranga chegar até à Bahia, os brasileiros reunidos no
Recôncavo, eles elegeram um novo governo baiano para comandar a resistência
contra os portugueses em 22 de setembro de 1822. · |
·
A
primeira vitória brasileira deu uma injeção de ânimo, porém a nossa situação das forças
militares eram precárias. Os soldados brasileiros estavam descalços,
famintos e cheios de doenças. Faltavam médicos e hospitais e as armas eram
fabricadas de forma improvisada.
·
Para
organizar o exército brasileiro, Dom Pedro I contratou e enviou à Bahia o general francês Pedro Labatut
para comandar as tropas
brasileiras (formadas por soldados regulares e voluntários, brancos pobres,
índios tupinambás, homens negros libertos e escravizados enviados por seus
senhores). Nenhum filho proprietário de terras
tinha se apresentado ao exército como voluntário. Ele dividiu esse “exército”
em 03 agrupamentos: 1) uma brigada em Campinas de Pirajá; 2) Itapuã; 3) Centro.
Com isso, isolou Madeira de Melo na ponta em Salvador. Por mar, foi posto o almirante britânico Lord Cochrane,
também contratado por Dom Pedro I, completou o cerco. Ele ficou cercado por
terra e mar.
·
8
de novembro de 1822. Acontece a Batalha de Pirajá (um dia inteiro, mais de 10
mil soldados), quando Madeira de Melo decide atacar o agrupamento do exército
brasileiro. Entre os combatentes estava Maria Quitéria.
·
Heroínas da “Guerra da Independência da Bahia”: Joana Angélia,
Maria Quitéria, Maria Filipa de Oliveira.
·
Heróis: Corneteiro Lopes.
·
Manoel Pedro x Madeira de
Melo. Mais do que uma espada levantada e um grito entoado, muita luta
foi necessária para que o Brasil se consolidasse como Estado independente de
Portugal. E em nenhum outro lugar houve tanta luta como na Bahia. As ações
militares em Salvador foi uma confluência ou produto de muitas lutas no
Recôncavo, especialmente São Francis do Conde, Cachoeira, Santo Amaro e
Maragogipe.
·
Muito antes do 07 de Setembro e do Grito do Ipiranga, lutas
foram travadas para que um imperador proclamasse a Independência. Dom Pedro I
representou muito mais do que sua voz. Seu grito foi o eco de muitas vozes e
muitas lutas travadas pelo nosso povo. Toda a história começou em torno de 1820
com a Revolução do Porto (em Portugal). Revolta de caráter liberal que acabou
com o absolutismo de J. Dom VI, clamando uma Constituição. A viagem do RJ até
Lisboa eram de 2 a 3 meses.
·
A Bahia foi a segunda província a aceitar o novo governo, 10 de
fevereiro de 1821 a primeira foi Grão Pará. Salvador já era uma das cidades
mais populosas do Brasil. Grande circulação de ideias liberais, como o
jornalista Cipriano Barata, estudou medicina em Portugal, teve contado com
ideias iluministas e da maçonaria (leis, constituição, acabar com o absolutismo
do rei). Tinha ideias iluministas, participou da Conjuração Baiana, 1798
(separação Bahia-Portugal). Cipriano chegou aqui e espalharam essas novas
ideias, que animaram as pessoas aqui a criarem sua própria revolução. Houve
adesão de quase todos os oficiais do Exército que saíram em marcha para a sede
do governador no seu palácio. Que logo buscou reunir soldados para enfrentar
esses revoltosos.
·
O pessoal que seguia a linha das Cortes era favorável a Lisboa
(continuar recebendo e seguindo ordens de Dom João VI, ou seja, governador
recebia ordem do imperador que recebia ordem do Rei e todos seguiam – Marechal Caldeira
Brante, suas tropas, Conde da Palma). O pessoal que seguia as novas ideias
liberais, era favorável à revolução (Independência, Constituição, ideias). As
revoltas na Bahia inspiraram revoltas no Rio de Janeiro.
·
Dom João VI volta para Lisboa e deixa seu filho Dom Pedro I, que
mais comungava com a independência do que as ordens de Lisboa (que queria
subjugar todas as províncias brasileiras). Lisboa queria ser sua sede, não o
Rio de Janeiro ou Salvador. E nem todas as províncias vão aceitar a autoridade
do príncipe. Enquanto outras desejavam ser governadas por Lisboa e suas cortes.
·
No começo, a Bahia preferia Portugal a que o Rio de Janeiro.
Nova junta que tomou posse em 2 de fevereiro de 1822, uma nova junta mais
inclinada ao príncipe do RJ do que responde as Cortes em Lisboa. Quem vai comandar as armas na Bahia
(comandante de armas, e quem faz a nomeação de seu comando)?
·
Houve uma divisão de grupos militares (o de brasileiros e o de
portugueses). 11 de fevereiro de 1822. Aí veio uma nomeação de Inácio Luiz
Madeira de Melo como comandante das armas. E os baianos não gostaram nem um
pouco. Eles queriam que Manoel
Pedro continuasse no posto. Fizeram abaixo assinado (400 assinaturas).
Não dê posse do comando do exército da Bahia para ele. A junta militar do
governo/Câmara e assembleia baiana (haviam defeitos formais na nomeação do
português). Madeira de Melo não aceitou (mandou mensagem para as fortalezas e
batalhões, solicitando que os portugueses o apoiasse). Só respondesse a ele
como comandante militar. E assim foi.
·
18 de fevereiro. Manoel Pedro não apareceu na reunião, que ia
decidir quem ia mandar nas tropas. A decisão entre brasileiros e portugueses.
·
Madeira de Melo (alegou que
estavam em rebelião contra sua ordens, quando ele que tomou a dianteira dessa
rebelião): milícia de portugueses e marinheiros. Esquadro de cavalaria
português. Com gritos de morra Manoel Pedro. Invadir a fortaleza, o Forte de
São Pedro (em Salvador), e derrotar todos os brasileiros leais a Manoel Pedro.
·
Legião lusitana (portugueses) x Batalhão dos Caçadores (brasileiros)
se enfrentaram nas ruas de Salvador.
·
29 de junho de 1822 (data em que o povo da Vila partiu para as lutas
e ajudou na conquista da independência da Bahia e do Brasil): em SFC, sinos
badalaram convocando ao povo e comunidade para aclamar Dom Pedro I como
príncipe regente do Brasil. Dia histórico e festivo. Ata relatando esse dia na
Câmara. As pessoas seguiram para o Convento para uma missa aclamativa. Da missa
para as frentes de batalha, que culminou no 2 de julho de 1823: a verdadeira
independência do Brasil. O prédio da casa de Câmara e Cadeia (hoje prefeitura e
antes tinha um cárcere, a maré chegava até o pescoço dos presos, infratores da
época). Erguida às custas do trabalho da Lavoura de Açúcar. Símbolo do poderio
econômico da época. O Convento é o marco zero, a Casa de Câmara e Cadeia, o
ponto de partida de decisões administrativas e políticas. O poder foi
concentrado naquele prédio. O sino era o canal de comunicação com o povo,
badalava, chamava o povo, de boas-novas, convocação de guerra, visita de
pessoas ilustres, arrecadação de tributos. Símbolo. O Sino da Casa Câmara.
Convocação e chamada do povo para as notícias do Império, quase sempre ruins. Império,
Vila, dias atuais. Aquela Vila participou das lutas pela Independência da Bahia/Brasil.
Batalhas, política, literatura. 31 de maio de 1738, aconteceu em SFC, no antigo
Engenho de São José, primeira reunião, pelas articulações, da luta da
independência. 29 de junho, dia da Câmara. A força do
valoroso povo. SFC contribuiu nessas lutas.
Derrotado
e isolado em Salvador, Madeira de Melo, nem com a vinda de mais 1300 soldados
portuguesas foi suficiente para reverter sua situação. Seu exército passou a
sentir os efeitos da fome e cansaço. Todos os acessos de suprimentos à cidade
estavam bloqueados. Foi derrotado. Certo de não suportar mais, embarcou no
navio e deixou Salvador na madrugada de 2 de julho. Salvador amanheceu deserta,
a chuva parou e o Sol brilhou. O povo sofrido, depois de mais de 1 ano em
guerra, sai das casas e foram para as ruas. Os soldados brasileiros, descalços
e maltrapilhos, com suas fardas rasgadas, entravam na cidade e eram saudados
pelo povo como um verdadeiro desfile. O 2 de julho ficou encravado na alma dos
baianos, digno de ser comemorado todos os anos, com a repetição do desfile dos
soldados que entraram vitoriosos na cidade em 1823. Ao desfile, foram
acrescentadas as figuras
do Caboclo e da Cabocla (representação dos povos sofridos – índios, negros,
brancos pobres, que lutaram pela libertação da Bahia da tirania dos
portugueses). Daí ser a data máxima da Bahia, reverenciada como data
histórica do Brasil.
A
Batalha de Pirajá foi uma das mais importantes na Independência do Brasil.
Madeira de Melo recebe muitos reforços de Portugal (outubro de 1822, chegou uma
esquadra com 10 navio e 8 batalhões, e depois mais gente, com 15 mil homens no
total, entre marinheiro e soldados. Melo tentou abrir caminho com essa força
pelo Norte da Bahia, mas em 8 de novembro de 1822, se deparou com uma resistência
em Pirajá. E não venceu. Embora os brasileiros em menor número e com começo em
desvantagem, que o comandante ordenou retirada de sua tropa, mas o corneteiro
errou o toque. Ao invés de tocar o toque de retirada, tocou o de cavalaria,
avançar e degolar. Os portugueses se espantaram, porque não estava vendo
cavalaria brasileira nenhuma, entraram em pânico, e decidiram fugir, fazendo os
brasileiros avançarem e derrotarem o inimigo. Madeira Melo ficou sem saída em
Salvador, enfraqueceu, não se rendeu, mas fugiu na calada da noite, embarcou e
saiu fora do Porto. Chegou salvo em Lisboa com herói nacional.
Assim, em 02 de Julho de 1823, a Bahia conseguiu finalmente a sua independência de Portugal, e passou oficialmente a ser uma parte do Império Brasileiro.
Colonos x Portugueses.
·
02
de Julho: é data que celebra a independência da Bahia. Um evento que marca o
início e a conclusão da luta pela separação do Brasil de Portugal. Trata-se da
resistência do povo baiano contra as tropas portuguesas que culminou com a
nossa vitória em 02 de julho de 1823.
·
A
luta envolveu diversos segmentos da população baiana: liberais, conservadores,
monarquistas, republicanos... Todos se uniram em torno da causa da
independência e do reconhecimento da monarquia brasileira.
·
Embora
tenha se destacado nas batalhas, a força da resistência popular, é preciso
saber a direção e a favor de quem ela estava.
·
A
independência da Bahia na consolidação da independência do Brasil.
·
Faz
sentido comemorar a data se o foco for a resistência do povo baiano e seus
heróis. Um símbolo de resistência e luta pela liberdade. Não para alimentar tão
somente orgulho e entusiasmo, mas reativar a consciência por justiça social.
·
A
importância da história e da memória na construção da identidade e da cultura
baiana.
·
A
resistência do estado e da sua população ao domínio português durante o período
imperial.
·
Autoridades
locais + população baiana = leais à Metrópole.
·
População
extremamente insatisfeita com a autoridade portuguesa.
·
A
nomeação de Madeira de Melo para comandar as tropas na Bahia contribuíram para
agitar a população local.
·
"Havia
regiões leais à autoridade portuguesa."
·
"Além
disso, não existia uma consciência nacional, isto é, um senso de identificação
dos colonos enquanto brasileiros ainda muito bem definida. Exemplos disso foram
os dois movimentos separatistas que aconteceram em Minas Gerais e Bahia no final
do século XVIII, por exemplo.
·
Período
joanino = o príncipe regente da época era o D. João.
·
"Desagradou
a burguesia portuguesa, desejosa de recolonizar o Brasil, submetendo-o
novamente aos ditames do Pacto Colonial."
·
"Em
1820, foi iniciada em Portugal a Revolução Liberal do Porto, um movimento que procurava estabelecer
limites para o monarca luso, mas também buscava ampliar o controle de
Portugal sobre o Brasil, anulando a autonomia que havia sido conquistada no
reinado de D. João VI (ele tornou-se rei a partir de 1815).
·
Por
um lado, limitar o poder do monarca; por outro, aumentar o controle de Portugal
sobre o Brasil na tentativa de recolonizá-lo. D. João VI retorna para Portugal
e Pedro de Alcântara herda seu trono – regência do Brasil (insatisfação dos
brasileiros, ações intransigentes, aumento da distância Brasil-Portugal). D.
Pedro se recusou a retorna, as ordens não viriam mais de fora e sim de dentro
(suas) e anunciou a Independência do Brasil em 7 de Setembro de 1822.
·
A
declaração de independência do Brasil não encerrou as disputas e
desentendimentos com Portugal, mas, sim, os acirrou em algumas partes do país.
Isso porque algumas
províncias do Brasil se mantiveram leais a Portugal, o que desembocou
nas Guerras de Independência, conflitos armados entre tropas favoráveis à Independência e tropas
leais a Portugal. A
Bahia foi um desses locais onde aconteceram conflitos entre tropas leais a Portugal e tropas favoráveis à Independência
do Brasil.
·
"A
insatisfação com Portugal era encontrada tanto nas elites quanto nas camadas
populares da Bahia, o que gerou grandes conflitos entre colonos e as
autoridades investidas pela Metrópole."
Madeira de Melo x Manuel Pedro.
·
"Sob
o comando de Madeira de Melo, as tropas portuguesas foram frequentemente usadas
para afrontar e debochar da população, agindo com grande hostilidade."
·
"Muitos
confrontos violentos aconteceram entre tropas portuguesas e brasileiros
revoltados com o domínio português, causando inúmeras mortes e massacres, como
o que ocorreu na Praça da Piedade, em Salvador. Inclusive, considera-se que a
guerra na Bahia tenha se iniciado em fevereiro de 1822, tamanha a violência na
situação da província. Os conflitos na Bahia, portanto, se iniciaram antes
mesmo da Independência do Brasil ter sido anunciada por D. Pedro.
·
Além
disso, as hostilidades
entre portugueses e brasileiros aumentavam consideravelmente em Salvador,
fazendo com que parte da população fugisse para a região do Recôncavo Baiano.
As cidades do recôncavo, por sua vez, estavam mais cada vez mais agitadas e
alinhadas com D. Pedro. As cidades do recôncavo chegaram a formar um governo
paralelo para governar a Bahia.
·
"A
situação na Bahia fez com que Portugal enviasse mais soldados para a província
para conter a população e
reafirmar o controle luso. A situação, no entanto, era incontornável e
se agravou mais ainda com a declaração de independência, em 7 de setembro de
1822. O governo sob a liderança de D. Pedro formou um exército às pressas para
defender a Bahia.
·
Essa
ação se explica porque após a declaração de independência, a Bahia anunciou lealdade a
Portugal, rejeitando adesão ao movimento secessionista do regente. No
entanto, a rejeição a Portugal era imensa na Bahia, e a luta se espalhou a
partir daí. Os reforços enviados por D. Pedro eram liderados pelo general Pedro
Labatut, um mercenário francês.
·
Maria
Quitéria: "seu pai não havia permitido que ela ingressasse no Exército
para participar da guerra."
·
Governantes das cidades e deputados baianos: leais a Portugal ou a
D. Pedro? "Três
vilas anunciaram que estavam leais a D. Pedro, o que causou enorme irritação em
Madeira de Melo."
- "As
vilas que anunciaram lealdade a D. Pedro foram Santo Amaro, São Francisco do
Conde e Cachoeira. Madeira
de Melo, em resposta, determinou, em 25 de junho de 1822, que uma embarcação militar
fosse enviada para atacar Cachoeira. A ação gerou uma reação
popular, e a embarcação foi atacada, cercada pelos brasileiros em Cachoeira e
capturada em 28 de junho de 1822.
- As tropas leais a Portugal que estavam sob o comando de Madeira de Melo resistiram até 2 de julho de 1823, dia em que a cidade de Salvador foi tomada pelos brasileiros e a Bahia foi reintegrada ao território nacional, sendo leal a D. Pedro. O cerco final a Salvador contou com a ajuda de Thomas Cochrane, que liderava uma esquadrada. Com a derrota, Madeira de Melo fugiu e retornou a Portugal.
O
general foi obrigado a desembarcar em Maceió, Alagoas, e caminhar com seus
soldados até Salvador. No caminho, Labatut foi conquistando apoio ao exército
que lutava em prol da Independência do Brasil. Importantes batalhas foram
realizadas em Cabrito e Pirajá, mas Madeira de Melo não conseguiu conter as
tropas brasileiras, que cercaram a cidade de Salvador.
Em março de 1817, eclodiu a Insurreição Pernambucana, que se espalhou para a Paraíba, o Rio Grande do Norte, o Ceará e o Piauí. Da capital de Pernambuco, a insurreição espalhou-se para o sertão e para as capitanias vizinhas. Em busca de apoio, representantes da nova República foram enviados para a Argentina, os Estados Unidos e a Inglaterra. Esse movimento de elite, dirigido por padres (a revolta é também denominada Revolução dos Padres), militares e proprietários rurais, foi duramente reprimido pelas autoridades imperiais.
Entre os seus líderes figuravam João Ribeiro de Melo Montenegro (padre), Domingos José Martins (comerciante), Domingos Teotônio Jorge (militar), José Luís de Mendonça e Antônio Carlos de Andrada e Silva (magistrados), Manuel Correia de Araújo e Antonio de Morais e Silva (proprietários rurais).
Durante os combates, o governo
provisório do Recife alforriou escravos e organizou pequenos agrupamentos
militares. As perigosas ideias de igualdade social começaram a circular entre
os homens livres pobres e grupos intermediários e até mesmo entre alguns
dirigentes do levante. Foi o suficiente para que a maioria dos grandes
proprietários retirasse o apoio ao movimento. A abolição da escravatura não
estava no programa. As ideias liberais, inspiradoras do movimento, foram mais
uma vez adequadas à realidade escravista.
Aproveitando-se da fragmentação do
império espanhol e temeroso de que tais exemplos pudessem ser seguidos no
Brasil, D. João ordenou a invasão e anexação da Banda Oriental (Uruguai), que
passou a ser designada Província Cisplatina. O objetivo era controlar a região
do Prata e alargar ainda mais as fronteiras de seu império.
Em maio, Recife foi
ocupada pelas forças leais à Coroa portuguesa. O padre João Ribeiro de Melo
Montenegro, um dos principais participantes da insurreição, suicidou-se.
Domingos José Martins e José Luís de Mendonça foram fuzilados. Domingos
Teotônio Jorge e outros rebeldes foram enforcados. A repressão ainda se abateu
contra diversos outros revoltosos das demais províncias nordestinas, prendendo
centenas de envolvidos.
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