As esquerdas no mundo.
No balanço global, a esquerda teve
êxito. Ela governa em centros decisivos de poder. Suas propostas foram
suficientemente consistentes com os ideais progressistas de justiça social para
cativar os eleitores. Vejamos:
·
América Latina:
com exceção de meia dúzia de países, o mapa é vermelho.
·
Chile:
elegeu um jovem avesso a autoritarismos, mas resolutamente progressista.
·
Espanha:
governam os socialistas;
·
Alemanha:
os social-democratas;
·
EUA:
os democratas;
·
Inglaterra:
após derrotas humilhantes, os trabalhistas expurgaram seus radicais e varreram
as urnas.
·
França:
as esquerdas reverteram a vitória iminente da direita dura.
·
Brasil:
evitou um golpe, reagiu democraticamente e reelegeu um operário.
As esquerdas no Brasil.
·
Precisa
se modernizar e ganhar mais terreno, como vem fazendo a esquerda mundial;
·
Vive
hostilizando o Ocidente, celebrando extremos da esquerda e se preocupando mais
com pronomes do que com os pobres;
·
Acerta
ao priorizar as estatais e bater nos mais ricos (política
nacional-desenvolvimentista), mas precisa tomar cuidado com a ira e as armações
do mercado (que preza o boom das commodities e o controle das contas públicas),
o antiocidentalismo na geopolítica (simpatia com a China, Rússia, Cuba,
Venezuela, Hamas e iranianos) e o identitarismo na cultura (racialistas,
feministas, LGBT).
·
A
velha esquerda tem caminhado para o centro e se distanciado de seu ideal
universal: distribuir o capital às classes trabalhadoras, independentemente de
raça, gênero, credo ou orientação sexual. Aquela forte preocupação com os
pobres e não os pronomes.
·
Precisa
saber lidar com os ataques caricatos e autoritários da extrema direita,
passível de ser cancelado ou criminalizado.
·
Está
caindo na armadilha de deslocar o central conflito da sociedade (ricos x
pobres) para jogar uns contra os outros (Estado x cidadãos). Assim, os
principais conflitos na sociedade deixaram de ser entre ricos e pobres, capital e
trabalho, para ser entre o Estado e seus governantes/governados, para não falar em homens e
mulheres, héteros e LGBTs, etc.
· A esquerda brasileira, fortemente impactada pela religião (evangélicos), está caindo na armadilha azul. Vem aceitando ou sendo convencida a um Estado mais enxuto e amigável à iniciativa privada, valorizando a meritocracia e aceitando que as crises éticas da sociedade resultam menos de vícios “estruturais” do que de desvios individuais, a serem sanados, antes de tudo, pela família.
E a direita no Brasil?
·
Tem
suas próprias, e terríveis, patologias e perversões;
·
Criaturas
e criadores do caos (Bolsonaro, Marçal);
· Sequestram anseios difusos contra o Estado e a favor da família, da livre-iniciativa, do mérito pessoal, da igualdade de oportunidades (não de condições) do patrimonialismo e do paternalismo e da produtividade econômica.
Enfim, o Brasil precisa cuidar melhor de
sua esquerda para não fortalecer a direita. Uma esquerda responsável, que
retome a luta de classes e se revolte com a tentativa de legitimar as regras
injustas do mercado e economia neoliberal. Uma esquerda que volte a formar seus
filhos e jovens nos movimentos sociais, nas organizações de base e nas escolas
públicas, e não nas telas insanas das redes sociais. Só assim será possível avançar nas
ações enérgicas a favor do almejado bem-estar coletivo e o Estado Democrático
de Direitos.
Nota I*
Direita e Esquerda querem se destruir, mas uma não vive sem a outra quando a política é movida pela paixão extremista de ambas. Somos essas duas faces facilmente osciladas quando não temos identidade. O problema da vez é a mentira generalizada na política que já nem é mais considerada mentira – perceptível, tolerada e legitimada, tornou-se o teatro da vida política, o jeitinho que virou golpinho. Mentir na política é dizer exatamente o que o público quer ouvir, moldar suas histórias estrategicamente para o discurso virar pregação/religião e obter resultados nas urnas. Depois, nada feito! O cenário é sombrio e só indignação não eliminará as mentiras.
Cuidado ao nivelar a política e os candidatos por baixo, pois isso trouxe o extremismo de expiação. Não tem essa do “voto contra” pelo viés do candidato ou sua ideologia. O voto consciente é a favor da democracia e dos que precisam de saúde e educação públicas. A escolha é óbvia, para depois não precisar pedir perdão de novo.
Há um forte movimento para naturalizar (o novo normal) a extrema direita boxista (veja as investidas do Elon Musk e seu X abusivo). Já estão mirando em 2026, o golpe reeditado, apoiando bizarrices (tortura, misoginia, racismo, homofobia). Extrema direita neofascista nem direita é. É puro crime que não cabe dentro da democracia. É desonesto e perigoso colocar a esquerda no mesmo grau de mediocridade e canalhice da direita.
Enfim, Seja lá ou seja cá, na direita ou na esquerda, sem conserto e entrincheirados nas bolhas dos extremos, quanto mais fundo se imergir em qualquer uma das extremidades, menos se enxergará a luz. No meio de tantos tiros nos pés, fogos amigos e armadilhas, o mais importante é não ser o que o outro é – seria uma dislexia identitária. Os tempos incertos pedem autenticidade e originalidade. Lucidez.
Nota II*
· O
centro político brasileiro é incerto, quase direitista. Só a qualidade do voto
para definir.
· Há
um forte ódio implantado ao divergente, alimentado pelas redes sociais e
religiosas neopentecostais extremos, é o que segue a política direitista atual.
· A
polarização deu força aos votos “contra” em detrimento dos “a favor”. Isso não
seria tão ruim se não tivesse aberto as portas para os oportunistas
antissistema, o maior perigo.
· A
esquerda luta contra: desigualdade, miséria, fome, homofobia, racismo,
desemprego, machismo, violência. A direita luta conta: a esquerda.
· A
vergonhosa propaganda e normalização do fascismo de Bolsonaro pela golpisa
Folha/Estgão/Globo, seus jagunços e grande mídia, que tenta denegrir toda a
política, é a base para o surgimento de Trump, Bolsonaro, Marçal da vida.
Enquanto apoiarem Campos Neto e Liras, manipularão notícias para abocanhar
juros e privatizações fraudulentas, roubando dinheiro que deveria ir para a
educação, saúde, mantendo parte do povo escravo da falta de conhecimento.
· Essa
ideia de pessoas votarem por odiarem outras é perigoso. Dizer que todos são
canalhas e votamos “contra”, não “a favor”, porque votamos no “menos pior”, é
antipolítica e alimentação do ódio. Cuidado!
· Quando
era direita x esquerda (PSDB x PT), não havia problema. O fato novo foi o PSDB
optar pela extrema direita. O embate é entre autoritários (que buscam o poder
através do voto para dar um golpe) x os que tentam preservar a democracia, isto
é, restou às esquerdas defenderem a democracia. O trágico é que o centro e a
direita tradicionais logo normalizaram e as aliaram ao bozismo (Dória, Leite,
Zema, Kim, Ciro, Tebet, Tabata, etc.) e se tornaram seus reféns (Nunes).
· Lula
foi eleito graças ao forte movimento em defesa do estado democrático de
direito. Além dos eleitores convictos, também um segmento de grupo que odiava o
lulopetismo teve a sensatez de votar contra a bizarrice.
· Cuidado
ao nivelar a política e os candidatos por baixo, pois isso trouxe o extremismo
de expiação. Não tem essa do “voto contra” pelo viés do candidato ou sua
ideologia. O voto consciente é a favor da democracia e dos que precisam de
saúde e educação públicas. A escolha é óbvia, para depois não precisar pedir
perdão de novo.
· Há
um forte movimento para naturalizar (o novo normal) a extrema direita boxista (veja
as investidas do Elon Musk e seu X abusivo). Já estão mirando em 2026, o golpe
reeditado, apoiando bizarrices (tortura, misoginia, racismo, homofobia).
Extrema direita neofascista nem direita é. É puro crime que não cabe dentro da
democracia. É desonesto e perigoso colocar a esquerda no mesmo grau de
mediocridade e canalhice da direita.
· Vencemos
uma batalha, mas a guerra continua. Livramo-nos de Bolsonaro, mas não do
bolsonarismo e sua corrida rumo ao abismo. Conseguimos reduzir a velocidade,
mas o trem da morte se mexe. Bolsonaro está sendo substituído e multiplicado
nessas eleições municipais, por outro ignóbil pior que ele, e assim por diante.
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