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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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domingo, 1 de setembro de 2024

Esquerdas/Direita: Mundo e Brasil.

As esquerdas no mundo.

No balanço global, a esquerda teve êxito. Ela governa em centros decisivos de poder. Suas propostas foram suficientemente consistentes com os ideais progressistas de justiça social para cativar os eleitores. Vejamos:

·       América Latina: com exceção de meia dúzia de países, o mapa é vermelho.

·       Chile: elegeu um jovem avesso a autoritarismos, mas resolutamente progressista.

·       Espanha: governam os socialistas;

·       Alemanha: os social-democratas;

·       EUA: os democratas;

·       Inglaterra: após derrotas humilhantes, os trabalhistas expurgaram seus radicais e varreram as urnas.

·       França: as esquerdas reverteram a vitória iminente da direita dura.

·       Brasil: evitou um golpe, reagiu democraticamente e reelegeu um operário.

 ·       Alemanha: partido AfD venceu uma eleição parlamentar (não se via um resultado desses desde a II Guerra Mundial). O partido é anti-imigração e crítico da União Europeia. Os resultados são amargos e preocupantes: divide a sociedade, prejudica a economia e enfraquece o país. O partido CDU, que é de centro-direita, descartou governar com a extrema-direita. Ou seja, extremismos emergem na Alemanha. A respeito de avanço da ultradireita e outros resultados de eleições regionais.  


As esquerdas no Brasil.

·       Precisa se modernizar e ganhar mais terreno, como vem fazendo a esquerda mundial;

·       Vive hostilizando o Ocidente, celebrando extremos da esquerda e se preocupando mais com pronomes do que com os pobres;

·       Acerta ao priorizar as estatais e bater nos mais ricos (política nacional-desenvolvimentista), mas precisa tomar cuidado com a ira e as armações do mercado (que preza o boom das commodities e o controle das contas públicas), o antiocidentalismo na geopolítica (simpatia com a China, Rússia, Cuba, Venezuela, Hamas e iranianos) e o identitarismo na cultura (racialistas, feministas, LGBT).

·       A velha esquerda tem caminhado para o centro e se distanciado de seu ideal universal: distribuir o capital às classes trabalhadoras, independentemente de raça, gênero, credo ou orientação sexual. Aquela forte preocupação com os pobres e não os pronomes.

·       Precisa saber lidar com os ataques caricatos e autoritários da extrema direita, passível de ser cancelado ou criminalizado.

·       Está caindo na armadilha de deslocar o central conflito da sociedade (ricos x pobres) para jogar uns contra os outros (Estado x cidadãos). Assim, os principais conflitos na sociedade deixaram de ser entre ricos e pobres, capital e trabalho, para ser entre o Estado e seus governantes/governados, para não falar em homens e mulheres, héteros e LGBTs, etc.

·       A esquerda brasileira, fortemente impactada pela religião (evangélicos), está caindo na armadilha azul. Vem aceitando ou sendo convencida a um Estado mais enxuto e amigável à iniciativa privada, valorizando a meritocracia e aceitando que as crises éticas da sociedade resultam menos de vícios “estruturais” do que de desvios individuais, a serem sanados, antes de tudo, pela família.

E a direita no Brasil?

·       Tem suas próprias, e terríveis, patologias e perversões;

·       Criaturas e criadores do caos (Bolsonaro, Marçal);

·       Sequestram anseios difusos contra o Estado e a favor da família, da livre-iniciativa, do mérito pessoal, da igualdade de oportunidades (não de condições) do patrimonialismo e do paternalismo e da produtividade econômica.

Enfim, o Brasil precisa cuidar melhor de sua esquerda para não fortalecer a direita. Uma esquerda responsável, que retome a luta de classes e se revolte com a tentativa de legitimar as regras injustas do mercado e economia neoliberal. Uma esquerda que volte a formar seus filhos e jovens nos movimentos sociais, nas organizações de base e nas escolas públicas, e não nas telas insanas das redes sociais. Só assim será possível avançar nas ações enérgicas a favor do almejado bem-estar coletivo e o Estado Democrático de Direitos.


Nota I*

Direita e Esquerda querem se destruir, mas uma não vive sem a outra quando a política é movida pela paixão extremista de ambas. Somos essas duas faces facilmente osciladas quando não temos identidade. O problema da vez é a mentira generalizada na política que já nem é mais considerada mentira – perceptível, tolerada e legitimada, tornou-se o teatro da vida política, o jeitinho que virou golpinho. Mentir na política é dizer exatamente o que o público quer ouvir, moldar suas histórias estrategicamente para o discurso virar pregação/religião e obter resultados nas urnas. Depois, nada feito! O cenário é sombrio e só indignação não eliminará as mentiras.

Cuidado ao nivelar a política e os candidatos por baixo, pois isso trouxe o extremismo de expiação. Não tem essa do “voto contra” pelo viés do candidato ou sua ideologia. O voto consciente é a favor da democracia e dos que precisam de saúde e educação públicas. A escolha é óbvia, para depois não precisar pedir perdão de novo. 

Há um forte movimento para naturalizar (o novo normal) a extrema direita boxista (veja as investidas do Elon Musk e seu X abusivo). Já estão mirando em 2026, o golpe reeditado, apoiando bizarrices (tortura, misoginia, racismo, homofobia). Extrema direita neofascista nem direita é. É puro crime que não cabe dentro da democracia. É desonesto e perigoso colocar a esquerda no mesmo grau de mediocridade e canalhice da direita. 

Enfim, Seja lá ou seja cá, na direita ou na esquerda, sem conserto e entrincheirados nas bolhas dos extremos, quanto mais fundo se imergir em qualquer uma das extremidades, menos se enxergará a luz. No meio de tantos tiros nos pés, fogos amigos e armadilhas, o mais importante é não ser o que o outro é – seria uma dislexia identitária. Os tempos incertos pedem autenticidade e originalidade. Lucidez.

Nota II*

·       O centro político brasileiro é incerto, quase direitista. Só a qualidade do voto para definir.

·       Há um forte ódio implantado ao divergente, alimentado pelas redes sociais e religiosas neopentecostais extremos, é o que segue a política direitista atual.

·       A polarização deu força aos votos “contra” em detrimento dos “a favor”. Isso não seria tão ruim se não tivesse aberto as portas para os oportunistas antissistema, o maior perigo.

·       A esquerda luta contra: desigualdade, miséria, fome, homofobia, racismo, desemprego, machismo, violência. A direita luta conta: a esquerda.

·       A vergonhosa propaganda e normalização do fascismo de Bolsonaro pela golpisa Folha/Estgão/Globo, seus jagunços e grande mídia, que tenta denegrir toda a política, é a base para o surgimento de Trump, Bolsonaro, Marçal da vida. Enquanto apoiarem Campos Neto e Liras, manipularão notícias para abocanhar juros e privatizações fraudulentas, roubando dinheiro que deveria ir para a educação, saúde, mantendo parte do povo escravo da falta de conhecimento.

·       Essa ideia de pessoas votarem por odiarem outras é perigoso. Dizer que todos são canalhas e votamos “contra”, não “a favor”, porque votamos no “menos pior”, é antipolítica e alimentação do ódio. Cuidado!

·       Quando era direita x esquerda (PSDB x PT), não havia problema. O fato novo foi o PSDB optar pela extrema direita. O embate é entre autoritários (que buscam o poder através do voto para dar um golpe) x os que tentam preservar a democracia, isto é, restou às esquerdas defenderem a democracia. O trágico é que o centro e a direita tradicionais logo normalizaram e as aliaram ao bozismo (Dória, Leite, Zema, Kim, Ciro, Tebet, Tabata, etc.) e se tornaram seus reféns (Nunes).

·       Lula foi eleito graças ao forte movimento em defesa do estado democrático de direito. Além dos eleitores convictos, também um segmento de grupo que odiava o lulopetismo teve a sensatez de votar contra a bizarrice.

·       Cuidado ao nivelar a política e os candidatos por baixo, pois isso trouxe o extremismo de expiação. Não tem essa do “voto contra” pelo viés do candidato ou sua ideologia. O voto consciente é a favor da democracia e dos que precisam de saúde e educação públicas. A escolha é óbvia, para depois não precisar pedir perdão de novo.

·       Há um forte movimento para naturalizar (o novo normal) a extrema direita boxista (veja as investidas do Elon Musk e seu X abusivo). Já estão mirando em 2026, o golpe reeditado, apoiando bizarrices (tortura, misoginia, racismo, homofobia). Extrema direita neofascista nem direita é. É puro crime que não cabe dentro da democracia. É desonesto e perigoso colocar a esquerda no mesmo grau de mediocridade e canalhice da direita.

·       Vencemos uma batalha, mas a guerra continua. Livramo-nos de Bolsonaro, mas não do bolsonarismo e sua corrida rumo ao abismo. Conseguimos reduzir a velocidade, mas o trem da morte se mexe. Bolsonaro está sendo substituído e multiplicado nessas eleições municipais, por outro ignóbil pior que ele, e assim por diante. 

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