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São Francisco do Conde, Bahia, Brazil
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"Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber" (Art. 205 da Constituição de 1988).

Ø Se eu sou um especialista, então minha especialidade é saber como não ser um especialista ou em saber como acho que especialistas devem ser utilizados. :)



“[...] acho que todo conhecimento deveria estar em uma zona de livre comércio. Seu conhecimento, meu conhecimento, o conhecimento de todo o mundo deveria ser aproveitado. Acho que as pessoas que se recusam a usar o conhecimento de outras pessoas estão cometendo um grande erro. Os que se recusam a partilhar seu conhecimento com outras pessoas estão cometendo um erro ainda maior, porque nós necessitamos disso tudo. Não tenho nenhum problema acerca das ideias que obtive de outras pessoas. Se eu acho que são úteis, eu as vou movendo cuidadosamente e as adoto como minhas” ("O caminho se faz caminhando - conversas sobre educação e mudança social", Paulo Freire e Myles Horton: p. 219).

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domingo, 1 de setembro de 2024

Sem ELEIÇÕES limpas, a DEMOCRACIA sofre.

“A teatralidade inerente à política possibilita a distorção das eleições e da própria democracia”.

·       O Brasil tem convivido bem com as eleições;

·       Eleições são decisivas para o bom funcionamento da democracia.

·       Por meio das eleições, mostra-se a qualidade da representação, a resiliência da estrutura institucional e o desempenho governamental;

·       Governantes são premiados ou castigados pelos eleitores quando buscam a reeleição;

·       Políticos insurgentes podem ganhar o palco da política quando reúnem bons votos;

·       Eleitores extravasam nas urnas suas esperanças, seu descontentamento e sua desconfiança nos políticos;

·       Pela via eleitoral, a possibilidade de ditadura é reduzida e até desfeita, primeiro a partir das bordas e, depois, em seu sistema nervoso central;

·       Com os parâmetros fornecidos pela Constituição de 1988: o voto é secreto, inviolável, auditável, acessível a todos a partir dos 16 anos;

·       Com o processo legítimo e respeitado, vencedores tomam posse e os incumbentes derrotados transmitem os cargos sem maiores acidentes;

·       Eleições sempre serão processos complexos.

·       São sujeitas a muitos acidentes de percurso e determinadas tanto pelo sistema em que se inserem quanto pelos humores dos cidadãos e pelo estado da sociedade.

·       A proliferação das redes sociais e das tecnologias de informação e comunicação, por exemplo, mudaram o modo como se organizam as campanhas e se busca o voto, implicando grandes modificações na dinâmica eleitoral.

·       É preciso punir candidatos oportunistas que emergem como bufão da hora para bagunçar as eleições na cidade. São figuras histriônicas e vazias, que criam seguidas arapucas para tentar macular os adversários, perturbar as disputas presidenciais e iludir o eleitorado. Todos têm o mesmo foco: fazer das eleições uma arena de disputas medíocres, demagógicas e virulentas. São candidatos bufões, aventureiros, agressivos e com propostas mirabolantes, sem nexos com a realidade e voltadas exclusivamente a embaralhar as disputas eleitorais, outsiders, antipolítica. Prestam enorme desserviço: emporcalham o trâmite eleitoral, fragilizam os partidos, fomentam o populismo mais rasteiro. Põem em risco, assim, a própria democracia e sua institucionalidade. Além do mais, disseminam ódio, raiva e desconfiança entre os eleitores, sequestrando um precioso componente da vida democrática. Exemplos dessa gente: Marçal, Trump.

·       Candidatos de “novo tipo” passaram a abusar das redes para disseminar mentiras e ataques aos adversários, criando arenas manchadas por sujeiras que espalham de forma tóxica, envenenando o eleitorado e alterando a qualidade das disputas políticas.

·       Eleições podem ser atacadas de diversas formas: abertamente fraudadas, manipuladas em cédulas e urnas, na intimidação dos eleitores, na repressão às manifestações e na perseguição aos que se opõem aos governantes autoritários, sempre desejosos de dilatar seu tempo no cargo. Ainda tem o case de autoritarismo eleitoral: ao fim de pleitos viciados, sem controle e sem transparência, se autoproclamam vencedores.

·       Fraudes diretas e desavergonhadas desprezam regras do jogo e diálogos democráticos, montadas para fazer a festa e entronar ditadores. É uma farsa, que desvirtua e cancela a democracia, por mais que o povo seja chamado às urnas.

·       Candidatos há que costumam fraudar eleições mediantes formas mais “discretas”: mentiras, ataques pessoais, campanhas de difamação e autopromoção, fuga do debate público, ausência de programas e intenções. Podem não rejeitar as regras do jogo, mas pouco contribuem para qualificar as eleições, a política e a democracia. Ajudam a converter as disputas numa espécie de circo em que se desperdiça tempo e se intoxica o eleitorado.

·       O fato é que a democracia, por sua complexidade, sofre quando as eleições perdem o senso da História, da ética e da política. Disputas eleitorais congestionadas de atitudes distantes do bom senso continuarão a ocorrer, em que pesem todo o esforço cívico e toda a eficácia da estrutura institucional.

·       Cabe aos democratas consistentes – de esquerda, liberais, de centro ou conservadores – atuar para reduzir o espaço daqueles que procuram manipular eleições e impedir que elas produzam resultados que reforcem e qualifiquem a democracia.

·       Radicalização e extrema polarização são, mais uma vez, os ingredientes que vão sendo aquecidos no caldeirão da ausência de propostas, incapacidade de diálogo e morte da política.

·       O velho veneno de demonização da política: Pablo Marçal. Tem o perfil de um aventureiro não por acaso. Usa a impopularidade da esquerda como pretexto para atacar seu verdadeiro alvo: a política. Dizendo barbaridades, não apresentando propostas sérias e apostando no conflito radical, Marçal tenta cativar o eleitorado de Jair Bolsonaro, que ficou entranhado no sistema pelo bolsonarismo de herança, cresceu à sombra da descrença na política e da defesa de valores conservadores. 

·       Os aventureiros são sedutores, bons encantadores de serpentes. Mas a História mostra que projetos construídos de costas para a política terminam em decepção ou no autoritarismo de pretensos salvadores da pátria.

·       Vamos fazer um exercício retrospectivo: em 1964, sob o pretexto de preservar a democracia, os militares tomaram o poder. E o que se anunciava como intervenção transitória, com ânimo de devolver o poder aos civis, se transformou numa longa ditadura. A imprensa foi amordaçada. Lideranças foram suprimidas. Muitas injustiças foram cometidas em nome da democracia.

·       Quem resiste ao fascismo? O espírito liberal e independente, incompatível com a mentalidade de pensamento único, mas que provoca a ira dos donos do poder. Pessoas cultas e intelectualmente inquietas, podem resistir, mas também podem escorregar para o limbo do regime. Quem resiste, resiste empunhando as armas da inteligência e da autoridade moral que não cede à sedução do poder.

·       A política brasileira está podre. Ela é movida a dinheiro e poder. Dinheiro compra poder e poder é ferramenta poderosa para obter dinheiro. O poder arrecada o dinheiro que vai alçar os candidatos ao poder. No Brasil, não importa o Estado, a única coisa que vira o jogo é uma avalanche de dinheiro. O jogo é comprado, vence quem paga mais. O sistema eleitoral brasileiro está bichado e só será reformado se a sociedade pressionar para valer. As eleições são livres, mas hoje o resultado é bastante previsível. Não se elegem os melhores, mas os que têm mais dinheiro para financiar campanhas sofisticadas e boa performance no mundo digital. A máquina de fazer dinheiro para perpetuar o poder tem engrenagens bem conhecidas no mundo político: emendas parlamentares, convênios fajutos e licitações com cartas marcadas. As classes dirigentes estão entupidas de privilégios. Os partidos são balcões de negócios.

·       É preciso autocrítica para entender as razões de tamanha rejeição. Acredito no Brasil e na Democracia. Não se pode abafar o grito do desespero nem menosprezar a revolta do eleitorado. Mas não se reformará a democracia destruindo a democracia. É preciso valorizar ainda mais a política, o diálogo e as posturas construtivas. O Brasil não pode continuar refém de aventureiros. Precisa de estadistas que sejam capazes de descortinar sonhos e projetos do tamanho deste país continental.

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