Há um objeto de controvérsia que embaraça ativistas políticos: o que é identidade racial? Ora, o comum é a despigmentação. Branco e negro são categorias morfofenotípicas criadas pelo pensamento colonial a partir da falsa ideia de raça. Não identificam, tentam classificar.
Não existe identidade racial. Nem identidade humana que não seja construção social, uma ilusão estabilizadora das oscilações caóticas da consciência. Até mesmo a fonte da vida histórica é o caos (“chasko” = redemoinho) na constituição da realidade.
Daí o medo das diferenças inerentes ao processo identitário. Identidade e homogeneidade foram, assim, conceitos-chave da filosofia política e da teoria social do nazismo. A igualdade deveria basear-se numa imaginária identidade coletiva ariana, com exclusão de todos os diferentes, supostas ameaças à homogeneidade. O Holocausto não foi apenas de judeus, mas também de ciganos, de negros, de homossexuais, de incapacitados, de comunistas.
Daí nasceu uma percepção distorcida da ideia de “identidade negra” como estratégia de luta pelos direitos civis contra-hegemonia descolonial (é o identitarismo, lugar de fala exclusivo). E aí a América baseou sua democracia igualitária no chamado racismo, isto é, na construção da brancura como identidade central, geradora de um sentimento de distinção excludente de outras formas de representação social.
Foi assim que no Sul, pele branca era sinal de nobreza, os escravistas adotavam modos aristocráticos dos franceses. O racismo americano cresceu como demanda de identidade e homogeneidade. Ilusão qualitativa, dominação hierárquica.
Enfim, identidade
não é essência assim como negro não é configuração lógica, mas posição
dialética na dinâmica social ou um lugar que se ocupa ou ainda qualidade
antropológica. Logo, toda identidade como essência é ilusória.
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