Bolsonaro contra Bolsonaro.
Nas eleições municipais de São Paulo, o coach Marçal e o inelegível Bolsonaro encenam brigas com mordidas, cabeçadas, tijoladas na cabeça, dedos nos olhos, tesouras voadoras... Tudo de mentirinha. Dois bicudos-golpistas que antes trocavam carícias, agora supostamente não se beijam.
O inelegível tem um medo pânico de perder o controle das forças conservadoras, impossibilitando os planos de reverter a inelegibilidade (por enquanto, tais planos continuam a ser articulados no Congresso). Então “tudo vale”, até apresentação de “fogo no parquinho”, com fogo de verdade!
Enquanto eles “brigam”, ou encenam a briga, estão capturando as atenções. Ou seja, a pilantragem nunca deu tantos votos como hoje. É uma estratégia que lembra o antigo telecatch. Mas, o teatro é desmascarado pela observação cuidadosa das espantosas semelhanças entre os “bicudos-golpistas”.
Vejamos alguns pontos dessas semelhanças, que nos alertam:
1. Compulsão de
mentir;
2. Estão ligados ao
crime;
3. Encarnam
personagens;
4. Falam em nome de
um Deus só deles;
5. Manipulam as
redes;
6. Vendem-se como
antissistema (o antipolítico da vez);
7. Ignoram qualquer
projeto de governo;
8. Atacam o Estado;
9. Defendem a
trapaça como um ideal de vida;
10. Correm na mesma
faixa da direita para seduzir o eleitor;
11. Representam a
enganação política;
12. Acredita que o
trabalho como golpista seja mais eficaz;
13. E quem não foi
no país que trocou o jeitinho pelo golpinho?
14. Quando oferecem
escolhas, são pautadas na subversão e foiçadas no escuro;
15. Inexiste alguma
coisa pautada em regras de civilidade;
16. Sua força está no controle das “forças conservadoras”.
Tudo isso alerta que, se bicudo se transformar em governante por essas vias, estaremos dando à cidade-nação um governo à base de galhofa, armado para desmontar a civilidade e terminar por subverter as regras de legalidade. Afinal, se um processo não é levado a sério, o que esperar do seu resultado? Se não há debates para escolhas sólidas, o que esperar das propostas e futuras ações? Início, meio e fim necessitam ser levados a sério, com governantes e governados se dando ao respeito.
Não pode ser objeto de piadas ou de escárnio, muito menos de disputas que obedeçam à dinâmica de brigas de foice no escuro. Caberia aos candidatos adversários, aos partidos, aos organizadores de debates e eleições, às campanhas, à Justiça Eleitoral e, sobretudo, ao eleitorado, dar um jeito de encontrar a melhor maneira de retomar o rumo adequado desse debate político. Se não for assim, estaremos mal. Vamos nos arriscar demais outra vez, absolutamente todos, a aceitar a lógica da contestação vazia contida na preferência por um similar humorista na gestão pública das cidades, o que nos levaria ao fundo do poço da negação da política.
Para piorar, uma imprensa histriônica, antipolítica, com inclinação para demonizar a esquerda. No agronegócio, plantam real e quer colher dólar, semeia soja e quer colher feijão. A jogada da direita é fazer os eleitores se auto explodirem ou implodirem, escolhendo aberrações para governar a cidade onde moram. Cancelar o protesto e a rebeldia por um esculacho brasileiro, visando minguar a Democracia dos Cidadãos por uma caricatura de “democracia” controlada por coronéis e elites. O cidadão que está na base da pirâmide está abandonado, faz é tempo, pelos que se vendem como educadinhos e “éticos” (gente com renda de cinco ou seis dígitos e diplomas no canudo). A elite controla a massa. A massa vota na elite. Uma pequena parcela da massa se torna elite. E o ciclo vicioso perpetua.
Enfim, a política como uma teatralidade macabra. Adentramos num novo episódio da história em que a rebeldia cedeu lugar à encenação do engajamento via rede social, substituindo o ser protagonista-ator no palco pelas curtidas de plateia – a cidadania deixou de existir. Estão jogando no lixo a oportunidade de se fazer boas escolhas, que são as reais não as virtuais. Quando há protestos, são direcionados aos políticos tradicionais e alguma insistência de civilidade.
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